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O dólar e a balança comercial



Argemiro Luís Brum
O governo brasileiro, desde o início deste ano, passou a adotar uma política mais agressiva em relação ao câmbio. Sem deixar de praticar o chamado sistema de câmbio flutuante, o governo passou a acionar o Banco Central de forma mais seguida na compra de dólares (intervenções no mercado comprador de dólar à razão de duas vezes por dia), redução mais acelerada do juro básico (Selic) e aumento do IOF sobre a entrada de moeda estrangeira.


A ideia era evitar novas sobrevalorizações do Real num momento em que a moeda nacional voltava à casa de R$ 1,65, com tendência de ir a R$ 1,40 devido à entrada importante de moeda estrangeira no país. A medida, no curto prazo, está surtindo efeito. Neste final de abril o dólar chegou a bater em R$ 1,90, alcançando a chamada paridade de poder de compra de janeiro de 1999, momento em que entramos no sistema de câmbio flutuante.

Todavia, no que diz respeito à balança comercial do país, tal movimento cambial, por enquanto, não trouxe grandes vantagens, embora possa ter impedido um recuo mais importante do saldo comercial. Assim como um Real forte não impediu constantes superávits comerciais nos últimos anos, um Real mais fraco no momento não tem conseguido impedir um recuo nesse superávit, contraditoriamente.

Nesse último caso, a paralisação maior da economia mundial, agora atingindo igualmente a China, está inibindo maiores exportações. Além disso, os preços internacionais das commodities, carro chefe das vendas brasileiras, estão, em média, menores em 2012.


O dólar e a balança comercial (II)

Dito de outra forma, o Real mais fraco ainda não fez o efeito esperado sobre a balança comercial, enquanto a freada da economia mundial nos atinge rapidamente. Desta forma, nossa balança comercial, no acumulado até o dia 22 de abril passado, conseguiu apenas um saldo comercial de US$ 2,26 bilhões, resultado de exportações acumuladas de US$ 68,39 bilhões e importações de US$ 66,13 bilhões. O saldo obtido em 2012, por enquanto, é 46,2% menor do que o conseguido em igual período do ano passado.

E o mais interessante é que, enquanto as exportações nacionais cresceram apenas 10,1% no período, as importações, que deveriam recuar diante de um Real mais fraco, aumentaram 14,2%. Além disso, na comparação de abril/12 com abril/11, as exportações recuaram 10,5% enquanto as importações se mantiveram. É provável que, na medida em que o ano avance, o efeito “Real mais fraco”, se o mesmo persistir, venha a mudar esse quadro.

Entretanto, no atual ritmo, o saldo final de nossa balança comercial em 2012 tende a ficar ao redor de US$ 10 bilhões, ou seja, mais de 50% abaixo do registrado no ano anterior. Isso irá agravar o já difícil quadro de nossa balança de transações correntes, elevando fortemente o seu déficit.


Enfim, conforme dados do primeiro bimestre do ano, as cooperativas participaram com 2,2% das vendas externas brasileiras. Como o saldo comercial do Brasil, nos dois primeiros meses do ano, ficou em US$ 420,8 milhões, e o das cooperativas em US$ 729 milhões, nota-se que o resultado obtido pelas cooperativas foi importante para segurar o superávit no início do ano.

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