A Embrapa Amapá, em seu III Plano Diretor, define de forma clara e transparente sua missão, objetivos e o realinhamento estratégico de suas ações de pesquisa & desenvolvimento (P&D) para o período 2004-2007. A definição das prioridades de atividades e estratégias de P&D estão aderentes e articuladas com as prioridades dos governos federal, estadual e municipais, em relação às políticas de desenvolvimento sustentável para o Estado.
A interação com os diversos segmentos componentes do setor primário estadual permitiu o estabelecimento de uma visão bastante aproximada da configuração do ambiente externo, levando à definição de estratégias conjuntas para a execução das diretrizes formuladas pelas instituições federais, estaduais, municipais, as quais demandam resultados de ações de P&D. Nelas estão inseridas os aspectos econômicos, socioculturais, ambientais e político-institucionais da esfera federal, além das necessidades e demandas específicas do estado, dos municípios e da região do estuário amazônico.
As diretrizes políticas dos Governos Federal e Estadual e a proposta da Diretoria Executiva da Embrapa para o redirecionamento e fortalecimento das atividades dos seus Centros de Pesquisa localizados na região amazônica, orientam para a prospecção de demandas por pesquisas adequadas e coerentes com as potencialidades da região. Aderente a este enfoque e considerando a competitividade do agronegócio estadual, a curto e médio prazos, a Embrapa Amapá apresenta o realinhamento de sua programação de pesquisa, enfatizando as potencialidades do estado, as quais estão diretamente relacionadas com sua grande área sob vegetação de florestas, cerrados e campos inundáveis.
Face ao exposto, para cumprir a sua missão de viabilizar soluções, a Embrapa Amapá desenvolverá as suas ações de modo a gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias para suprir as lacunas que limitam o desenvolvimento do setor produtivo agropecuário amapaense, visando eliminar os fatores que impedem a melhoria da produção com qualidade e aumento da produtividade e, consequentemente, da rentabilidade econômica. Considerando-se as informações levantadas internamente, com o público externo e em sintonia com as demais Unidades da Embrapa na região Norte, foram definidas e priorizadas as seguintes demandas que nortearão a programação de P&D da Embrapa Amapá:
1. PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL
- realização de estudos sobre estruturas de florestas primárias, visando subsidiar práticas de manejo florestal sustentável;
- elaboração de um Plano Estadual sobre alternativas para a substituição da prática das queimadas na agricultura familiar (diversificação da produção, sistemas agroflorestais, reflorestamento social, intensificação da produção, alimentação animal, bancos-de-proteína, manejo de palhada, plantio direto, manejo florestal etc.);
- desenvolver e adaptar métodos e indicar critérios para a realização de diagnósticos ambientais de atividades do agronegócio e de outras atividades em expansão no meio rural;
- desenvolver instrumentos e conhecimentos para aproveitamento e reciclagem de resíduos animais e vegetais, visando reduzir a poluição ambiental
2. CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
- enriquecimento e conservação de recursos genéticos exóticos e nativos de importância sócio-econômica atual e potencial para Rondônia, e incremento de sua utilização em programas de melhoramento vegetal para o desenvolvimento de uma agropecuária sustentável;
- compreensão de processos biológicos fundamentais e desenvolvimento de métodos biotecnológicos importantes para a competitividade, sustentabilidade e qualidade da produção agropecuária e agroflorestal;
- geração de conhecimentos e tecnologias para a caracterização e monitoramento de recursos naturais, dos impactos ambientais e sócio-econômicos das atividades agropecuárias e florestais e para a recuperação das áreas alteradas ou degradadas;
3. PRODUTOS TRANSGÊNICOS
- desenvolver, adaptar e/ou avaliar técnicas de identificação de alimentos transgênicos, visando atender mercados diferenciados para produtos não transgênicos;
4. MANEJO DOS SISTEMAS PRODUTIVOS
- desenvolvimento e transferência de tecnologias que permitam aumentar a renda da família rural através do aumento da produtividade e do valor agregado da produção;
- adaptação de tecnologias que possibilitem estabilizar a renda familiar através da diversificação da produção em pequena escala;
- adaptação de tecnologias que permitam a geração de empregos no meio rural;
- adaptação e transferência de tecnologias que possibilitem a sustentabilidade ambiental e a qualidade nutricional dos alimentos no meio rural;
- desenvolvimento de tecnologias gerenciais para a organização da produção, processamento e comercialização dos produtos agropecuários, notadamente dos pequenos e médios produtores e empresários;
5. CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS E SOBRE O USO DE FERTILIZANTES QUÍMICOS
- estimular a adoção de práticas biológicas na recuperação de solos, através da utilização de leguminosas arbóreas, arbustivas e herbáceas de múltiplos propósitos;
- maximizar a utilização dos processos biológicos de fertilização do solo (bactérias e fungos fixadores de nutrientes) que promovam a reciclagem de nutrientes e de resíduos orgânicos, com ênfase na manutenção da fertilidade do solo, na reabilitação de áreas degradadas e no equilíbrio ambiental;
- avaliar e selecionar germoplasma de plantas associadas à biota do solo, visando menor dependência dos insumos externos;
- potencializar a utilização do sistema de plantio direto, permitindo a conservação dos recursos naturais com produtividade e qualidade ambiental satisfatórias;
- geração e/ou adaptação de tecnologias em escala de insumos agroecológicos, notadamente sementes, mudas de leguminosas arbóreas e inóculos de fungos micorrízicos e de bactérias diazotróficas, para transferência ao setor produtivo
6. USO DE AGROTÓXICOS
- desenvolver e adaptar metodologias de avaliação e análise de risco do uso de agrotóxicos e de organismos de controle biológico na agricultura e no sistema solo-água-planta-atmosfera;
- ampliar os conhecimentos sobre biologia e ecologia das pragas e de seus inimigos naturais, ocorrência, epidemiologia e controle das principais doenças, buscando identificar mecanismos fisiológicos responsáveis pelos genótipos resistentes;
- desenvolver tecnologias envolvendo controle biológico, seleção de inseticidas/fungicidas mais eficientes, de baixa toxicidade e impacto ambiental mínimo;
- maximizar a utilização do controle integrado de pragas, doenças e plantas invasoras, que comprometem a qualidade e o valor econômico de matérias-primas e alimentos, visando a redução gradativa do uso de agrotóxicos
7. PESQUISA, GERAÇÃO DE CONHECIMENTOS E NOVAS PRÁTICAS
- desenvolvimento de tecnologias para a redução de perdas qualitativas e quantitativas em pré e pós-colheita nos diversos segmentos da cadeia produtiva e aproveitamento de subprodutos agroindustriais como alternativas de alimentação humana e animal;
- desenvolvimento de tecnologias para o processamento e industrialização de produtos de origem animal e vegetal;
- desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos que permitam ganhos sociais e econômicos através da qualidade, competitividade e características de produtos voltados para a saúde do consumidor;
- utilizar os conhecimentos da genética tradicional, genômica e da engenharia genética para aumentar a produtividade e qualidade dos produtos agropecuários;
- gerar, adaptar e/ou disponibilizar conhecimentos e tecnologias para o aprimoramento dos sistemas de produção das populações tradicionais (indígenas e extrativistas);
- desenvolvimento de tecnologias que viabilizem a integração lavoura-pecuária, visando maior sustentabilidade dos sistemas de produção;
- desenvolver técnicas integradas de manejo animal, recursos forrageiros e do solo para a intensificação da produção e diminuição de sua sazonalidade;
- melhorar o desempenho técnico dos sistemas de produção de leite, visando à sustentabilidade econômica e ecológica da agricultura familiar;
- aprimorar sistemas de produção envolvendo rotação e sucessão de culturas, visando à recuperação e à manutenção da capacidade produtiva do solo com conseqüentes ganhos de produtividade das culturas;
- desenvolver estratégias de monitoramento, controle e redução de fatores antinutricionais e contaminantes de alimentos, matérias-primas e de produtos processados e semiprocessados;
- promover o desenvolvimento de métodos de previsão de desempenho de agroecossistemas, com base em modelagem e em zoneamento agroecológico;
- intensificar estudos básicos, desenvolver e adaptar estratégias de tomada de decisão e aumento da precisão na agricultura, buscando maior eficiência no uso dos recursos e insumos, com menor impacto ambiental;
- gestionar e fornecer subsídios técnicos para o desenvolvimento de máquinas e equipamentos que atendam às necessidades da agricultura familiar;
- promover a melhoria do desempenho dos sistemas de produção agropecuários, visando à sustentabilidade econômica, social e ambiental da agricultura familiar
8. DIFUSÃO, CAPACITAÇÃO, ASSISTÊNCIA TÉCNICA
- desenvolvimento de tecnologias organizacionais que permitam a adequada tomada de decisão, considerando-se os riscos do negócio agrícola;
- desenvolvimento de tecnologias gerenciais para a organização da produção, processamento e comercialização dos produtos agropecuários, notadamente dos pequenos e médios produtores e empresários;
- fornecer conhecimentos básicos e tecnologias que sirvam de base para o estabelecimento de agroindústrias familiares;
- incrementar o desempenho técnico-econômico das principais cadeias produtivas do agronegócio estadual, mediante redução de perdas e aumento da eficiência de seus processos laborativos;
- adequar os processos de transferência de tecnologias e conhecimentos específicos à agricultura familiar;
- aprimoramento dos conhecimentos sócio-econômicos e tecnológicos, visando subsidiar o estabelecimento de políticas para o agronegócio;
- reduzir a vulnerabilidade dos produtos nacionais a barreiras não-tarifárias, como contaminação por resíduos químicos, físicos, biológicos ou patógenos
9. SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
- organizar um banco de dados geo-referenciados sobre os recursos naturais e sócio-econômicos;
- aumentar a disponibilidade de informações sobre mecanização, automação e informatização de atividades rurais;
- inovar e modernizar os métodos e instrumentos de comunicação entre os diversos segmentos que compõem o agronegócio estadual;
- utilizar os princípios da propriedade intelectual para propiciar aos pequenos produtores o acesso aos avanços da ciência e tecnologia;
- acompanhar e analisar, sistematicamente, o comportamento do agronegócio estadual e nacional, identificando atributos de qualidade, tendências, oportunidades e ameaças;
- aperfeiçoar os mecanismos de coleta, análise, armazenamento, disseminação e acesso às informações técnico-científicas.
Newton de Lucena Costa - Chefe Geral da Embrapa Amapá