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Energia elétrica que temos



Argemiro Luís Brum

Um país não chega ao desenvolvimento sem fortes investimentos na geração de energia elétrica. Item que o Brasil não tem suficiente, embora consiga produzi-lo de forma barata, pois de natureza hidroelétrica. Na prática, vivemos uma contradição: não temos investimentos suficientes na geração de energia elétrica, apesar de termos abundância em rios. Aliás, em meados dos anos de 1990 fomos levados a privatizar o setor por absoluta falta de recursos para dinamizar e modernizar a geração de tão importante insumo. Agora, final de 2012, constatamos que, apesar de termos um processo gerador de energia dos mais baratos do mundo, por não termos feito os investimentos devidos, nos falta o insumo. Além disso, contraditoriamente o mesmo é um dos mais caros do mundo, onerando sensivelmente os custos de produção de nossas empresas. Também pudera: 50% de cada R$ 100,00 pagos na conta de luz são compostos de tributos e encargos (R$ 32,00 em tributos e R$ 18,00 em encargos e taxas). A tal ponto que o peso dos tributos e encargos na energia elétrica nacional, ou seja, o peso do Estado na mesma, é o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas da Dinamarca que contabiliza 55,7%. O restante está dividido, aqui no Brasil, em 24% como sendo custo da geração; 21% custo da distribuição; e 5% custo da transmissão. Em termos de megawatt/hora, o custo da energia elétrica para a indústria brasileira atinge a R$ 329,00, ficando em quarto lugar no mundo (no Rio Grande do Sul o custo é de R$ 331,00). Para os domicílios o custo brasileiro é de US$ 0,23/quilowatt/hora, o que nos coloca em sexto lugar no mundo entre os mais caros. Ou seja, apesar de termos particularmente a geração de energia elétrica pela força da água, que é abundante no país, nosso custo da mesma é enorme. A falta de visão de longo prazo que nos possibilitasse gerar mais energia para alavancar um desenvolvimento maior, associada à radicalização ambientalista em muitos momentos, além dos entraves burocráticos, estão na origem deste nosso atraso. E agora, para completar o quadro, as concessionárias que fizeram algum investimento nesses últimos tempos não estão aceitando a proposta do governo de redução de 16,2% na conta de luz das residências e de até 28% nas indústrias, pois a contrapartida do governo não lhes satisfaz economicamente (renovar seus contratos por 30 anos, sem licitação). Além disso, o valor das indenizações (investimentos feitos que ainda não deram retorno equivalente ao gasto realizado) é muito baixo. Com isso, a redução da conta de luz para 2013 está comprometida, apesar das promessas oficiais realizadas.

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