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Você... Fiscal do lula!


Amado de Olveira Filho
A idéia foi a seguinte: anunciou-se intensivamente que o Brasil conquistou o grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's e, que isto refletirá em benefícios para toda a população, divulgou-se uma pesquisa de popularidade do Presidente da República, pregou-se que o homem precisa de um terceiro mandato para continuar aumentando a sua qualidade de vida e estava pronto o melhor cenário para aumentar os preços dos combustíveis, com o mínimo desgaste ao governo.

 Não se alopre, esta história não termina aqui! Acontece que na economia brasileira uma medida como a do aumento dos combustíveis, especialmente nos percentuais anunciados, não passa despercebida e ainda, não há como ser assimilada pelos setores produtivos sem um rearranjo em suas planilhas de custos. A agropecuária, a indústria, o comércio e o setor de serviços pagarão grande parte dos reflexos deste aumento, porém, toda a população indiretamente também pagará sua parcela via aumento de preços.
 Nunca na história econômica deste País, vi como “problema bom” o aumento dos preços dos alimentos. O discurso continua, “o povo brasileiro está comendo mais!”. Pergunto-me se o povo precisa comer mais ou se o povo precisa comer. Sem consultar especialista fico com a resposta que o povo precisa comer e, comer bem. O discurso continua, “Se faltar alimento, ótimo, vamos produzir mais alimento nesse País. Temos terra, tecnologia, água, sol quase o ano inteiro”. 
O povo aplaude. Se esta história terminasse aqui certamente que seu final seria menos drástico, mas o estrago em aumentar os preços do óleo diesel amargará o sabor dos alimentos. Não por acaso o preço da cesta básica, segundo o Dieese, subiu em abril em todas as 16 capitais pesquisadas mensalmente pelo Departamento. A pesquisa aponta como responsável pelo aumento de preços a alta dos insumos, como adubo e fertilizantes derivados do petróleo.
Apenas estes dados já permitem anteciparmos cenários de extrema dificuldade para a produção agropecuária em Mato Grosso. O setor de serviço de transporte já antecipa que a elevação dos preços dos combustíveis autorizada pelo governo federal não será absorvida pelos transportadores e que prepara alta do serviço em 5% nos próximos dias. A conta será exponencialmente aumentada em função de que nosso Estado recebe combustíveis em caminhões tanques e transporta sua safra queimando diesel.

Como vemos não são os produtores rurais que trancarão a produção. Isto se dará pelas estradas esburacadas, preços dos insumos dentre eles do diesel e, por conseguinte a redução da rentabilidade da agricultura. Isto sim reduz a produção! Não é possível aumentar a produção de alimentos aumentando as dívidas rurais, isto seria irracional.
Por outro lado, é necessário que as autoridades assumam que sobre o diesel, a principal energia na produção rural, recai uma absurda carga tributária e, ainda, ao aumentar o preço do diesel e não o da gasolina, o governo está, via tributação, subsidiando através do setor produtivo a gasolina consumida pelos automóveis nas cidades. Ou seja, a arrecadação de impostos continuará nos mesmos patamares.
 Consumir diesel passou a ser um péssimo negócio para a produção, tanto é, que o Governo Federal tão logo aumentou o preço do óleo diesel, tratou de determinar o desligamento das usinas termelétricas movidas por este combustível. Porém, na agropecuária não há como desligar as nossas máquinas. Por fim, o Presidente impôs ao povo mais uma obrigação, a de fiscalizar o aumento dos combustíveis. Pena que você, fiscal do LULA, só poderá fazer isto em outubro de 2010, afinal, o setor de distribuição de combustíveis não têm seus preços controlados.

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