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Desafíos do Desenvolvimento



Argemiro Luís Brum
Já é sabido que não basta apenas melhorar o PIB para que uma região ou país melhore seu desenvolvimento. Embora seja importante aumentar o PIB anualmente, se o mesmo não for adequadamente utilizado em prol da melhoria do bem estar da sociedade, o desenvolvimento não se concretiza. Em muitos casos países e suas regiões são ricos em renda, porém, pobres em qualidade de vida. O Brasil, aliás, é um típico exemplo. Apesar de ser a 6ª economia mundial, medido pelo seu PIB, se encontra em 84º lugar, dentre 187 países, no que diz respeito ao desenvolvimento humano. Esta discrepância se explica por uma série de fatores, a começar pela deficiente infraestrutura, alta burocracia, passando por serviços públicos de baixa qualidade, caso da saúde e educação, e terminando, em muitos casos, em forte corrupção. O saneamento de tais problemas é o caminho para tornar um PIB elevado em um desenvolvimento sustentável adequado para um país ou região. Em nosso caso particular, a falta de comprometimento com a educação nacional, apesar de recursos elevados nela serem investidos, nos coloca em 88º lugar em termos de qualidade nesse quesito. E sem educação não há como uma Nação melhorar, especialmente em se pensando no médio e longo prazo. Aliás, o decréscimo do Rio Grande do Sul nos níveis de qualidade de vida nos últimos anos está relacionado à queda na qualidade de sua educação, saúde e outros aspectos públicos. No que diz respeito a questão de infraestrutura a situação chega a ser ainda pior em termos nacionais. Além de a mesma estar bastante sucateada, os investimentos que vêm sendo feitos são de longa maturação e, em muitos casos, mal feitos. Dentre os exemplos gritantes temos as nossas estradas que, pelo seu péssimo estado, encarecem o frete, além de causarem outros problemas. E os remendos e concertos que são feitos não resistem duas semanas. Mais incompetência e mau uso do dinheiro público são difíceis de encontrar no cenário internacional.
Desafíos do Desenvolvimento (II)
Para confirmar esse estado de coisas, vejamos o que vem ocorrendo entre Brasil e Coreia do Sul nos últimos 40 anos (cf. Kakuta, S. ZH-19/10/2012-p.16). Em 1962 a Coreia era uma das nações mais pobres do mundo, cujo PIB per capita alcançava apenas US$ 87,00 e suas exportações, basicamente de bens primários, atingiam US$ 40 milhões. Na época, o Brasil não estava muito diferente, em termos gerais, desse quadro coreano, guardadas as proporções. Pois bem, hoje, segundo o Relatório Mundial da Competitividade 2012 do Institute for Management Development, dentre 59 países, o Brasil está em 46º lugar e a Coreia do Sul em 22º lugar. No item educação, estamos no 54º lugar e a Coreia no 31º lugar, e em infraestrutura científica ficamos na 33ª posição e a Coreia em 5º lugar. Em números mais palpáveis e comparativos, em 2011 a Coreia do Sul alcançou uma renda per capita de US$ 24.000,00 e exportações de US$ 558 bilhões. O Brasil, apesar de todo nosso ufanismo, chegou a uma renda per capita de US$ 10.710,00 e exportações de US$ 256 bilhões. Grande parte da explicação para essa diferença em favor da Coreia do Sul, nestes últimos 40 anos, está associada ao desenvolvimento que eles fizeram e que nós não fomos capazes de fazê-lo. Enquanto os coreanos avançaram na economia do conhecimento nós, aí, até regredimos. Tanto é verdade que, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional, na atualidade, segunda década do século XXI, um em cada cinco brasileiros com mais de 15 anos é um analfabeto funcional, sendo incapaz de dominar leitura e escrita (até lê mas não compreende o que lê). Assim, reduzir imposto de bens de consumo é necessário, porém, enquanto não houver uma real política em favor da educação neste país, continuaremos regredindo na média mundial e cada vez mais distantes do desenvolvimento.

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