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Tensão na agricultura


Amado de Olveira Filho

Os agricultores brasileiros estão vivendo uma espécie de Tensão Pré-Plantio (TPP). Esta TPP é um grande martírio para os produtores, os cenários não são ruins, porém,  longe de serem extraordinariamente positivos como gostariam que fossem os otimistas sojicultores. Por outro lado, me permite continuar afirmando que de forma alguma devemos retomar o plantio em Mato Grosso, dos mais de seis milhões de hectares da safra de soja 2004/2005, o ideal será repetir os cinco milhões de hectares da safra passada.

            Dentre outros, alguns motivos para a ocorrência da TPP entre os produtores estão o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que agora em setembro divulgou informações indicando queda na produção mundial de grãos na safra 2007/2008. Mesmo assim, segundo o USDA o mundo colherá no próximo ano, 774,10 milhões de toneladas de milho, portanto, 4,43% a mais que na safra passada. Este aumento se dará em função do aumento de 26,0% na produção de milho pelos Estados Unidos que deverá colher mais de 338 milhões de toneladas.

            Já a soja, no mesmo relatório, tem uma estimativa de produção mundial de 221,27 milhões de toneladas, portanto, 6,26% menor que a safra passada. Esta redução se dará em função de que para a produtividade da safra dos EUA está se prevendo uma diminuição. Outro aspecto interessante quanto à soja nos Estados Unidos é o aumento do consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel de 17,6% para 19,7%. Isto já vem agitando o mercado mundial de soja.

            A segurança de melhores preços na safra 2007/2008 para a soja, em relação à passada é apontada no relatório em função do aumento da diferença entre a oferta e a demanda mundial, onde a oferta cai 6,25% e a demanda aumenta 4,57%, portanto, este é o grande indicativo que poderá oferecer melhores resultados aos produtores de soja. Devemos atentar, no entanto, que em nada foram alteradas as absurdas condições de transporte em Mato Grosso, desta forma, a possibilidade de lucros poderá ficar à beira das esburacadas rodovias.

            Além da logística disponível, concorre contra os agricultores a questão climática. De novo está presente o intrigante “La Nina”, que deverá atrasar o plantio da próxima safra. Para os institutos de metereologia, as chuvas voltarão no Centro-Oeste e Sudeste na segunda quinzena deste mês e início de outubro, porém, afirmam que o fenômeno estará presente até o início de 2008. Isto já está influenciando o plantio de milho no Rio Grande do Sul que está ligeiramente atrasado em relação a safra anterior.

            Para o Estado de Mato Grosso, confirmadas as previsões climáticas, verificaremos algumas vantagens para os sojicultores do município de Lucas do Rio Verde, de parte dos municípios de Sorriso, Tapurah, Nova Mutum e de Nova Ubiratan, onde verificamos o inicio do período chuvoso mais cedo, assim, ao colher também mais cedo, encontrarão, ainda, o mercado extremamente comprador, portanto, com melhores preços em relação as safras passadas.

            A TPP será maior para os rizicultores mato-grossenses, já que segundo o Instituto Rio-grandense do Arroz (IRGA) a produtividade do arroz do Rio Grande do Sul deve aumentar como sempre ocorre com a presença do La Niña, até porque a produção daquele Estado é irrigada enquanto a de Mato Grosso é de terras altas, portando com menor produtividade e maiores riscos. Isto merece muita atenção.

            Assim deverá ser a nossa próxima safra, com muita tensão desde o plantio à colheita, mas assim é a agricultura, toda esta TPP traduz os sérios riscos da atividade.

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