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Desqualificado?


Amado de Olveira Filho
Desqualificado! Este é o adjetivo que a Presidente da CNA, Senadora Kátia Abreu atribuiu em nota ao, ainda, Ministro do Meio Ambiente, pelo grotesco e inconseqüente discurso por ocasião de um movimento de produtores rurais da Agricultura Familiar, em Brasília.
De uma só tacada o “Ministro” atacou a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e toda a Bancada Ruralista. O que se observou no discurso da “Autoridade” foi a clara intenção de distanciar, mais ainda, os pequenos produtores dos grandes produtores, como se isto fosse necessário.
Não acredito que discursos como o do Ministro Minc renda resultados positivos, quer seja para a produção sustentável ou para o fortalecimento da agricultura familiar. Isto se comprova em função de que, tanto pelo lado dos Ecologistas como dos Produtores Rurais, temos observado uma crescente evolução no sentido de identificarmos, nas diferenças, as convergências necessárias para convencermos o mundo da nossa sustentabilidade.
Já, quanto ao impacto positivo para a Agricultura Familiar, desde o conceito de agronegócio o Ministro desconhece. Ao separar o público da agricultura familiar do agronegócio ele remeteu então este importante setor de pequenos produtores para produzir o que? Ora, agronegócio é toda a atividade agropecuária que ao inserir insumos (sementes, adubos etc.) no solo produz algo que possa ser comercializado, transportado, processado ou não e, finalmente consumido. Não é isto que a Agricultura Familiar faz?
Mesmo assim, governos dividiram o meio rural brasileiro. Isto não é conveniente a nenhum produtor rural, quer seja mini, pequeno médio ou grande, ao contrário, beneficia parcela de segmentos políticos que se utilizam de um exército de eleitores em nosso meio rural. No entanto, não tenho nenhuma dúvida de que os produtores rurais da agricultura familiar necessitam de políticas públicas diferenciadas como o PRONAF.
Mas, voltando ao disparatado Ministro, é necessário avaliar mais que a responsabilidade do próprio Ministro. Já na sua posse, o próprio Presidente o classificou de “uma metamorfose ambulante”, inclusive, de que antes da posse já havia falado mais do que a ex-ministra em cinco anos. Daí sucederam as passeatas, aliás, como gosta de passeatas este Ministro! No entanto, é somente do Ministro a responsabilidade por sua conduta? Cabe ao Presidente da República, como chefe do Governo coibir exageros de seus auxiliares. Ou não?
Destarte, dentro do próprio governo surgem informações de que o destempero do “Ministro” nada mais é que uma radicalização pensada. Segundo bastidores governamentais, tudo isto faz parte de um plano para, ao deixar a pasta do Meio Ambiente para disputar a próxima eleição, ele se apresente como uma vitima de um articulado movimento para queimá-lo e derrubá-lo. Tudo isto para se livrar das críticas dos chamados ambientalistas que estariam insatisfeitos com o seu desempenho.
Desta forma, o destempero do “Ministro” se torna ainda mais grave. De grotesco chega à irresponsabilidade ao colocar os produtores rurais de pequeno porte contra grandes produtores. Sabe aquela “autoridade” o que é ruptura do tecido social? Sabe o auxiliar de Lula para o Meio Ambiente que aqueles que ele tenta colocar contra os grandes produtores são os mesmos que convivem em harmonia no meio rural brasileiro? Não seria prudente que as autoridades pregassem a união no campo ao invés de, em função de projetos políticos pessoais, dividir ainda mais a sociedade brasileira?
Assim caminha a República! Não acredito que este disparate ministerial passe incólume diante da Mesa Diretora da Câmara e do Senado. Afinal, se isto acontecer significa que o Congresso Nacional está a reboque do Poder Executivo que, ao invés de exercer a harmonia entre os poderes, prefere humilhar e desqualificar todo o Parlamento Brasileiro.
Com a palavra o chefe da Câmara dos Deputados, o chefe do Senado da República, para contraporem o chefe de um Governo que mantém em seus quadros um confuso auxiliar que não respeita quem trabalha e produz.

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