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Desenvolvimento Rural Sustentável


Mario Hamilton Villela

O desenvolvimento rural sustentável como saída para os pequenos produtores é um tema fascinante. Preliminarmente, torna-se necessário identificar quem são os pequenos produtores rurais no País, conhecer as suas mazelas. Para tal, tem que se levar em conta todas as peculiaridades regionais da agricultura brasileira, o que dificulta a uniformidade de uma definição precisa de quem é o pequeno produtor no contexto da realidade rural brasileira.

A importância que esse grupo social representa na conjuntura agrícola do País é inquestionável, especialmente, no que diz respeito à produção de alimentos básicos para a nossa população. Para identificar esse pequeno produtor é necessária a utilização de um conjunto de características: a) quando a propriedade é trabalhada pela família, isto é, não há mão-de-obra contratada ou assalariada; b) a produção obtida, normalmente, é destinada para o consumo, comercializando-se, apenas, o excedente; c) o tamanho da propriedade é, normalmente, reduzido; d) o nível de renda, de modo geral, é baixo. Diante do exposto pode-se dizer que o pequeno produtor rural é aquele que usa em sua pequena propriedade a força de trabalho familiar, com a utilização de pouco capital e baixo nível de renda.

É hora de se pensar, no emprego da tecnologia apropriada para os pequenos produtores, tecnologia essa que parta da consciência da verdadeira problemática desse homem. A contar daí, devem-se introduzir novos conhecimentos que rompam com os óbices existentes, racionalizem as práticas tradicionais destes agricultores, provocando, maior dinâmica do setor e a mais expressiva contribuição para o desenvolvimento global da economia.

Para tal, deve se investir no homem (pequeno produtor rural) para aumentar o seu nível cultural, acabar com os males do analfabetismo ainda, o grande entrave do desenvolvimento agrícola e o responsável pelas constantes manipulações existentes no atual cenário rural brasileiro.

É imperioso e necessário que se profissionalize e capacite o homem do campo para um melhor desempenho das suas atividades rurais. Com isso estar-se-á estancando o alarmante e violento fluxo migratório do campo para áreas urbanas, Quadro esse, hoje, bem presente em nossa realidade através da formação dos grandes bolsões de misérias nas áreas urbanas, os quais são, muitas vezes, utilizados como massa de manobra, culminando com o título de reorientação de suas trajetórias para o campo, com o incitamento às invasões de propriedades. Como se redistribuir, puramente, a terra sem dotar a área de uma infra-estrutura, e o homem das condições mínimas para trabalhar esta terra adiantasse alguma coisa!

É chegado o momento de se pensar com muita seriedade em uma política agrícola que atenda às reais aspirações do meio rural, que dê prioridade ao pequeno produtor, fortaleça a classe média rural, que tenha como fim o homem, que provoque a incorporação de novas unidades produtivas ao processo de desenvolvimento rural, e que crie condições favoráveis para o verdadeiro homem do campo fixar, de uma forma digna e justa, suas raízes em seu ambiente de trabalho. Enfim, uma política de desenvolvimento rural que proporcione, antes de tudo, o bem-estar social e o progresso econômico das legítimas comunidades rurais.

Para que esse desenvolvimento seja, realmente, um desenvolvimento sustentável, que leve sempre em conta, em igual plano, a dimensão humana e ambiental.

* É Engenheiro Agrônomo e Prof. Me. da PUCRS. E-mail: [email protected]

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