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Sem caminhão o Brasil pára!


Amado de Olveira Filho

Nunca a frase que intitula este artigo foi tão verdadeira. Porém, Mato Grosso pára primeiro! Afinal, nosso Estado possui uma logística que interliga nada a coisa nenhuma, desta forma o grande volume de produção agropecuária que demanda uma enormidade de caminhões rodando pelas nossas esburacadas rodovias é inevitável.
     Este cenário está sendo objeto de liminar na justiça federal do trabalho em função da intenção de um reordenamento da jornada de trabalho dos milhares de motoristas. Segundo as lideranças do setor de transporte, existe uma fórmula de remuneração que envolve o pagamento de comissões, assim, os trabalhadores do setor de transporte, refutam em aceitarem uma jornada de apenas oito horas normais mais duas horas extras.

     Estabelecido o impasse entre empresários, trabalhadores e a justiça federal do trabalho, preocupa as conseqüências que a situação impõe a sociedade. A colheita da safra de soja está apenas se iniciando e demandará mais caminhões que a passada, portanto, se reduzir abruptamente o ritmo de seu escoamento estará estabelecido um verdadeiro caos desde o médio norte mato-grossense até a divisa do Estado, ao Sul.

     Ao quantificarmos este problema, vemos que alguns cenários negativos se estabelecerão se a medida for implementada a qualquer custo. O primeiro cenário e, de difícil solução, se refere ao estacionamento destes milhares de caminhões. Apenas este detalhe envolve investimentos extraordinários pelo setor de postos de combustíveis e transportadoras, sem contar o tempo para conclusão das obras.

     Ainda quanto às dificuldades, surge uma indagação: onde encontrar motoristas para dobrar a mão-de-obra necessária para não reduzir o ritmo de transporte no País? Na mesma ordem, como conseguir mais caminhões? Ainda na mesma ordem, como os contratantes de transporte, ou seja, a agricultura, o comércio e a indústria conseguirão bancar estes custos adicionais?

     Sem dúvidas, estamos tratando de uma atividade importante e extremamente necessária para a manutenção do desenvolvimento econômico de Mato Grosso e do Brasil. A questão da jornada de trabalho também é importante, entendemos que a medida judicial, de difícil aplicação, deve ser considerada, porém, sua aplicação precisa ser ajustada à realidade do setor de transporte brasileiro.

     Neste sentido, tenho a expectativa de um dia ver medidas liminares determinando aos governos que mantenham as rodovias sem buracos, que cumpram as Leis Orçamentárias Anuais e realizem as obras de infra-estrutura que o Brasil tanto precisa e, em especial, as rodoviárias. Afinal, quem acredita que teremos ferrovias cortando o Centro-Oeste e o Norte do Brasil? Que grande obra rodoviária nos últimos 30 anos foi realizada em Mato Grosso? Nenhuma. Apenas agora, com recursos dos produtores rurais surgem pequenas obras, importantes, porém, insuficientes.

     Sempre acredito em soluções obtidas pela discussão e negociação. No caso que se apresenta, mais ainda. Todos sabem que a medida envolve toda a economia nacional, milhões de trabalhadores e, sem discutir o mérito da questão, é necessário buscar uma solução alternativa onde não saiam vencidos ou vencedores, porém, que permita a normalidade da atividade de transportes, expurgando profissionais que se drogam durante suas jornadas de trabalho.

     Não tenho dúvidas, qualquer solução que não seja a adoção paulatina da medida, Mato Grosso parará, os preços de insumos, alimentos e dos produtos e mercadorias que importamos de outros estados terão seus preços aumentados e, verificaremos a quebra de contratos internacionais, pois a soja demorará a chegar aos trilhos das ferrovias e, por conseguinte aos portos e ao seu destino final. Vamos esperar que isto aconteça vendo acontecer fatos hilários de greves de trabalhadores que querem continuar trabalhando?

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