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Expectativas para o álcool em 2005 e 2006


ANDRE MARQUES VALIO

            No dia 22 de fevereiro eu estive na BM&F, de onde se transmite o Programa Mercado & Companhia, que vai ao ar pelo Canal Rural diariamente e tem como âncora o Jornalista João Batista Olivi, para falar sobre as perspectivas do mercado de açúcar e álcool.

 

            Em tal oportunidade, busquei informar ao telespectador a dificuldade de se fechar grandes acordos para fornecimento de álcool combustível para países como o Japão devido à nossa incapacidade de garantir oferta por períodos que envolvem inclusive a nossa entressafra.

 

            Neste ano, os estoques de passagem não chegarão a 200 mil metros cúbicos, quando o nosso consumo interno mensal é de 1,1 milhões e somente não haverá riscos de desabastecimento porque as usinas e destilarias começarão a moagem com 40 dias de antecedência, dando partida a partir da última semana de março na região Centro-Sul.

 

            Na minha visão e também na visão de todos os associados da Valio IC Consultoria, os estoques de passagem deveriam garantir pelo menos 60 dias de consumo interno, para que inclusive exista estabilidade nos preços entre os períodos de safra e entressafra. Isto significa afirmar que esses estoques deveriam corresponder nos dias de hoje a 2,2 milhões de metros cúbicos.

           

            Temos ainda um mercado em franca expansão, ainda que um tanto quanto volátil, que é a demanda crescente de álcool combustível em diversas partes do mundo. Esse mercado tende a ser potencializado a partir deste ano devido à entrada em vigor do Protocolo de Kyoto.

 

            As expectativas de exportação para o ano civil de 2005 variam entre 2,3 e 3,0 milhões de metros cúbicos, tendo como principais compradores os EUA, Índia, Coréia do Sul, Japão e União Européia.

 

            Mesmo sendo o Japão um dos principais compradores do álcool brasileiro, suas aquisições aqui no Brasil não atingiram nem 200 mil metros cúbicos em 2004 (e também não se espera grandes volumes neste ano) enquanto sua demanda estimada para 2005 tem girado em torno de 1,9 milhões. Isto significa que seremos responsáveis por somente 10% do consumo daquele país se não conseguirmos garantir a oferta. Quem ganhará com isso serão os tailandeses, australianos e indonésios, que têm investido nos últimos anos na construção de destilarias anexas às suas usinas de açúcar. Aliás, a Tailândia já tem 24 destilarias de álcool entre as em produção e as ainda em construção.

 

            Para garantirmos nosso espaço no mercado japonês precisaremos garantir o quanto antes esse suprimento e para isso necessitamos de investimentos em logística de transporte e armazenagem, através da construção e ampliação de terminais de líquidos nos principais portos do país (o que inclusive já está acontecendo), construção de “alcodutos” (onde a participação da Petrobrás/Transpetro se faz essencial) e em estoques nas usinas ou armazéns especialmente construídos com foco na exportação.

 

 

            O potencial de produção de álcool na safra 05/06 é de 19 milhões de metros cúbicos e a demanda interna calculada para o mesmo período deverá ficar entre 15,0 e 15,8 milhões em função do desempenho nas vendas de carros bicombustíveis e também na paridade de preços entre álcool e gasolina. Isto significa que poderemos ter entre 3,2 e 4,0 milhões de metros cúbicos disponíveis para exportação e para a recuperação nos estoques internos aos níveis de segurança. Mas mesmo assim, se o consumo ficar próximo do limite máximo da demanda interna calculada, o volume disponível para as exportações do produto não poderá ultrapassar os 1,2 milhões de metros cúbicos e, nesse momento, sabemos que esse número será facilmente superado.

 

            Como conclusão a essa singela análise, podemos afirmar que do ponto de vista dos fundamentos da economia através da avaliação da oferta e demanda os preços do álcool terão sustentabilidade pelo menos até outubro na faixa entre R$ 800 e R$ 1.000 por metro cúbico para o álcool anidro e entre R$ 740 e R$ 930 para o hidratado. Portanto, mesmo com a expectativa de uma safra recorde, estimadas pela Valio em 365 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul, pode-se garantir ao consumidor que não haverá falta e nem excesso de álcool, já que o mercado estará em equilíbrio e os preços tenderão a permanecer estáveis.

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