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Crescimento econômico em 2008, certeza de apagões em 2009


Amado de Olveira Filho

O Presidente Lula está certo, precisamos nos preocupar com 2009, afinal este ano será o que a fúria tributária do Ministro Guido Mântega permitir, mas mesmo assim, teremos um ano de crescimento econômico muito próximo ao de 2007. Isto é suficiente para projetarmos grandes dificuldades para o ano de 2009. Seguramente os apagões se sucederão em todo o Brasil, mas um deles, o mais perverso será o da energia elétrica.

Há mais de dois anos a Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica divulgou estudos em que mostra o descasamento de oferta e demanda de energia elétrica a partir do início de 2009. Por outro lado, o Ministério das Minas e Energia em seu Plano Decenal de Expansão de Energia para o período 2007/2016, considerou a probabilidade da manutenção da tendência de expansão da economia mundial e da manutenção do processo de fortalecimento dos fundamentos internos da economia brasileira.

Neste cenário otimista, considerou-se o crescimento da economia brasileira superior ao da economia mundial, porém, alerta para a necessidade da consolidação da estabilidade macroeconômica, condicionada à aprovação de reformas institucionais e econômicas, necessárias para que os gargalos em infra-estrutura sejam totalmente resolvidos.

Aqui aparecem dois de nossos maiores problemas. Primeiro, o Presidente Lula já declarou que até o fim de seu mandato não mais enviará ao Congresso Nacional, nenhum Projeto de Emenda à Constituição (PEC) em função de sua fragilidade política especialmente no Senado Federal, assim, como aprovar as reformas necessárias? Segundo, como resolver os gargalos de infra-estrutura se em 2007 a aplicação dos recursos do PAC não atingiu 45% do total previsto?

Precisamos considerar ainda que o Brasil possui um potencial de Recursos hidrelétricos total na ordem de 3.040 Twh/ano (terawatts hora/ano, sendo que um terawatts é igual a um trilhão de watts), já o potencial tecnicamente aproveitável é da ordem de 1488 Twh/ano e que 70% do potencial hidrelétrico a aproveitar se localiza nos biomas Amazônia e Cerrado, daí a demora em se obter as licenças em função das restrições ambientais. Porém, vencida toda a burocracia do aparelho estatal, uma usina hidrelétrica de grande porte, precisa de no mínimo, quatro anos para ficar pronta.

Esta é a realidade, somos potencialmente grandes produtores de energia elétrica de origem hidráulica, porém, estamos longe da garantia de pleno atendimento à nossa demanda. Outro fato é que a população brasileira que era de 188 milhões de pessoas no ano de 2006, será de 200 milhões em 2011 e mais de 211 milhões em 2016. Corremos o risco de sofrermos os revezes do ano de 2001 quando pelas mesmas razões de hoje, presenciamos a implementação de um programa de racionamento de energia elétrica através da definição de metas de consumo em cada mês para cada família, empresa comercial ou industrial.

 Estes cenários não nos permitem concordar com projeções que esperam anos dourados para a economia brasileira e mato-grossense. Mato Grosso está num vertiginoso processo de agroindustrialização de sua economia e por isso mesmo terá aumentada sua demanda por energia elétrica, mas mesmo com as dezenas de PCH´S em implantação no Estado, não terá garantia de oferta de energia elétrica.

 Lembro-me de uma frase que devemos refletir sempre: “A idade da pedra passou sem que as pedras acabassem... a idade do petróleo passará sem que o petróleo acabe”. Assim, ouso acrescentar que para o Brasil a idade do uso majoritário de energia elétrica de origem hidráulica passará, sem que, utilizemos todos os nossos recursos, só teremos energia elétrica necessária ao nosso pleno desenvolvimento se utilizarmos maciçamente outras fontes como solar, lunar, eólica, nuclear e, sobretudo das inúmeras fontes oriundas da agroenergia.

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