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Nossas heranças políticas! (1ª parte)


Amado de Olveira Filho
Sempre que se avizinha um processo eleitoral, imaginamos uma fórmula para entender como a população define seu voto. Se estivéssemos no Brasil do século 19 este entendimento seria bastante simples. Até mesmo não haveria dúvidas, já que quem definia todo este processo eram os coronéis, ou seja, naquela época os eleitores eram simplesmente distinguidos como “gente” ou “cria” de um coronel.
Muita coisa mudou até o século 21, porém, existe algo que nos remete ao passado. Esta afirmação vale para todos os partidos políticos, mesmo aqueles que se apoderaram do mote de ser o “novo”, remetendo todos os demais a uma situação de velhos, arcaicos, jurássicos, etc. Isto é verdadeiro em função de que os “novos” não conseguiram em nenhum momento despertar na população a necessária ferramenta que o exercício político precisa: a participação. Ou seja, o eleitor somente é chamado a participar quando os candidatos já foram definidos. Raríssimos são aqueles que levam a discussão para suas bases.  
Se voltarmos à Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder, concluímos que Vargas fez muito pela industrialização brasileira, mas foi um período em que, através do aparelhamento do Estado, permitiu que as prisões brasileiras tivessem o odor de pus. Isto mesmo, pus, o resultado da ação de bactérias vivas e mortas. Já em 1956, toma posse Juscelino Kubitschek, o JK, um Presidente populista que buscou com afinco o desenvolvimento do Brasil, mas, além de ser lembrado como pé de valsa ou Nonô, é também, lembrado por deixar uma gigantesca dívida para os sucessores e, em função de seu estilo de administrar, permitiu a proliferação da corrupção.
Os militares chegam ao poder pela Revolução de 1964 com apoio de parte da população que tinha medo do comunismo. Como todo governo implantado por golpes, o governo militar seguiu um período de repressão, investigação e censura. Naquele período político o Brasil viveu o chamado “Milagre Econômico” quando verificamos recordes de crescimento da economia. No bojo, verificamos o aumento da produção de bens de consumo, porém, com baixos salários e uma onda de investimentos externos no Brasil.
O Regime não se sustentou, a inflação disparou, a sociedade brasileira não conseguia autonomia para financiar seu desenvolvimento. Ou seja, estava certo o Ministro Delfim Neto que quando criticado pela não distribuição de renda, dizia: "Não se pode colocar a distribuição de renda na frente da produção. Se o fizermos, acabaremos distribuindo o que não existe”.
Tancredo Neves ganha as eleições e morre. José Sarney, seu então Vice-Presidente, toma posse. Elegeu como maior meta debelar da inflação, era necessário. Congelou preços, salários, criou moedas, cortou zeros. Valeu-se da Lei Delegada nº. 4 quando faltou carne no Brasil. Mas, faltaram outros itens de consumo e a população passou a pagar ágio. Enganou os eleitores em 1986 maquiando a economia para eleger os membros do Congresso Nacional. Sarney concluiu seu Governo mais desgastado que hoje como Presidente do Senado.
Fernando Collor se elege. Lógico, lançou seu plano para combater a inflação, com uma arma com uma única bala na agulha. Abriu a economia reduzindo tarifas, provocou grandes discussões em torno do sucateamento de nosso parque industrial, porém, o que se viu foi a modernização de nossa indústria. Fez um Governo de escândalos envolvendo membros de sua família (todos mortos). Instala-se uma CPI e cai o Presidente Fernando Collor. Seu Vice, Itamar Franco assume, lança o Plano Real e elege seu Ministro da Fazenda Fernando Henrique (FHC) Presidente da República.
Os dois mandatos de FHC, como ficou conhecido pela oposição, o primeiro mandato de Lula, bem como seu mandato em curso, merecem um artigo a parte. Tantas são e serão suas heranças deixadas, especialmente para a agropecuária.

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