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PIB: Confirmado o esperado



Argemiro Luís Brum
Infelizmente aquilo que o mercado avançava, e que o governo insistia em não reconhecer, está confirmado. Segundo o IBGE o Produto Interno Bruto oficial brasileiro, em 2012, ficou em apenas 0,9%, atingindo a R$ 4,4 trilhões. Em dólares, ao câmbio de hoje, o valor fica em US$ 2,23 trilhões. O resultado, embora esperado, preocupa porque intrínseco ao número anunciado vieram outros dados. Em primeiro lugar, o crescimento do quarto trimestre do ano de 2012 foi 0,6% menor do que o terceiro trimestre, indicando que a economia estava freando ainda mais no final do ano. Isso significa uma freada num momento em que o consumo (final de ano) deveria melhorar e puxar pontualmente a economia. Além disso, isso indica que poderemos ter uma continuidade ruim de PIB para os primeiros meses, pelo menos, de 2013, comprometendo até mesmo os esperados 3% de crescimento para o corrente ano. Em segundo lugar, e ainda mais preocupante, a formação bruta de capital fixo, que é a taxa de investimento da economia, recuou 4% em relação a 2011, ficando em apenas 18,1% do PIB quando o mínimo necessário para o país crescer a contento seria 25%. Ou seja, não só não estamos crescendo como continuamos hipotecando o crescimento futuro por não investirmos o suficiente. E não só não investimos o suficiente como estamos diminuindo proporcionalmente tais investimentos, apesar dos diferentes programas anunciados pelo governo. Em terceiro lugar, confirmou-se que a crise econômica mundial, iniciada em 2007/08, nos atinge em cheio e estamos longe de enfrentarmos a “marolinha” que o então presidente Lula tentou nos fazer crer. E enquanto a economia externa não se recuperar, o que ainda parece distante, nossa economia igualmente encontrará mais e mais dificuldades para decolar, na medida em que não investe e não realiza as reformas estruturais, a começar pelo funcionamento do Estado.
PIB: Confirmado o esperado (II)
Em quarto lugar, a estratégia de usarmos o consumo interno para alavancar a economia, que foi boa em 2009/10, agora demonstra que se esgotou. Isso porque, ao não fazermos as reformas e não investirmos o suficiente, as pessoas e empresas não encontram um sistema produtivo que lhes abasteça, em especial com a renda aumentando mais do que a produtividade do trabalho. Para piorar, apesar dos programas de apoio ao consumo (redução de IPI e outros) a economia paralisou, pois a população se encontra em um nível importante de endividamento e inadimplência. Em outras palavras, as bolhas de consumo geradas estão estourando uma a uma. Em quinto lugar, o índice do IBGE, que é o oficial, confirma o descolamento existente entre esta instituição e o Banco Central, que tem anunciado dados sempre mais otimistas. Isso comprova que o Banco Central vem perdendo a confiabilidade, algo anunciado desde a troca de presidente do Banco quando da mudança de presidente da República em 2011. Em sexto lugar, o governo, ao insistir com medidas pontuais desenvolvimentistas, sem gerar as condições estruturais para tal, comprometeu a economia do país para o futuro e agora começa a receber a conta, cujo custo obviamente sobra para a população, em especial os mais pobres.
PIB: Confirmado o esperado (III)
Ao perceber o erro, talvez tardiamente, corre agora atrás de investimentos externos e de privatizações para concretizar as obras de infraestrutura necessárias. Mas a maturação de tais obras demora anos! Esse é o principal motivo de o ministro Mantega e sua equipe estarem realizando rodadas de negócios no exterior com as grandes transnacionais. Tentar “vender” o país já que o mundo nos olha novamente com desconfiança devido aos erros econômicos recentes. A ideia sempre é interessante e o Brasil, assim como os demais países, tem na sua história esse procedimento. No entanto, atrair US$ 235 bilhões em investimentos nos próximos anos está condicionado a diversos fatores. O primeiro, é a garantia de que as regras econômicas fiquem estáveis, coisa que o governo brasileiro, nos últimos anos arriscou não cumprir em diferentes momentos, colhendo os resultados negativos atuais. Quem acreditou em milagres de curto prazo, acaba de descobrir que em economia “não há almoço grátis”.

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