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Mato Grosso do extrativismo ao agronegócio


Amado de Olveira Filho
Mato Grosso com menos de três séculos de história, teve sua ocupação em função da descoberta de ouro em 1719 pela bandeira de Pascoal Moreira Cabral. Esse processo tinha duas grandes importâncias, a exploração econômica do ouro e a necessidade política de Portugal garantir a posse de terras além do Tratado de Tordesilhas. Assim surgiu a Capitania de Mato Grosso em 1748, cuja primeira capital foi Vila Bela da Santíssima Trindade.

A mão de obra escrava foi largamente utilizada durante o século XVIII em Mato Grosso, porém, a história registra fugas espetaculares e a formação de mais de uma dezena de quilombos, com maior concentração no vale do Guaporé, mas com presença em Chapada dos Guimarães e Cáceres. Durante toda sua história o Estado tem registros importantes de exploração econômica tanto em garimpos de ouro como de diamantes. Por outro lado, todos os municípios mato-grossenses cuja ocupação se deu pelo extrativismo mineral, hoje, registram forte depressão econômica.

Saltando para a década de 50 do século passado vamos encontrar no Brasil um processo de forte ocupação das costas brasileiras pela agropecuária. Um pouco antes, Getúlio Vargas implantava os assentamentos de Dourados e Nova Xavantina no Mato Grosso, ainda uno, estava inaugurada a marcha para o oeste. Já nos Governos militares o processo de ocupação agropecuária do Brasil se desloca de sul para norte e culmina na ocupação do cerrado, com forte participação do Governo Federal através do Programa chamado Polocentro.

Da década de 50 até a de 80, saímos da economia de subsistência e concluímos a implantação de uma agropecuária tecnificada. No entanto, todo o processo de desenvolvimento do agronegócio mato-grossense não conseguiu sensibilizar os governos dos últimos 30 anos a concluir a BR 163 no trecho Cuiabá a Santarém. Dentro do Estado de Mato Grosso esta BR carece de reparos e adequação à realidade econômica do Estado.

Somos um estado gigante na produção primária, no entanto, possuimos grande dificuldade em saltar para o próximo estágio de desenvolvimento, o da implantação das indústrias de transformação. Aliás, neste sentido estamos testemunhando o surgimento apenas de ilhas de prosperidade, um bom começo, mas que vem tropeçando num confuso momento histórico de perda de identidade do Estado. Não somos mais apenas um estado agrícola e também não somos um estado agroindustrial.

Das barreiras impostas ao agronegócio, cada vez mais contundentes, muitas delas são engendradas  pelo próprio Estado, algo inimaginável, porém com o mínimo de atenção se percebe isto. De Brasilia vem o restante. Uma carga constante de operações que assusta todo o meio rural mato-grossense, quando não é por conta do Ministério do Meio Ambiente é pela FUNAI com suas expansões intermináveis de áreas, desreipeitando títulos definitivos expedidos pelo Estado de Mato Grosso a mais de 45 anos.

Em todo o Estado são várias as iniciativas de expansão de áreas índigenas. Milhares de famílias proprietárias e produtoras rurais estão a espera de solucão política do Governo Federal e do Poder Judiciário sobre estas expansões. No caso de Brasnorte encontramos produtores rurais que foram atingidos pela barragem de Itaipú. Entendiam todos eles que aqui em Mato Grosso finalmente poderiam trabalhar e criar suas famílias. Enganaram-se! Afinal, apenas uma Portaria do Presidente da FUNAI ou do Ministro da Justiça, transfere direitos legítimos obtidos a décadas.

Todas estas situações indicam que está em andamento, uma grande operação, nem tanto silenciosa,  que culminará por desestabilizar a ordem social com sérios revezes na economia e política do Estado. Se isto ocorrer faremos o caminho de volta, deixaremos de ser um grande produtor de commodities para voltar a ser um Estado extrativista. Deixo uma pergunta: Quem pagará a conta?

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