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Consumo de Ovos e Risco de Demência de Alzheimer


Augusto Ichisato | O Seu Engenheiro de Alimentos

Consumo de Ovos e Risco de Demência de Alzheimer: O Que a Ciência Revela?

Introdução

A Doença de Alzheimer (DA) é uma das principais causas de morte e comprometimento cognitivo entre idosos. Com o aumento da expectativa de vida, o impacto da DA na saúde pública e na qualidade de vida se torna cada vez mais relevante. Estratégias preventivas, como intervenções dietéticas, ganham destaque na busca por formas de reduzir o risco dessa condição neurodegenerativa. Ovos, ricos em nutrientes como colina, ácidos graxos ômega-3 e luteína, têm sido associados à saúde cerebral. No entanto, até recentemente, a relação entre o consumo de ovos e o risco de Alzheimer não era bem compreendida. Este artigo explora as descobertas do estudo “Association of Egg Intake With Alzheimer’s Dementia Risk in Older Adults: The Rush Memory and Aging Project” e suas implicações.

Desenvolvimento Conceitual

Os ovos são uma das principais fontes alimentares de colina, um nutriente essencial para a formação de acetilcolina, neurotransmissor crucial para a memória e outras funções cognitivas. Além disso, ácidos graxos ômega-3, presentes nas gemas, modulam processos inflamatórios e promovem a saúde neuronal. Estudos sugerem que esses nutrientes podem desempenhar um papel protetor contra o declínio cognitivo.

A pesquisa em questão utilizou dados do Rush Memory and Aging Project (RMAP), um estudo de coorte longitudinal com 1024 idosos sem demência inicial. Os participantes foram acompanhados por uma média de 6,7 anos e tiveram seu consumo de ovos avaliado por questionários de frequência alimentar. A análise incluiu também autópsias cerebrais de 578 participantes para avaliar a presença de patologias de Alzheimer.

Análise Comparativa

Os resultados revelaram que o consumo de ≥1 ovo por semana foi associado a uma redução de 47% no risco de demência de Alzheimer. Para aqueles que consumiam ≥2 ovos por semana, o risco foi igualmente reduzido. Essa associação foi consistente tanto em análises clínicas quanto em avaliações de autópsias cerebrais, onde participantes que consumiam mais ovos apresentaram menor acúmulo de placas de amiloide-β e emaranhados neurofibrilares – marcadores característicos da DA.

Comparativamente, outros estudos indicaram que nutrientes isolados, como colina ou ômega-3, têm benefícios semelhantes. No entanto, o consumo de ovos como alimento integral mostrou uma eficácia superior devido à interação sinérgica de seus nutrientes. Além disso, a análise de mediação revelou que 39% do efeito protetor dos ovos contra o Alzheimer foi mediado pela ingestão de colina, destacando sua importância como componente-chave na prevenção da DA.

Contexto Judicial e Soluções Propostas

Enquanto os resultados são promissores, a incorporação prática de ovos como intervenção dietética enfrenta desafios relacionados a mitos nutricionais e preocupações sobre colesterol. É essencial que políticas públicas de saúde esclareçam os benefícios do consumo moderado de ovos, especialmente entre populações mais velhas. A recomendação de consumir ≥1 ovo por semana poderia ser integrada a guias alimentares, considerando as necessidades nutricionais específicas de idosos e o baixo custo dos ovos como fonte de nutrientes.

Além disso, estudos futuros poderiam explorar como outros fatores, como a interação com medicamentos ou condições pré-existentes, podem influenciar a eficácia dos ovos na redução do risco de Alzheimer.

Conclusão

O estudo conduzido por Pan et al. evidencia que o consumo regular de ovos está associado a uma redução significativa no risco de demência de Alzheimer e patologias cerebrais relacionadas. Esses achados reforçam a importância de intervenções dietéticas acessíveis e práticas na prevenção de doenças neurodegenerativas. Incorporar ovos na dieta pode ser uma estratégia eficaz e de baixo custo para promover a saúde cerebral e melhorar a qualidade de vida de idosos, especialmente em populações vulneráveis ao declínio cognitivo. A ciência avança, e com ela, a oportunidade de repensar hábitos alimentares em prol de um envelhecimento saudável.


Referências

Pan, Y., Wallace, T. C., Karosas, T., Bennett, D. A., Agarwal, P., & Chung, M. (2024). Association of Egg Intake With Alzheimer’s Dementia Risk in Older Adults: The Rush Memory and Aging Project. The Journal of Nutrition, 1–12. https://doi.org/10.1016/j.tjnut.2024.05.012.

 

Augusto Ichisato - FoodBrasil | O Seu Engenheiro de Alimentos

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