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Mais um paliativo (?)



Argemiro Luís Brum
Diante da ineficiência dos últimos pacotes econômicos, em busca de uma recuperação do PIB em 2012, o governo volta a editar um novo instrumento de apoio à economia, nesse mês de agosto. Dois gargalos seriam atingidos com as novas medidas. O primeiro trata de oferecer mais concessões ao setor privado para que o mesmo realize investimentos de infraestrutura, já que os diferentes Planos de Aceleração do Crescimento (PACs) têm se mostrado pouco efetivos na medida em que a estrutura estatal é lenta, burocrática e corrupta.


Nem mesmo com dinheiro à disposição os diferentes ministérios conseguem fazer andar a contento as obras projetadas. O segundo trata de criar condições para remover os gargalos que atrasam o desenvolvimento. Na essência, duas medidas importantes, porém, que precisam de muita organização para que provoquem resultados efetivos. Caso contrário se estará novamente diante de mais um paliativo oficial na busca por um crescimento econômico em 2012 que seja, pelo menos, superior a 2% (o Boletim Focus do Banco Central e economistas privados já admitem um crescimento entre 1,5% e 1,9% neste ano). Na verdade, desde que a crise mundial iniciou, em 2007/08, os governos brasileiros (Lula e Dilma) vêm errando no diagnóstico e nas medidas adotadas. No primeiro caso, subestimaram a importância da crise e superestimaram a capacidade de enfrentamento da mesma pelo Brasil. Esqueceram que desde 2003 nada foi feito para melhorar os fundamentos da economia. No segundo caso, as medidas sempre foram de curto prazo.

Mais um paliativo (?) (II)

Já é sabido de longo tempo que o Brasil, assim como outros países, precisa reformar sua estrutura econômica e estatal, buscando torná-la mais eficiente. Enquanto o mundo vivia uma relativa bonança econômica, entre 2003 e 2007, a nossa incapacidade produtiva ficou escondida, fato que escondeu, inclusive, a incompetência econômica do governo Lula.


Bastou eclodir a crise que passamos a viver um processo de “queda na realidade.” Infelizmente apenas após cinco anos de aprofundamento desta atual crise o governo federal, mesmo que timidamente, aceita que não possui as condições para alavancar sozinho a saída da mesma. Na prática, nos últimos 10 anos esquecemos de nos preparar para assumir um papel adequado no contexto da nova governança mundial, onde o Estado assume um papel de organizador (para alguns, regulador) do processo produtivo, favorecendo a iniciativa privada a se desenvolver. Mais uma vez, a cega ideologia partidária se sobressaiu sobre o interesse coletivo da sociedade. E a conta está aí!

Talvez, finalmente, se iniciem algumas práticas para nos tirar desta situação, viabilizando as tão necessárias reformas estruturais. Porém, estamos muito atrasados e os custos sociais já são irreversíveis. Pelo sim ou pelo não, no imediato o novo pacote demonstra o reconhecimento do governo de que o país está paralisado pelo grande número de impostos, sem retorno eficiente à sociedade, e que sem reformas gerais profundas não teremos saída. O problema é: como atacar tais problemas num contexto político cada vez mais corrupto?

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