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Manejo de Pastagem de Capim-Massai na Amazônia Ocidental



Newton de Lucena Costa

A cultivar Massai é um híbrido espontâneo entre Panicum maximum e P. infestum BRA-007102 e foi coletada na Tanzânia na rota entre Dar es Salaam e Bagamoyo, em 1969. É uma planta que forma touceira com altura média de 60 cm e folhas quebradiças, sem cerosidade e largura média de 9 mm. As lâminas apresentam densidade média de pêlos curtos e duros na face superior. A bainha apresenta densidade alta de pêlos curtos e duros. Os colmos são verdes. Por ser um híbrido entre as duas espécies citadas, as inflorescências são intermediárias entre uma panícula, típica de P. maximum, e um racemo, típico de P. infestum. As inflorescências apresentam ainda ramificações primárias curtas e nenhuma ramificação secundária. As espiguetas são pilosas, distribuídas uniformemente, com a metade da superfície externa arroxeada. O verticilo é piloso.

Características agronômicas:

o Massai possui excelente produção de forragem com grande velocidade de estabelecimento e de rebrota, com boa resistência ao fogo. Quando comparada às outras cultivares de P. maximum, o Massai apresenta melhor cobertura de solo; maior persistência em níveis baixos de P; maior produção de parte aérea e de raízes em soluções com alta concentração de alumínio; sistema radicular mais adaptado às condições adversas do solo, como compactação, baixa fertilidade, alta acidez e déficit hídrico. Outro aspecto importante é a sua resistência às cigarrinhas-das-pastagens. Foram verificados baixos níveis de sobrevivência e prolongados períodos ninfais, caracterizando-a como pouco adequada ao desenvolvimento do inseto. O percentual médio de sobrevivência foi de 10%, semelhante ao da cultivar Tanzânia e inferior ao constatado na cultivar Mombaça (39%).

Produtividade e composição química da forragem:

os rendimentos de MS estão em torno de 10 a 18 t/ha/ano. Em Presidente Médici, em parcelas sob cortes mecânicos, o Massai produziu 20% mais que P. maximum cv. Mombaça e 11% mais que P. maximum cv. Centenário. Durante o período seco produz cerca de 20 a 30% de seu rendimento anual de forragem. Em Rondônia, pastagens de Massai submetidas a cargas animal de 2,1 e 1,6 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco, apresentaram rendimentos de MS de 4,8 e 2,0 t/ha. Apresenta alta percentagem de folhas, cerca de 88% durante o ano. Em Porto Velho, foram obtidos teores de 9,2 e 7,9% de PB; 1,7 e 1,4 g/kg de P e, 3,8 e 2,6 g/kg de Ca, respectivamente para plantas de Massai aos 35 e 63 dias de rebrota.

Estabelecimento:

a semeadura deve ser realizada no início do período chuvoso (outubro/ novembro). O plantio pode ser em linhas espaçadas de 0,5 a 1,0 m entre si ou a lanço, com profundidade de 2 a 4 cm. As densidades de semeadura são determinadas em função da qualidade das sementes e do método de plantio, sendo recomendado 250, 350 e 450 pontos de VC, respectivamente para condições de plantio ótima, média e ruim. Quando em consorciação com leguminosas, o plantio pode ser feito a lanço ou em linhas espaçadas de 1,0 a 1,5 m. O Massai, a exemplo de outras cultivares do gênero Panicum, requer níveis médios a altos de fertilidade do solo na implantação, porém é a menos exigente em adubação de manutenção e persiste maior tempo em baixa fertilidade com boa produção de forragem sob pastejo. A calagem deve ser realizada para elevar a saturação de bases ao mínimo de 40 a 45%. Para o P recomenda-se a aplicação de 80 a 120 kg de P2O5/ha. A adubação potássica deve ser realizada quando os teores deste nutriente forem inferiores a 40 mg/kg, sugerindo-se a aplicação de 40 a 60 kg de K2O/ha.

Manejo e utilização:

o primeiro pastejo deve ser realizado 90 a 120 dias após o plantio. Pastagens bem formadas e manejadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a 2,5 UA/ha, durante o período chuvoso, e de 1,0 a 1,5 UA/ha no período seco. Os ganhos de peso/an/dia variam de 300 a 500 g no período chuvoso e de 160 a 200 g na época de estiagem. Em áreas calcareadas e adubadas, o Massai, sob pastejo rotativo, com 7 dias de ocupação e 35 dias de descanso, produz anualmente 25 t/ha de MS, sendo 70% desta produção obtida durante o período chuvoso. O pastejo deve ser iniciado quando as plantas atingem entre 0,5 a 0,6 m de altura, as quais devem ser rebaixadas até cerca de 20 a 30 cm acima do solo. Em Rondônia, utilizando-se cargas animal de 2,1 e 1,6 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco, os ganhos de peso foram de 0,521 e 0,308 kg/an/dia, os quais foram superiores aos observados com pastagens de P. maximum cvs. Mombaça e Centenário.

Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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