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Sua empresa produz commodities ou ela é uma commodity?


Eleri Hamer

O conhecimento é estratégico em qualquer atividade há muito tempo, inclusive no agronegócio. Em tempos de vacas magras passa a ser ainda mais relevante e a partir da revolução das comunicações se tornou essencial e de fácil obtenção, mas o seu valor ficou efêmero e fugaz. Como deixar de ser uma commodity e passar a ser uma especialidade? Nem que seja por um momento?

O conhecimento válido fica obsoleto cada vez mais rápido. Por isso, é quase impossível garantir um diferencial competitivo que dure para sempre. Mas podemos desenvolver a capacidade de aprender e criar conhecimento continuamente e dessa forma obtermos algum tipo de conhecimento adicional e fazer a diferença na hora de competir no mercado.

Portanto, se a concorrência é cada vez maior entre as empresas e os bons cargos escassos, é fundamental que mudemos continuamente e nos tornemos um alvo móvel. Difícil de ser copiado e atingido. Ou seja, quando a concorrência plagiar ou adaptar as práticas da sua empresa, você já vai estar em outro arranjo, outra estratégia, com outro conhecimento. Correr sempre na frente.

A competição existe em toda parte. Na atividade rural, como se não bastassem as cadeias de outras regiões e países brigando pelos mesmos mercados, ainda temos uma disputa interna com os demais agentes pelo minguado recurso que escorre do consumidor até o processo produtivo.

As empresas do setor exigem dos seus profissionais cada vez maior dedicação e conhecimento. Principalmente sistêmico, além da sua área de formação. Até porque ainda mantemos guetos na sociedade onde a tônica é de pensar e agir de forma corporativista.

Independente da área de formação precisa-se de conhecimento eclético, que por sua vez, é diferente de dados e informação. Deve ser algo estratégico para o profissional e a empresa. Fundamental se for a própria capacidade de aprender.

É enfadonho ver profissionais, principalmente da agricultura e da pecuária, que conhecem muito da sua área, mas tem dificuldade para relacionar isso com o mercado por exemplo. As empresas estão tornando os seus setores verdadeiras unidades de negócio e requerendo com freqüência profissionais cada vez mais dinâmicos, capazes de atender a estas demandas.

Especificamente em relação ao setor rural, o perfil produtivista, que ainda é ampla maioria neste país, tem forte contribuição tanto das universidades, através da formação dos profissionais, como do perfil do próprio empresário rural, acostumado a cuidar da produção.

Desse modo, o compartilhamento do conhecimento deve ser tarefa primordial nas empresas. Há uma única maneira de se tornar um monopólio, mesmo que seja momentâneo e efêmero. É somente através da inovação. Quando inovamos somos capazes de nos diferenciar dos concorrentes, sejam eles empresas ou profissionais. Credenciamo-nos a se destacar na atividade ou no mercado.

Do ponto de vista dos profissionais, além de permitir a manutenção no mercado, com bons índices de satisfação e até remuneração, melhora a nossa atratividade pelas empresas, clientes e colegas, ampliando a empregabilidade.

A propósito, a sua empresa produz commodities ou ela é uma commodity? Os seus colaboradores ou funcionários também são commodities? Há espaço para diferenciação e evolução? Ou você está com 20 anos de serviço e apenas 1 de experiência já que durante esse período fizestes mais ou menos a mesma coisa e da mesma maneira?

Experimentar é a melhor estratégia. Internaliza a prática e externaliza a teoria. Se a sua organização não valoriza a experimentação, está na hora de você repensar se vale a pena trabalhar lá. A não ser que também não gostes de inovar. Aí o perigo é ainda maior. A chance de você e a sua empresa morrerem abraçados é grande.

A questão não está em quanto sabemos e sim qual a nossa capacidade de aprender algo novo. Sabe-se que a vantagem competitiva das organizações e dos profissionais está na velocidade que se adaptam ao ambiente.

Experimentar às vezes é arriscado. Mas noutra coisa que creio é que no mundo mutante onde vivemos, não correr riscos pode ser a mais arriscada das estratégias.

Por fim, a solidariedade gera conhecimento. Solidarize-se com os problemas de decisão dos seus colegas, isso vai facilitar a troca de experiências e ampliar a confiança, fazendo com que participes da comunidade de prática de mais pessoas e assim amplie o seu próprio repositório de conhecimento.

Muitos ainda acreditam na sorte, mas Pasteur já dizia que "nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas".

Que as boas inspirações acompanhem a todos nesta semana.

Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultoria em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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