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E a próxima safra de soja?


Amado de Olveira Filho

Muito tem se especulado sobre a área de soja a ser plantada no Estado de Mato Grosso na próxima safra. Num cenário otimista, estima-se uma queda na área plantada na ordem 1,0 milhão de hectares, mas existem outros que sinalizam até com mais de 1,5 milhões de hectares. Se confirmada a previsão mais pessimista, reduziremos a produção de aproximadamente 4,0 milhões de toneladas de grãos de soja, ou seja, estaremos retornando aos níveis de produção da safra 2001/2002.

A Fundação Mato Grosso, vem orientando os produtores a refletirem muito antes da tomada de decisão de quanto plantar. Assisti a dois eventos e concluí que a primeira alternativa é não plantar soja na próxima safra, assim, não existirão possibilidades de qualquer prejuízo, uma segunda alternativa e, a que deverá ser adotada pela maioria absoluta dos produtores é a de reduzir aquelas áreas que poderão oferecer menores produtividades.

Porém, duas informações de caráter agronômico me chamaram a atenção, a primeira é a de que a área de cada propriedade a ser plantada deve ser aquela que o produtor conseguir plantar até 05 de novembro, pois assim, serão reduzidas as aplicações de fungicidas. A outra é a de que quanto maior o número de aplicação de fungicidas menor será a produtividade de soja. Portanto este será o grande desafio para os produtores, plantar até 05 de novembro, porém, não observar este detalhe é a garantia de resultados desastrosos.

 Existe a possibilidade de áreas não plantadas de soja migrar para o algodão, milho, arroz, cana-de-açúcar, porém, a maior parte dessas áreas, sem sombras de dúvidas, deverá ficar em pousio, até porque a causa da redução de área são os péssimos resultados financeiros obtidos na última safra, que levou a falta de crédito com as tradings e multinacionais, o que se transformou numa das maiores razões para os produtores reduzirem a área de plantio.

Os danos para a economia do Estado serão catastróficos, segundo dados divulgados pela Agroconsult e confirmados por pesquisa realizada pela Aprosoja através da UFScar, serão mais de 110 mil empregos que serão dizimados. Só de salários deixarão de circular na economia de Mato Grosso mais de R$ 1,5 bilhão, que, por conseguinte afetará fortemente a arrecadação de ICMS do Estado, afetando, portanto, a capacidade do Estado em investir, frustrando a geração indireta de outros milhares de novos empregos.

Os danos na perenização de baixa produção de soja em Mato Grosso que já respondeu por 8% da produção mundial não param por aí. Como sabemos a proteína de soja é utilizada em embutidos cárneos, salsichas, mortadelas, já a sua fibra é utilizada em bebidas funcionais, barras de cereais, produtos farmacêuticos, pães e biscoitos, o extrato de soja é utilizado em pães, biscoitos, sorvetes, cremes, sobremesas, tofu e como substituto do leite animal, formulação de produtos sem lactose, matéria-prima para o mercado naturalista, como proteína vegetal texturizada é utilizada em massas finas, almôndegas, hambúrguer, lingüiças, etc.

Como vemos a lista de uso de subprodutos da soja não se restringe a formulação de rações para produção de carnes e óleo de cozinha. Portanto, as centenas de produtos que utilizam soja em sua composição, em médio prazo, terão seus preços aumentados.

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