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Estabelecimento, Formação e Manejo de Pastagens de Arachis


Newton de Lucena Costa
O amendoim forrageiro ou arachis (Arachis pintoi) é originário da América do Sul, tendo sido coletado em abril de 1954, por Geraldo C. Pinto, no Vale do Jequitinhonha, Bahia, Brasil. É uma espécie perene, de germinação epígea, com hábito de crescimento prostrado e estolonífero, podendo alcançar uma altura entre 20 e 40 cm. Sua raiz pivotante pode atingir até 35 cm de profundidade. Suas folhas são alternadas, compostas de quatro folíolos ovóides.


Características agronômicas: desenvolve bem em regiões tropicais localizadas a uma altura entre 0 e 1.800 m, com precipitações entre 1.500 e 3.000 mm anuais. Apresenta boa adaptação em solos de média fertilidade, contudo, seu melhor desempenho ocorre em solos francos e com teores de matéria orgânica superiores a 3%. Sua tolerância à seca é mediana, apresentando alto percentual de desfolhamento, porém, no início do período chuvoso se recupera rapidamente. Apresenta alta tolerância ao sombreamento, sendo recomendado como cobertura verde para cultivos florestais e frutíferos perenes. Sua capacidade de cobertura de solo é muito grande, contribuindo para a proteção do solo, devido ao seu hábito de crescimento prostrado e seus estolões enraizados. Em Rondônia, após 6 meses de plantio, o percentual de cobertura do solo foi superior a 90%.

Estabelecimento: apesar do desenvolvimento inicial lento, uma vez estabelecido, apresenta excelente vigor e alta produtividade, tornando-se muito competitivo. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso (outubro/novembro), utilizando-se sementes ou mudas. O plantio pode ser feito em covas com profundidade de 10 cm e largura de 20 cm, que devem ser abertas com um espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,5 m entre covas. Neste sistema, serão usados entre 7 e 8 kg de sementes/ha, com 85% de pureza e 90% de germinação.

No plantio através de mudas, os estolões, que podem medir até 1,5 m de comprimento, são cortados em pedaços com 3 a 5 entrenós, o que corresponde a pedaços entre 20 e 30 cm de comprimento. O plantio pode ser em covas, espaçadas de 0,5 m, ou em sulcos espaçados de 1,0 m. As mudas devem ser cobertas com solo e levemente compactadas para a retirada do ar, melhorando o contacto com o solo para o enraizamento. Em geral, um hectare de arachis pode fornecer mudas para o plantio de 50 ha. O arachis é uma leguminosa de abundante crescimento e pode formar consorciações estáveis com P. maximum cvs. Massai, Vencedor, Tanzânia-1, B. humidicola, B. brizantha cv. Marandu, B. dictyoneura, P. atratum cv. Pojuca e Cynodon spp.

A quantidade de corretivos e adubos deve basear-se na análise de solos. Recomenda-se a aplicação de calcário necessária para elevar a saturação por bases ao mínimo de 50%. Apesar de sua moderada tolerância aos solos ácidos, responde satisfatoriamente à calagem (1,5 a 3,0 t/ha de calcário dolomítico) e de adubação fosfatada (50 a 80 kg de P2O5/ha). A adubação potássica deve ser realizada quando os teores deste nutriente forem inferiores a 40 mg/kg, sugerindo-se a aplicação de 40 a 60 kg de K2O/ha. O nível crítico interno de K foi estimado em 19,1 g/kg. Em geral, o arachis apresenta menor requerimento externo de P, quando comparado com Cajanus cajan e Leucaena leucocephala, o que lhe assegura maior eficiência na absorção de P e, conseqüentemente, na produção de forragem. Para as condições edáficas de Rondônia, o nível crítico interno de P do arachis foi estimado em 2,0 g/kg, o qual foi obtido com a aplicação de 85 kg/ha de P2O5/ha.


Produtividade de forragem e composição química: sua produtividade depende do tipo de solo, cultivar, manejo e condições climáticas. Em Rondônia, os rendimentos de forragem estão em torno de 6 a 10 e, 3 a 6 t/ha de MS, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. O arachis constitui-se numa excelente fonte de proteína para os rebanhos, principalmente, durante o período de estiagem, já que seus teores de PB variam entre 18 e 24%, enquanto que uma gramínea, na sua fase ótima de utilização, apresenta de 8 a 10%. Com oito semanas de crescimento, apresenta, em média, 1,8 g/kg de P; 9,5 g/kg de Ca e 68% de DIVMS. Os ganhos de peso podem variar de 400 a 600 g/an/dia e de 600 a 800 kg/ha/ano. Tolera moderadamente a desfolhação e recupera-se bem, quando submetido a pastejo controlado, não devendo ser rebaixado a menos de 10 cm acima do solo.

Manejo e utilização: o arachis pode ser utilizado sob a forma de feno, pastejo direto, puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de bancos-de-proteína (piquete exclusivo apenas com a leguminosa) ou através de cortes para fornecimento em cochos. Quando utilizado em bancos-de-proteína, o período de pastejo deve ser de uma a duas horas/dia, preferencialmente, após a ordenha matinal. Gradualmente, à medida que os animais vão se adaptando ao alto teor de proteína da leguminosa, o período de pastejo pode ser de duas a três horas/dia, notadamente durante a época seca, quando a alimentação dos animais torna-se mais crítica.

O dimensionamento da área do banco-de-proteína depende da categoria e do número de animais a serem suplementados, das exigências dos animais e da disponibilidade de forragem. Em geral, um hectare de arachis pode alimentar, satisfatoriamente, 15 a 20 vacas paridas durante o período chuvoso e, de 10 a 15 vacas durante a época seca. Na Embrapa Rondônia, a utilização de bancos-de-proteína com arachis, em complemento às pastagens de B. brizantha cv. Marandu, resultou em produções de 8,5 e 7,0 kg leite/vaca/dia, respectivamente para os períodos chuvoso e seco, as quais superaram àquelas obtidas por vacas pastejando apenas a gramínea (7,03 e 6,50 kg leite/vaca/dia).

Newton de Lucena Costa - Embrapa Roraima
João Avelar Magalhães - Embrapa Meio Norte
Claudio Ramalho Townsend - Embrapa Clima Temperado

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