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Preços agrícolas em alta



Argemiro Luís Brum
A forte seca do verão passado no Rio Grande do Sul e parte do sul brasileiro vem trazendo, agora, suas conseqüências mais amplas. Os preços pagos aos produtores rurais, no caso dos grãos, subiram fortemente (caso da soja) ou estagnaram em níveis elevados, quando comparados há um ano atrás. Já os preços dos produtos pecuários praticamente estagnaram, especialmente na suinocultura, em função de uma demanda menor, num momento em que os custos de produção subiram assustadoramente.


Esse panorama pode ser medido a seguir, quando comparamos a média de preços obtida em julho de 2011 com os preços praticados no final de julho de 2012. O trigo fechou o mês de julho com média de R$ 25,75/saco no balcão gaúcho. Um ano antes o produto estava em R$ 25,58/saco. Essa recuperação do cereal, que semanas atrás batia em R$ 23,00, se dá pela necessidade de produto de qualidade superior num mercado com escassa oferta no momento. Além disso, a Argentina anuncia redução de 17,5% na área de trigo desta nova safra, enquanto o Paraná aponta para uma redução de 10% em sua produção, que já foi ruim no ano passado. O produto de qualidade superior, em lotes, alcança R$ 31,56/saco no mercado gaúcho nesse momento.

A soja fechou o mês de julho/12 com média de R$ 69,85/saco, contra R$ 41,33/saco um ano antes. O ganho é extraordinário, superando R$ 28,00/saco. Motivos: a grande quebra gaúcha na última safra; consequentes prêmios elevados no porto; desvalorização em 20% do Real a partir de março passado; e disparada nas cotações em Chicago (no dia 20/07 aquela Bolsa bateu seu recorde histórico, atingindo a US$ 17,57/bushel) devido à forte seca que se abate sobre as lavouras dos EUA neste momento.

Preços agrícolas em alta (II)

Preços tão elevados, embora inicialmente motivo de euforia junto aos produtores, causa enormes transtornos ao mercado, pois a capacidade de pagamento das empresas compradoras fica dificultada e o mercado mundial, para evitar inflação, começa a buscar alternativas de consumo ou usar seus estoques (a China acaba de anunciar que passou a colocar seus estoques de soja no mercado interno, segurando as importações muito caras).


O milho, que depois de preços acima de R$ 25,00/saco vinha em recuo acentuado em função da entrada de uma safrinha brasileira recorde (37 milhões de toneladas), voltou a subir fortemente nos últimos dias, puxado pelos preços elevados em Chicago, também devido à seca nos EUA. Assim, julho/12 fecha com o saco valendo R$ 25,48 no balcão gaúcho, contra R$ 25,99 um ano antes. O arroz, que viveu momentos difíceis em 2011 (em julho daquele ano o saco de 50 quilos ao produtor gaúcho valia R$ 20,66), deu um salto no final deste mês de julho/12 para R$ 29,43, na esteira de anúncios de que a área gaúcha com o cereal vai se reduzir novamente em favor da soja, além de exportações mais importantes por parte do Brasil na atualidade, enquanto o nosso câmbio na atualidade, e a seca nos vizinhos países, freiam as compras externas. Enfim, o feijão preto, devido a quebra de safra, disparou atualmente para preços médios de R$ 100,75/saco no mercado gaúcho, quando no ano passado, na mesma época, seu preço era de apenas R$ 67,62/saco. Ou seja, temos aí um aumento de 49% em um ano!

Preços pecuários menos estimulantes

Entretanto, se na agricultura o clima elevou os preços dos produtos, na pecuária os custos subiram e o mercado não correspondeu com preços compensadores. Assim, a preocupação é grande no mercado de produtos pecuários. O pior exemplo vem da suinocultura, cujo quilo vivo no mercado gaúcho fechou julho/12 na média de R$ 1,97 (havendo muitos produtores, especialmente os independentes, recebendo tão somente R$ 1,70 o quilo vivo), enquanto um ano antes o produto era comercializado a R$ 1,85 o quilo, após todo o primeiro semestre daquele ano o mesmo ter trabalhado com preços ao redor de R$ 2,25 em média. Mas o pior é que o custo de produção atual chega ao redor de R$ 2,60/quilo vivo. O frango terminou o mês de julho/12 com a média de R$ 1,85 no Estado, repetindo o valor de um ano antes.
Enquanto isso, o custo de produção aumentou na proporção observada junto a suinocultura. O boi gordo viu seu quilo vivo estacionar em R$ 3,27 nesse momento, enquanto um ano antes o mesmo valia R$ 3,19. Enfim, o leite, que vinha se mantendo relativamente firme diante de uma demanda aquecida, igualmente não chegou a deslanchar. O litro pago ao produtor gaúcho, em termos médios, ficou em R$ 0,72, contra R$ 0,69 um ano antes, havendo uma tendência de recuo nesses preços para o restante do segundo semestre

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