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O crescimento não é sustentável



Argemiro Luís Brum
Na economia existe uma clara diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico de um país. O primeiro diz respeito à geração de riqueza, pelos habitantes, num determinado período de tempo. A evolução anual dessa riqueza gerada é medida pelo PIB ou o PNB. Já o desenvolvimento diz respeito ao uso adequado desta riqueza em favor da melhoria do bem-estar de vida do conjunto da população local. Quanto melhor a qualidade de vida geral, maior é o desenvolvimento.


O mesmo tem sido medido pelo IDH desde 1990. Nesse momento, na Conferência Rio+20, discute-se, sem muito sucesso, como tornar tal desenvolvimento, sustentável. Ora, antes mesmo desse, vem à tona no debate internacional a preocupação de que nem mesmo o crescimento econômico é sustentável, num horizonte de médio prazo, para o conjunto do Planeta.

Quem nos alerta sobre isso é o físico estadunidense Dennis Meadows, um dos autores do famoso relatório do Clube de Roma lançado em 1972 a esse respeito. Em entrevista ao jornal francês Le Monde (26/05/12), ele aponta que o verdadeiro problema mundial está na dinâmica do crescimento, pois há limites físicos para a população, o consumo de energia, o PIB, a produção de alimentos etc, crescerem.

Ao se demonstrar isso os políticos tendem a explicar que a aproximação desses limites será feita de maneira ordenada e sem sobressaltos, graças as leis do mercado. Ora, a crise financeira atual demonstra que, ao se chegar aos limites, as coisas não se passam tranquilamente.


O crescimento não é sustentável (II)

Ou seja, ultrapassar os limites significa afundar em crises. De forma simples, afundar em crise é caracterizado por uma sociedade que se torna cada vez menos capaz de satisfazer suas necessidades elementares, como alimentação, saúde, educação, segurança etc.

Alguns países já estão nessa situação enquanto os demais caminham nessa direção num horizonte de médio e longo prazo. Assim, o crescimento vai parar em parte devido a dinâmica interna do sistema, e em parte devido a fatores externos, como a falta de energia. Nos próximos 20 anos o mundo se modificará mais do que todo o último século, e a crise atual na Europa é apenas uma pequena parte do que o mundo verá acontecer.

E isso não se passará de maneira pacífica! Nem mesmo a China conseguirá manter o ritmo de seu crescimento atual. Então, a partir de 2030 tudo se modificará muito no mundo. A China, por exemplo, por não ter sabido cuidar de seu meio ambiente, corre o risco de assistir, naquela data, a impossibilidade de cultivar em 65% de sua área atual. Nesse sentido, quem tem o poder político não pode mais pensar na próxima eleição e sim nas consequências de suas decisões nos próximos 20 a 30 anos.


Nesse contexto, não se pode apenas pensar no crescimento econômico como solução aos problemas das nações. É preciso pensar mais longe! Para crescer hoje geramos dívidas a serem pagas no futuro. Quando chega esse futuro, os políticos que a geraram não estão mais no poder e quem herda o problema raramente encontra projetos estruturais consolidados que permitam sua solução.

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