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O Brasil e Mato Grosso em Copenhagen


Amado de Olveira Filho
O Brasil foi para Copenhagen para a 15ª Conferência das Partes (COP-15) com uma proposta audaciosa para uma Nação em desenvolvimento. Anuncia o Governo Federal uma redução de emissões entre 36% a 39%. Deste percentual, pelo que consegui deduzir, 31% são de responsabilidade do setor agropecuário.
Por outro lado, sem me embasar em qualquer pesquisa cientifica, imagino que a redução que dependerá da agropecuária se sustenta fortemente na redução do desmatamento. Já 8% para a indústria, certamente que é um percentual elevado. Quem não se lembra que em 2008 o setor agropecuário ultrapassou o industrial em exportações? Isto não ocorria havia 30 anos!
Claro que discutir a possibilidade da manutenção das gerações futuras é algo importante. Se fosse assim há 30 anos, teríamos um Estado de Mato Grosso muito melhor de como se apresenta hoje. Mesmo assim, estudos recentes apontam que detemos um ativo ambiental na ordem de 64% de nosso território e, ainda somos o Estado com maior volume de produção de proteínas animais e vegetais. Um sucesso!
Mas quais serão as responsabilidades de cada estado brasileiro para que a proposta levada a Copenhagen não se transforme em letras mortas? Sinceramente, não vi nada a respeito. Porém, como majoritariamente ela é alicerçada na redução do desmatamento, pode-se projetar que a responsabilidade do Estado de Mato Grosso deverá ultrapassar a casa dos 60% dos 39% que serão anunciados pelo Governo Federal.
Muito Bem! Se for este o número, que impactos recairão sobre nossa economia? Certamente que esta resposta está nos diversos estudos que embasam a proposta brasileira. Assim as autoridades em diversos níveis de governos que avalizam uma proposta deste quilate, devem possuí-los e, portanto deveriam divulgá-los integralmente. A sociedade merece ter essa informação afinal, a conta de qualquer conseqüência será paga por todos. E não é pequena, anunciam R$ 10 bilhões/ano.
E surgem ainda, mais indagações. Uma delas é como fica a imagem internacional brasileira caso não consigamos reduzir a emissões nos níveis voluntariamente propostos? Como fica a nossa competitividade industrial numa economia de baixa emissão de carbono? Certamente que haverá retaliações aos nossos produtos, tanto primários como secundários. Esta será, numa hipótese de insucesso na redução das emissões, a primeira fatura a ser paga com forte repercussão na economia brasileira, por conseguinte para você cidadão comum.
Antes que desavisados deturpem esta séria reflexão que faço, volto a alertar a importância de se discutir a qualidade de vida para gerações futuras. Não podemos deixar o Brasil se tornar um País insustentável como os Asiáticos e muito menos com florestas devastadas como os Europeus. Isto não é uma tarefa das mais difíceis. Chegamos muito bem até aqui, mesmo com as mazelas das grandes metrópoles, portanto, haveremos de continuar a ser um paraíso tropical.
Mas, não basta só isto para reduzir as emissões e honrar compromissos diante do mundo.  É preciso resolver os sérios problemas de saneamento ambiental, de transporte urbano e tantos outros que dependem tão somente da execução honesta dos orçamentos públicos, mas que contribuem fortemente na contabilidade das emissões.
Todos sabem das diferenças entre o Brasil e a Dinamarca. Lá, por exemplo, as pessoas possuem diferentes modelos de bicicletas para utilizá-las de acordo com a ocasião. E no Brasil? Quantas pessoas se utilizam de uma bicicleta para ir ao trabalho? E na Capital de Mato Grosso? Portanto, precisamos de transporte público de qualidade, caso contrário, continuaremos a consumir gasolina, portanto, mais emissões.
Devemos lembrar que nós não temos gás natural para a nossa demanda, enquanto o gás do pré-sal não chega, dependemos da Bolívia. Os taxistas de Cuiabá sabem muito bem o que isto significa!

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