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Maior produtividade menor desmatamento


Amado de Olveira Filho

É de extrema importância, especialmente nestes momentos de turbulência nas relações entre o Ministério do Meio Ambiente e o Governo do Estado de Mato Grosso e, entre eles o setor produtivo, estabelecermos uma discussão em torno do ganho de produtividade e o conseqüente desmatamento evitado na agropecuária brasileira.

Na safra agrícola brasileira de 1976/77 quando o País plantou 31 milhões de hectares e colheu 46 milhões de toneladas das principais culturas, quais sejam: Soja, Milho, Arroz, Feijão e Algodão, passamos a surpreender o mundo com o crescimento constante em termos de produtividade. Naquela safra a produtividade média ficou em torno de 1,5t/ha.

Já a safra agrícola 1986/87 saltou para 62 milhões de toneladas com a expansão de apenas três milhões de hectares. Na safra de 1996/97 com apenas 30 milhões de hectares plantados colhemos 71 milhões de toneladas e, para a satisfação das autoridades federais deste País, na safra 2006/07 com 41 milhões de hectares colhemos 132 milhões de toneladas de produtos das culturas anteriormente citadas, portanto, alcançamos uma produtividade média superior a de 3,2 t/ha.

 Não há como contestar que este fenômeno de aumento de produtividade é uma imensa contribuição para a economia brasileira, mas, outra análise precisa ser feita, os incrédulos da nossa produção sustentável precisam se ater sobre estes dados e aceitarem que com este ganho de produtividade deixamos de desmatar no Brasil mais de 48 milhões de hectares da safra agrícola 1976/77 à safra de 2006/07.

 Ao ganho ambiental do desmatamento evitado devemos acrescentar os benefícios da manutenção da biodiversidade e mais ainda, de toda a quantidade de insumos agroquímicos que deixou de ser lançada ao solo. Isto não é pouco! Portanto, não erram aqueles que afirmam em alto e bom tom: Os produtores rurais são os maiores e melhores ambientalistas!

 Outra verdade absoluta é que a incessante busca do aumento de produtividade levou o setor agropecuário brasileiro e, especialmente o mato-grossense, a um nível absurdo de endividamento, muitos ficaram no meio do caminho, saíram da atividade, e outra verdade mais que absoluta, hoje os produtores rurais são endemonizados por duas razões procidentes, ou seja, hora os jogam para frente, hora os jogam para baixo.

 Para frente, quando o aumento de produtividade é orgulho para os Governos, então lembram dos produtores como competentes e profissionais, para baixo quando os endemonizam como devastadores do meio ambiente, algo bastante ilógico, já que não se faz a produção agropecuária sem converter coberturas vegetais em plantações, sejam de alimentos diretamente ou nas modernas roças de capim, que produzem o nosso boi verde.

 Semana passada ao não cumprimentar um autoridade ambiental federal, percebi como o poder, às vezes corrompe a realidade, pessoas que atuavam em Mato Grosso, até há pouco tempo de forma pró-ativa, buscando parcerias com produtores rurais para ações ambientais, hoje desfilam em nossa capital azafamados e encabruados, zelosos pelos seus DAS que os distinguem e os fazem pensar que são seres célicos.

 Acredito que tudo isto irá passar... um dia. Já nos impuseram outras dificuldades e as sobrepujamos com muita luta é certo, porém, aumentando com investimentos privados nossa produtividade, enquanto isto, o Governo apenas comemorava nossos recordes de safras, como sempre, deitado em berço esplêndido.

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