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Desmatamento Zero


Amado de Olveira Filho

Virou moda, está todo mundo falando de “desmatamento zero”, como tudo aquilo que vira moda, está aparecendo todo tipo de “pais” da idéia. Documentos são assinados com discursos inflamados, dando conta da necessidade de reduzir o desmatamento no Brasil a zero. De fato, nos dias atuais, a decisão de desmatar deve ser precedida de grande avaliação. Por outro lado, normatizar esta questão na Amazônia brasileira é renunciar às possibilidades de algumas formas de remuneração, a exemplo do crédito por seqüestro de carbono.

            Esta questão está passando despercebida tanto pelas autoridades como pelos produtores rurais, uma moratória qualquer ou, acabar com o desmatamento de forma compulsória será o mesmo que dizer ao mundo, “não queremos remuneração pelos nossos serviços ambientais”. Isto não é pouco, todos os cálculos que conheço, estão na casa de bilhões de dólares.

            Desta forma, ouso alertar as autoridades para não entregar nosso ativo ambiental no afã de mitigar imagens distorcidas a respeito do agronegócio na Europa. Antes de qualquer tomada de decisão é fundamental algumas ações em nível de Governo Estadual e Federal como a promoção de campanhas internacionais demonstrando nosso potencial turístico e, por conseguinte nosso meio ambiente preservado. Demonstrando nossa produção e nossas matas em pé. Isto não é difícil.

            Em se tratando de legislação ambiental temos que ter a máxima cautela. Nossa experiência com a MP 2166/67 é prova disso, lá se vai uma década de encrenca trazida por uma “Medida Provisória”.  Devemos ter muito cuidado com nossa Governança, afinal, se todas as ações ambientais foram financiadas com recursos internacionais é fácil compreender àqueles que temem a supremacia internacional na Amazônia. Isto também não pode se ignorado.

            Também não pode ser ignorada a população que vive na Amazônia, aproximadamente 24 milhões de brasileiros, esta gente toda precisa de proteína animal e vegetal para sua sobrevivência e nesse sentido, desde o Centro Oeste, inclusive nosso Estado de Mato Grosso é importador de alimentos. Semanalmente são centenas de caminhões que chegam ao nosso Estado, vindos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, carregados com alimentos.

            Outro aspecto é que a Amazônia é a maior fatia do território nacional, portanto, podemos fazer a ilação de que desmatamento zero pode significar também desenvolvimento sócio econômico zero. Outras conseqüências de grandes vultos virão quando proibirem a utilização dos recursos hídricos para a geração de energia para todo o Brasil e, comprometermos de vez o desenvolvimento de outros setores que precisam da energia como insumo básico para a transformação de matéria prima.

            Sei que estas preocupações podem ser consideradas como uma afronta aos “negociadores internacionais”, que de acordo em acordo pretendem levar a cabo esta empreitada, porém, sei também que os proprietários rurais da Amazônia Legal, hoje conscientes da necessidade de produzir de forma sustentável, entendem muito bem o que estamos denunciando.

            Por um Brasil sustentável, pela sustentabilidade da agropecuária e das demais atividades econômicas, vamos buscar com bom senso um limite para o desflorestamento, porém, com a convicção de que a preocupação da maioria dos países que nos cobram esta decisão está de fato, preocupada na manutenção de seus mercados, afinal, onde estão suas florestas?

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