CI

E agora, irrigantes?


Amado de Olveira Filho

            A produção agrícola através do sistema de irrigação se desenvolveu muito em Mato Grosso. O sistema é simples e consiste basicamente de uma tubulação que recebe a água de um dispositivo central sobre pressão onde são instalados os aspersores. A tubulação se apóia em torres metálicas triangulares, montadas sobre rodas, geralmente com pneus. As torres movem-se continuamente acionadas por dispositivos elétricos ou hidráulicos. Ai surge  o grande problema, o elevado consumo de energia. Porém os custos por área tornam-se menores à medida em que o equipamento aumenta de tamanho. Neste sistema além da aplicação de água, é a aproveitada a estrutura hidráulica para a aplicação de fertilizantes, inseticidas e fungicidas.

            O Estado de Mato Grosso já conta com 285 pivôs instalados. A região considerada como grande Primavera formada pelos Municípios de Primavera do Leste, Dom Aquino, Poxoréu, General Carneiro, Novo São Joaquim e Santo Antônio do Leste possui 136 pivôs instalados. Assim, esta região pode ser considerada um grande polo de irrigação. No entanto, apenas 30% estão em funcionamento, traduzindo em grandes prejuízos aos produtores, ao municipio e ao Estado.

            Os pivôs instalados na região da grande Primavera tem uma capacidade de produção instalada de 15 mil hectares. Por hipótese, se forem plantados com feijão carioca, com uma produtividade média de apenas 40 sacas por hectare, teríamos 600 mil sacas que, excepecionalmente, este ano poderá atingir até R$ 90,00 a saca, em função de redução de plantio em outros estados. Desta forma podemos projetar uma receita bruta de R$ 54 milhões.

            Destarte, hoje a receita bruta se tudo correr bem, será tão somente de  R$ 16 milhões. Porque verificamos um problema desta ordem? Trata-se inicialmente da proibição necessária da produção de soja no período da seca, pela implantação de uma prática denominada "vazio sanitário" buscando eliminar  o terrível mal da ferrugem asiática e pelos elevados custos de produção em função da também elevada carga tributária imbutida  na energia elétrica consumida.

            Outro aspecto a ser analisado se refere aos custos para implantação de um pivô. São elevados investimentos que hoje giram em torno de R$  540 mil para irrigar 120 hectares. Não é pouco dinheiro, portanto, estes produtores não podem simplesmente abandonarem a utilização deste importante equipamento, afinal, são irrigantes profissionais, vieram com altos investimentos    para ficar, para produzir, gerar impostos e empregos. Isto não pode acabar!

            Independentemente do vazio sanitário, a utilização de pivôs pode se viabilizar com a produção do feijão carioca e outras culturas alternativas, porém, é necessário que se proceda uma profunda revisão dos custos de produção, inclusive, da elevada carga tributária incidente sobre a energia elétrica e ainda, com ações efetivas para viabilizar o custeio de cada safra por um período de no máximo 100 dias.

            Devemos acreditar nos irrigantes de todo o Estado de Mato Grosso, devemos  acreditar no bom senso das autoridades e especialmente devemos unir todos os esforços para fortalecer um grupo de produtores que acreditaram na atividade que já foi extremamente lucrativa e que poderá voltar a contribuir com riquezas para a economia mato-grossense num momento em que estamos testemunhando uma forte  retração econômica.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.