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Morfogênese de Axonopus aureus em Diferentes Idades de Corte


Newton de Lucena Costa
A morfogênese de uma gramínea durante seu crescimento vegetativo é caracterizada por três fatores: a taxa de aparecimento, a taxa de alongamento e a longevidade das folhas. A taxa de aparecimento e a longevidade das folhas determinam o número de folhas vivas/perfilho, as quais são determinadas geneticamente e podem ser afetadas pelos fatores ambientais e as práticas de manejo adotadas.

Neste trabalho foram avaliadas as características estruturais e morfogênicas de
Axonopus aureus, em diferentes idades de corte. O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Roraima, localizado em Boa Vista (60o43’51” de longitude oeste e 2o45’25,8” de latitude norte), durante o período de maio a julho de 2008. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Awi, caracterizado por períodos seco e chuvoso bem definidos, com aproximadamente seis meses cada um. A precipitação anual é de 1.600 mm, sendo que 80% ocorrem nos seis meses do período chuvoso.

O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura média, com as seguintes características químicas, na profundidade de 0-20 cm: pH
H2O= 4,8; Ca= 0,25 cmolc.dm-3; Mg= 0,65 cmolc.dm-3; K= 0,01 cmolc.dm-3; Al= 0,61 cmolcdm-3; H+Al= 2,64 cmolc.dm-3; SB= 0,91 cmolc.dm-3; CTCt= 3,6 cmolc.dm-3; CTCe= 1,5 cmolc.dm-3
; V(%)= 25,6 e m(%)= 40. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos por seis idades de corte (28, 35, 42, 49, 56 e 63 dias). O tamanho das parcelas foi de 2,0 x 3,0 m.

Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS), número de perfilhos/planta (NPP), número de folhas/perfilho (NFP), taxa de aparecimento de folhas (TAF), taxa de expansão foliar (TEF), taxa de senescência foliar (TSF), tamanho máximo de folhas (TMáxF), tamanho médio de folhas (TMF) e área foliar/perfilho (AF). A TEF e a TAF foram calculadas dividindo-se o comprimento acumulado de folhas e o número total de folhas no perfilho, respectivamente, pelo período de rebrota. A TSF foi obtida dividindo-se o comprimento da folha que se apresentava de coloração amarelada ou necrosado pela idade da planta ao corte.

Os rendimentos de MS foram significativamente (P<0,05) incrementados com a idade das plantas, sendo os maiores valores obtidos com cortes aos 63 (911 kg/ha), 56 (897 kg/ha) e 49 dias (885 kg/ha). A relação entre idade das plantas e produção de MS foi quadrática e descrita pela equação Y = -1.300,54 + 68,1647 X – 0,59943 X2 (R2 = 0,93), sendo o máximo rendimento de MS estimado aos 56,8 dias de rebrota. O NPP, NFP e AF foram diretamente proporcionais às idades de corte, sendo os maiores valores observados aos 56 ou 63 dias de rebrota. Cortes aos 42 ou 49 dias implicaram em maiores TMF, enquanto que os maiores TmáxF foram constatados em plantas cortadas aos 56 (25,8 cm) ou 63 dias (28,1 cm). A TAF foi inversamente proporcional às idades de corte, sendo os maiores valores registrados aos 28 (0,161folhas/dia/perfilho) e 35 dias (0,154 folhas/dia/perfilho). As maiores TEF foram registradas com cortes aos 42 (2,24 cm) ou 35 dias (2,06 cm/dia). A TSF foi afetada (P<0,05) pelas idades de cortes, sendo os maiores valores verificados aos 63 (0,162 cm/dia) ou 56 dias (0,138 cm/dia).

Visando a conciliar a produtividade de forragem com a maximização das características morfogênicas e estruturais da gramínea, o período de utilização mais adequado de suas pastagens situa-se entre 49 e 56 dias de rebrota.


Newton de Lucena Costa (Embrapa Roraima)
Vicente Gianluppi (Embrapa Roraima)
Aníbal de Moraes (UFPR)

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