O agronegócio na próxima década - Documentos e relatórios

Prever com exatidão questões do gênero que o título sugere é quase impossível. Contudo, diferentes estudos técnicos de várias entidades públicas e privadas têm procurado dar uma melhor visão do futuro e desse modo permite-se fazer alguns comentários que de alguma maneira permitam analisar as possibilidades com relativo grau de coerência.

Nos três artigos que se sucederão pretende-se discutir um pouco do nosso futuro no agronegócio e dessa forma, quem sabe auxiliar a encontrarmos melhores alternativas para o desenvolvimento do estado e país. Neste primeiro, tem-se a preocupação de apresentar, com um breve comentário, os principais documentos e estudos disponíveis para consulta, permitindo que cada interessado possa beber diretamente nas fontes, se assim achar oportuno.

Nacionalmente, os principais relatórios que por ora estão disponíveis ao público são as análises de fevereiro (que discute o desenvolvimento econômico até 2016/2017) e de dezembro de 2006 (que faz uma análise até 2030), ambos produzidos pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) e disponíveis no site institucional do órgão. Soma-se a este, um interessante documento desenvolvido pela equipe do CEPEA e coordenado pelo professor Barros intitulado Agronegócio Brasileiro - perspectivas, desafios e uma agenda para seu desenvolvimento de julho de 2006, também acessível pela home-page do centro de pesquisas.

No contexto internacional algumas projeções merecem destaque:

(i)   A Diretoria Geral para Agricultura da Comissão Européia publicou em julho uma análise prognóstica para o mercado agrícola, focado principalmente nas atividades daquele continente, até 2013. Neste relatório são discutidas as diferentes posições a partir de cada produto levando-se em consideração respectivamente a composição da UE-12, UE-15 e UE-25 países. Posteriormente, intitulado "Scenar 2020", de dezembro de 2006, muito mais robusto e com maior aprofundamento, o mesmo órgão publicou um trabalho que analisa o cenário agrícola mundial, embora a partir de uma visão da realidade européia, levando em consideração demografia e movimentos populacionais, tecnologia e práticas agrícolas, regulamentação ambiental e aspectos econômicos dentre outros;

(ii) Em fevereiro de 2007, por sua vez, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) disponibilizou um documento onde são abordados dentre outras questões não tratadas explicitamente nos demais relatórios, o crescimento econômico, as políticas agrícolas, os combustíveis, biocombustíveis nos cenários americano e mundial, as políticas internacionais e a cotação do dólar.

(iii) Também em 2007, o Centro para o Desenvolvimento Agrícola e Rural da Universidade de Iowa (FAPRI) tornou pública uma análise que leva em consideração os fatores macro-econômicos que afetam a agricultura e posteriormente discute os principais produtos agrícolas mundiais, do trigo ao leite, passando por algodão, açúcar, biocombustíveis, oleaginosos, dentre outros.

(iiii) Além destes, ainda são trabalhos que merecem leitura, os publicados pela FAO, ONU e Banco Mundial, cada um com um foco característico e todos preocupados principalmente com quatro aspectos distintos e interligados:

a.    A demanda por alimentos motivada, sobretudo pelo aumento populacional e notadamente nos países com baixos índices sócio econômicos e de produção.

b.    A migração das populações rurais para os centros urbanos nos países da África e Ásia;

c.    A crescente mudança nos padrões alimentares dos países em desenvolvimento;

d.    A intensificação das regulamentações relativas à sanidade animal e vegetal puxada pelos países mais ricos e;

e.    A escassez de recursos naturais para a produção de alimentos e a respectiva ascensão dos biocombustíveis.

Por fim, como dito anteriormente, o futuro é incerto, mas algumas conclusões são possíveis. Até a semana que vem.