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O resgate da esperança


Arnaldo Calil Pereira Jardim
A substância do Natal é a esperança, caracterizada para os cristãos no nascimento de Jesus. Na comemoração expõem-se promessas, dificuldades e vitórias para marcar a passagem a um novo tempo de reflexão e resgate.
Pois às vésperas do Natal deste ano não posso deixar de notar o poderoso simbolismo do resgate da esperança em dois destaques na Imprensa internacional: a morte de Nelson Mandela e a escolha do Papa Francisco como personalidade do ano pela revista americana Time.
Mandela – Madiba - marcou a história sul-africana como símbolo da luta contra o apartheid – regime de segregação racial liderado pela minoria branca entre 1948 e 1994 – e como primeiro presidente negro do país. Autoridades e personalidades de todos os continentes viajaram à África do Sul para as últimas homenagens ao ícone da luta pela igualdade racial e pela a perseverança em harmonizar uma realidade contraditória corrida por posições que se afiguravam incompatíveis. Não foi por menos que autoridades de todos os continentes viajaram à África do Sul para prestar uma última reverência a Madiba.
Em texto elogioso, a Time destacou que Francisco tem conquistado simpatia pela sua simplicidade, espontaneidade e principalmente pelo seu desejo de reformar a Igreja, expresso em medida como a publicação da Exortação Apostólica, em novembro, e na criação de comissões para elaborar mudanças na Constituição Apostólica Pastor Bonus, que norteia o funcionamento do Vaticano. Mais do que isso, penso eu, o Papa Francisco parece ter resgatado rapidamente, com o simbolismo de suas posturas, a essência da simplicidade cristã exemplificada nos evangelhos, respeitada e reconhecida por outros credos.
Como escreveu a revista, ele capturou a imaginação de milhões de pessoas que já haviam desistido da Igreja Católica, usando com maestria ferramentas do século XXI para conduzir o seu cargo do século I. Sintomático, ele é o terceiro Papa que empreende o resgate cristão dentro de sua própria Igreja a figurar no ranking da revista. Antes dele, João XXIII figurou em 1962 e João Paulo II foi o escolhido em 1994.
Então é Natal. E sob a presidência das ideias dos ícones modernos que citei acima, resgato esse espírito que orienta iniciativas voluntárias que se multiplicam para amenizar e confortar os menos favorecidos, os desvalidos e aflitos. A solidariedade, a perseverança, a simplicidade e a esperança orientam ações por um mundo melhor, individualmente e coletivamente nas instituições filantrópicas que atuam pelo bem comum.
Esse trabalho abnegado e desprendido transforma a realidade. É o contraponto ao “espírito” meramente mercantilista e consumista que a sociedade pós-moderna tenta impor ao verdadeiro sentido do Natal. São as ações de milhares de organizações sociais como ONGs, associações de bairro, sindicatos, clubes de serviço  APAEs, asilos, e conselhos municipais País afora que exercitam o ideário daqueles que, como eu, acreditam ser possível construir uma sociedade mais justa e solidária.
Quem sabe iniciativas como essas possam sensibilizar os jovens na ditosa tarefa de recuperar os sentimentos e a prática da solidariedade, da compaixão e da fraternidade, criando novas referências para uma sociedade tão materialista.
O Natal é assim oportunidade de resgatarmos a esperança e o e o sentido da passagem, do renascimento da Fé! No mais singelo dos gestos, como os de Mandela e do Papa Francisco – está verdadeiro espírito natalino.
Feliz Natal e que 2014 seja cheio de realizações e de boas ações.

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