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Fala, Nortão de Mato Grosso!


Amado de Olveira Filho

            Com o título de Nortão – dificuldades – desafios – soluções, será realizado em Sinop na próxima sexta feira um seminário que pela sua programação, entendo não deva ser apenas mais um evento transformado naqueles intermináveis discursos de políticos, mas  sim de discussão de propostas e sobretudo que gere desdobramentos e que seus organizadores não se limitarão ao sucesso da realização do evento, mas a dedicação efetiva do acompanhamento de seus resultados.

            Este evento tem toda a razão de acontecer, de fato a população do norte de Mato Grosso precisa expor de forma madura seus problemas, muitos deles gerados pelo modelo de ocupação do Centro-Oeste brasileiro, onde era imperativo que se ocupasse toda àquela porção territorial de Mato Grosso. Foi com recursos do PIN – Programa de Integração Nacional, que se implantou o que tem hoje da BR 163, permitindo o surgimento de todas as cidades nessa grande região. Agora pode o Governo ignorar suas dificuldades e desafios? Não, isto seria covardia!

            Por outro lado, é inegável que tudo isto era previsto, a região iniciou um forte processo de transição em sua economia que se sustentava no setor madeireiro para a de implantação de outros projetos de exploração econômica com grande ênfase para a agropecuária. Isto tudo com um agravante que precisa ser considerado, que foi o estrangulamento do setor madeireiro com a operação cururupira que teve seus aspectos positivos, porém gerou milhares de desempregos, quebrou a indústria e o comércio e a crise se alastrou em toda região.

            É certo que a mudança da economia da região está se dando num momento em que grandes restrições ao novo modelo são verificadas. A continuada crise do agronegócio e outras como a reserva legal, onde 80% da área de cada propriedade não pode ser agregada ao processo produtivo. Somente esta restrição exigirá um extraordinário esforço político para sua solução. Segue a questão da conclusão da BR 163 e implantação de algumas hidrovias para fazer frente ao aumento da demanda de grandes volumes de fretes que o agronegócio já está gerando.

            Outra questão que atenta contra a economia do norte de Mato Grosso é a restrição para exportação de carne bovina in-natura  para países da União Européia. Este impedimento acarreta menores preços para um rebanho de mais de 13 milhões de cabeças. Assim, o sentimento dos produtores é de que adianta nosso Estado estar 11 (onze) anos sem qualquer foco de febre aftosa, se isto representa tão somente custos adicionais? Mas mesmo assim, a  região comparece positivamente com elevados índices nas campanhas de vacinação.

            Vamos torcer pelo sucesso do evento, porém, devemos refletir sobre os mecanismos de implementação de políticas públicas no Brasil e em Mato Grosso. Exemplo desta necessidade é quando acessamos sites públicos e encontramos os resultados das inúmeras reuniões do Plano Plurianual (PPA) 2004/2007, inclusive com reuniões realizadas em Sinop. Não é que lá estão inseridas as propostas para a região, discutidas com a população? Não é que as propostas também foram aprovadas pela Assembléia Legislativa? Interessante!

 

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