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O agronegócio na Bovespa – de quem será o benefício?


Eleri Hamer

No Brasil há uma recente corrida das empresas para a BOVESPA. De outro lado também há um ânimo declarado dos investidores para investir nas ações das empresas que ofertam os seus ativos dessa forma.

No caso brasileiro estão concentrados em dois grupos os principais players desse mercado. De um lado, as grandes empresas dos setores de telecomunicações, petroleiro, minerador, siderúrgico, varejo, segurador e imobiliário que detém a maioria das ofertas das ações, e de outro, os fundos de investimento e grandes especuladores pessoas físicas, além dos fundos de pensão e os próprios bancos que buscam nas ações dessas empresas opções de investimento atrativas.

Só recentemente o agronegócio tem se interessando efetivamente, e apesar de ser um setor com margens de lucro relativamente altas, assim como qualquer outro setor, tem a necessidade de financiamento, inclusive para a sua própria produção.

As crises que tem ciclicamente alfinetado o sono dos empresários do agronegócio, principalmente do produtor, em poucas ocasiões foram dissipadas com reais alternativas vindas das ações governamentais.

As alternativas públicas normalmente são paliativas, como as recorrentes renegociações de dívidas que efetivamente não tem utilidade para corrigir o modo de gerenciar do setor. Esse tipo de situação, ao mesmo tempo em que estimula o empreendedorismo irresponsável, contribui positivamente para o processo de inovação e por outro colabora ainda mais para a concentração de capital.

Desse modo, o mercado tem se incumbido de fornecer novas alternativas para financiar o agronegócio. Algumas nefastas como a integração antes e depois da porteira, motivado pela concentração desses setores, tornando-se um processo agrícola excludente. Outras, embora crescentes e muito importantes na segurança da comercialização, ainda são pouco utilizadas, como é o caso da Bolsa de Mercadorias e Futuros - BMF.

Diante da redução da importância relativa do setor público na oferta direta de crédito ao agronegócio, associado à falta de alternativas como fonte de recursos, começa um novo ciclo de financiamento para algumas empresas do setor: a oferta de ações, motivado principalmente pela popularização das bolsas no mundo.

Assim, as empresas do agronegócio também tem se interessado pela bolsa e percebido como uma grande alternativa para melhorar o seu desempenho além de efetivamente profissionalizar a sua gestão.

Nas principais cadeias que compõem o agronegócio nacional os setores que primeiramente se prepararam e fizeram ofertas de ações na bolsa tem sido as indústrias a montante e a jusante do produtor rural.

Essa característica de adotar estratégias modernas de coordenar a cadeia e assumir parcela significativa da renda que circula na cadeia tem sido uma distinção das agroindústrias do agronegócio desde os primeiros complexos rurais, ainda na década de 70.

Felizmente, com a avalanche de novas empresas, algumas médias e até pequenas, ofertando ações, e de outro a ampliação do acesso às bolsas, as empresas do agronegócio também começaram a estudar essa estratégia com mais afinco e muitas estão se ajustando às necessidades para permitir a entrada na bolsa de valores.

Por fim, há algumas questões que devem ser ponderadas neste aspecto: (i) qual o nível de profissionalização que a maioria delas se encontra e quanto tempo levarão para se ajustarem?; (ii) há efetiva continuidade e maturidade na gestão empresarial permitindo que estas empresas se mantenham atrativas diante da nova estratégia?; (iii) o número de empresas que perceberam e conseguirão implementar a estratégia deverá ser inicialmente muito pequena, o que de modo geral deverá beneficiar um grupo bastante reduzido de organizações, sendo a extensa maioria no setor agroindustrial.

É óbvio porém, que embora hajam custos e mudanças significativas na estrutura de gestão, o rol de vantagens é bastante atrativo, melhorando principalmente a direção e o custo do fluxo de capital para o agronegócio, levando em consideração que o custo ficará restrito ao nível de liquidez e a própria rentabilidade da empresa ofertante das ações.

Grandes investimentos para todos na semana que se inicia.

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