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Saldo comercial em forte recuo



Argemiro Luís Brum
Infelizmente, aos poucos, o retrato da crise mundial se cristaliza no Brasil, assustando o governo a ponto de o mesmo considerar, tardiamente, que vivemos hoje uma crise semelhante a de 2008. Na verdade, estamos vivendo a mesma crise, sendo que o seu estágio atual é que voltou a se intensificar, se assemelhando ao que assistimos há quatro anos. Um dos aspectos, de tantos, que comprova isso nos chega do resultado da balança comercial brasileira ao final da primeira semana de julho/12.


Nos primeiros seis meses e uma semana deste ano, o saldo comercial brasileiro registrou um valor de apenas US$ 7,69 bilhões, contra US$ 13,35 bilhões em 2011, ano em que a moeda nacional ficou muito mais valorizada. Ou seja, nesse ano, até o dia 08/07, temos um saldo comercial 42,4% menor do que o registrado em igual período do ano passado. E isso, mesmo com uma desvalorização significativa do Real nesse ano (nos primeiros dois meses do ano, o mesmo ficou entre R$ 1,86 e R$ 1,70, passando, a partir de 29,02, de R$ 1,70 a R$ 2,03 no dia 10/07, tendo alcançado até R$ 2,08 em alguns momentos nesse período).

Assim, apesar de uma desvalorização de nossa moeda em 19,5% entre 29/02 e 10/07, nossas exportações não conseguem decolar e gerar um saldo comercial importante. Tal realidade é reflexo da paralisia que vive a economia mundial, onde além da Europa, EUA e Japão, também agora a China e a Índia veem suas economias em marcha lenta. Paralelo a isso, nota-se que o preço das commodities, das quais muito dependemos ainda, recuaram em termos médios.


Saldo comercial em forte recuo (II)

Exceção feita à soja e derivados, produtos que, infelizmente, têm menos produção nesse ano, a quase totalidade do restante por nós exportado registra recuo nos preços médios. Por outro lado, a disponibilidade de crédito ofertada pelo governo, no afã de melhorar o crescimento econômico, acaba também estimulando importações e, com isso, criando um efeito colateral indesejado.

Assim, nossas exportações, no período, chegaram a US$ 122,57 bilhões, com um aumento de apenas 2,5% sobre os US$ 119,58 bilhões verificados em igual momento de 2011. Ao mesmo tempo, as importações aumentaram 8,1%, passando de US$ 106,23 bilhões para US$ 114,88 bilhões no mesmo período. Esse quadro confirma igualmente algo que já vinha se destacando nos últimos tempos: não é exatamente o câmbio que está influenciando o comportamento de nosso comércio externo, pois quando nossa moeda estava sobrevalorizada o Brasil chegou a saldos comerciais positivos surpreendentes.


Agora se passa o contrário! Dito de outra forma, é claro que um câmbio dentro da paridade ajuda, porém, o elemento central, além das dificuldades econômicas mundiais, e dos outros aspectos enunciados, se encontra na nossa perda absoluta de competitividade produtiva, onde o custo do Estado se torna um empecilho enorme. E esse quadro não parece em nenhum momento apresentar sinais de melhora. Tanto é verdade que, nesse instante, um grande número de servidores públicos em geral entra ou está em greve exigindo aumentos salariais que, se o governo for aceitar, só pagará asfixiando ainda mais o setor produtivo.

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