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Cooperativa é um negócio


Edivaldo Del Grande

As cooperativas são vistas por muitos, exclusivamente, como alternativa para parcelas carentes da sociedade - catadores, costureiras ou artesãos - se inserirem no mercado de trabalho. É mais comum do que se pensa ouvir comentários que ilustram este tipo de comportamento. Não que esta não se seja uma função: podemos citar dezenas de cooperativas que cumprem com sucesso este objetivo em todo o nosso país, beneficiando milhares de pessoas. Mas é preciso deixar claro que não é a única.
Cooperativa é um negócio que dá resultados econômicos efetivos. Mais do que isso, tem potencial de transformar a realidade de quem é associado e das comunidades do entorno, principalmente nos pequenos municípios onde estão instaladas.

Na economia, o resultado da atuação das cooperativas é direto. As 7.026 entidades que integram a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estão presentes em 31% dos mais de 5 mil municípios do país. Elas empregam diretamente 220 mil pessoas e faturaram R$ 68 bilhões em 2006 - 6% do PIB brasileiro.

E a atuação é variada, passando por setores como educação, crédito, consumo, habitação, saúde, entre outros, reunindo estudantes, profissionais liberais e cidadãos das mais variadas áreas.

Só em São Paulo, as cooperativas agropecuárias registradas na Ocesp movimentaram quase R$ 8 bilhões em 2006 - quase um terço dos resultados de toda produção agropecuária paulista no ano. Cerca de 70% dos seus associados possuem propriedades com menos de 70 hectares. Ou seja, a cooperativa é a grande força para o homem do campo ter acesso à tecnologia, crédito ou assistência especializada para poder competir com os grandes conglomerados que compõem o agronegócio.

A atuação não se restringe à agropecuária. As cooperativas habitacionais de São Paulo entregaram mais de 80 mil unidades nos últimos anos. O sistema de saúde cooperativo ultrapassa 13 milhões de usuários e está disseminado por todo o Brasil. Só o Sistema Unimed reúne 98 mil médicos que realizam mais de 58 milhões de consultas e 118 milhões de exames ao ano. No caso das cooperativas de consumo, os estabelecimentos funcionam como supermercados. Na área do crédito, a alternativa empresta dinheiro a juros médios de 2% ao mês. O movimento das cooperativas educacionais - iniciado na década de 90 - conta com 53 unidades em todo o estado. São escolas sem fins lucrativos, mantidas e dirigidas por pais em busca de uma melhor qualidade e custo mais baixo no ensino.

Os dados mostram que o movimento cooperativista é plural - reúne de grandes proprietários rurais a multidões de pequenos e médios agricultores, passando por estudantes, profissionais liberais e cidadãos das mais variadas áreas.

Infelizmente, as imagens errôneas associadas ao movimento não residem apenas na falta de tradição associativa do brasileiro. Envolvem falta de investimentos em educação e o não reconhecimento dos poderes públicos à especificidade do cooperativismo. Sim, porque mesmo estando inseridos em nossa Constituição artigos que determinam o apoio e incentivo ao movimento, pouco se tem feito em benefício a essa forma de organização. Aos poucos, o Legislativo está percebendo o potencial transformador do movimento cooperativista e vários projetos de lei em nosso favor estão na Câmara dos Deputados.

Acreditamos no poder transformador e no potencial das cooperativas para gerar negócios, contribuindo para a distribuição de renda de forma mais equalitária. Porque, afinal, renda bem distribuída é o que o Brasil mais precisa.

As cooperativas dão resultados econômicos efetivos e ainda têm potencial de transformar a realidade do associado.

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