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O agronegócio na próxima década – Perspectivas das principais atividades


Eleri Hamer

Em atenção às perspectivas brasileiras no agronegócio, antes de considerar as principais atividades, deve-se ponderar que em relação ao mercado e por tudo o que já foi discutido nos artigos anteriores, percebe-se que o destino das exportações agrícolas brasileiras tem demonstrado uma ascensão nos valores totais. As exportações do setor saíram dos pífios US$ 15 bilhões de dólares em meados da década de 90 para mais de US$ 36 bilhões 10 anos depois e têm grande expectativa de ultrapassar os US$ 70 bilhões por volta de 2015.

Análise desenvolvida pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) revela que existe uma tendência natural de que o país vá aumentar o volume das suas exportações com maior intensidade para os países emergentes e em desenvolvimento ao invés dos desenvolvidos. Esse fato está pautado principalmente nos aspectos relacionados à renda per capita e padrões de consumo.

Questões dessa natureza podem nos indicar que os produtos para exportação continuarão a ter importante espaço na pauta do agronegócio brasileiro, embora também deva haver uma expansão do mercado interno motivado pela ampliação da renda e o crescimento populacional.

Em relação a este último, o IBGE faz uma projeção da evolução da população brasileira até o ano 2100. A expectativa é que por volta de 2050 tenhamos 250 milhões de habitantes e antes da metade da década de 2060 entraremos no declínio populacional atingindo o seu ápice com 264 milhões de pessoas no país.

Os dados do movimento do comércio mundial, tendo como fonte os diversos organismos citados nos artigos da série, demonstram que nos próximos 10 anos teremos um incremento das exportações mundiais nos principais produtos conforme segue: soja 26%; milho 22%; frango 20%; Carne bovina 19,5%; arroz 19%; carne suína 18%; e por fim, açúcar e trigo com 15% e 14% respectivamente.

Embora ainda muito vago em função das indefinições em relação à legislação e capacidade produtiva, deve-se somar a esses aspectos dos produtos específicos, ainda o Etanol e o Biodiesel, que deverão sofrer um aumento na sua demanda da ordem de 80% e 150% respectivamente, num horizonte inferior a 10 anos.

Para o Brasil, os estudos e as projeções da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura (MAPA) nos dão uma interessante idéia das perspectivas para as principais atividades embora apresentando dados mais modestos que o FAPRI.

Em relação à soja, deduz-se que os preços no mercado mundial deverão se manter constantes até 2020, chegando a um valor por tonelada em torno de US$ 250 ao final desse período. Na questão da produção, consumo e exportação é perceptível que o crescimento da produção e consumo interno é desproporcional a favor do primeiro tanto em relação ao grão, como ao farelo de soja e o óleo de soja, o que nos leva a acreditar que em virtude do crescente volume de excedentes, o foco das exportações será efetivamente a nossa grande alternativa. Desse modo pode-se dizer que ampliaremos as nossas posições no comércio internacional, principalmente em relação à soja grão e farelo.

Para o algodão, novamente as projeções tanto de produção como de exportação da FAPRI são mais robustas do que as apresentadas pela AGE. Num cenário mais realista, para o órgão do MAPA, existe uma expectativa de que a produção brasileira seja ampliada de 1,71 milhões de toneladas no ano passado para 2,49 milhões de toneladas em 2016/2017. Neste período o consumo interno cresce a uma taxa menor que a média mundial o que faz concluir que as exportações deverão dar um salto de 408 mil toneladas em 2005/2006 para 720 mil toneladas, representando um aumento da ordem de 76,5%.

O aumento na exportação porém, não garante ao Brasil uma melhora da participação no mercado mundial de algodão e esse fato se deve principalmente em função da pequena participação do País no mercado Chinês, que sozinho representa quase a metade da compra mundial.

Em relação ao preço, embora nenhum dos estudos consultados se refiram a ele, é de se esperar que no máximo se mantenham nos patamares históricos, sem indicações de aumento, motivados por uma combinação das novas tecnologias e sistemas de produção de baixo custo aumentando a oferta e de outro a acirrada concorrência com as demais fibras.

Na próxima semana, a conclusão das projeções para carne bovina, suína, de frango, açúcar, milho, arroz, trigo e café brasileiros. Boa semana para todos.

Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, e desenvolve palestras, treinamentos e consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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