O povo brasileiro, conhecido mundialmente como alegre, compreensivo e que absorve tudo o que lhe é imposto pelos seus "lideres", acredito que tenha entrado num estado de êxtase. Aqui, entenda êxtase como uma das definições dada pelo dicionário Aurélio de "Fenômeno observado na histeria e nos delírios místicos, e que consiste em sentimento profundo e indizível que aparenta corresponder a enorme alegria, mas que é mesclado de certa angústia, fica o paciente quase de todo imobilizado, parecendo haver perdido qualquer contato com o mundo exterior".
A cada novo escândalo do Governo Federal (devidamente administrado em nome da harmonia entre os poderes), a cada confusão que alguns aloprados aprontam para a Nação, por alguns minutos testemunhamos gostosas gargalhadas como a dizer mais uma que "eles" aprontaram, porém, passado a aparente alegria burlesca, percebemos que o povo brasileiro já começou a desnudar a realidade e perceber que este não é o Brasil que queremos. Isto já é mensurável, basta observar o envolvimento da sociedade com as eleições municipais.
O último capítulo zombeteiro com a Nação agitou a oposição que ameaçou o Presidente da República com impeachment, mas os ânimos se acalmaram com a promessa do afastamento temporário da cúpula da ABIN. Inacreditável! Grampearam os telefones do Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, do Senador Presidente do Congresso Nacional e ambos os poderes se darão por satisfeitos com um pito presidencial em seus aloprados? Sinceramente, o afastamento temporário, neste caso é tão somente um pito dado por Lula, afinal, ocupam cargos de confiança.
Ao deslustrar os demais poderes, o Governo Lula estarreceu a Nação, reafirmou o que para mim já estava claro havia muito tempo, que seu jeito de governar nada tem a ver com o Estado democrático de direito. Ou é isto ou o Presidente da República não tem equipe e Governa soberanamente de forma extremamente centralizadora o que permite, pela impossibilidade de apenas uns poucos homens acompanharem todos os negócios da República, escândalos quase que diários. O que você prefere?
Num cenário destes, como é que ficamos
nós, as não autoridades? Se não fosse uma situação extremamente grave eu diria que seria ridiculamente cômico, mas veio do Presidente da Câmara dos Deputados a mais preciosa pérola. Disse a imprensa Arlindo Chinaglia: "Se não havia autorização, se é um grampo ilegal, é extremamente grave. É grave fazer contra qualquer cidadão, e fazer contra autoridades é inacreditável. Se alguém agiu errado, vai ter que pagar por isso". Vejam que o Arlindo preside a casa que representa o povo!
É bom que alguém avise o Presidente da Câmara que nós, as não autoridades, temos os mesmos direitos individuais dos ilustres parlamentares e, ainda, que o poder que eles exercem é delegação dada pelo povo, assim, é extremamente grave o grampo criminoso em telefone de qualquer cidadão, seja ele um humilde trabalhador, seja ele, o Presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Congresso Nacional. Outro absurdo na fala do deputado é quando ele afirma que se a espionagem for ilegal os responsáveis deverão ser punidos. Como pode haver grampo legal nos telefones destes grampeados? Se for legal, quem autorizou?
Assim anda a República. A população num claro desconforto com os arroubos dos discursos das autoridades, especialmente de oposição ao Governo Federal, que não traduzem em resultados práticos e, por outro lado, dos discursos do Chefe de um Governo que além do encanto pelo poder, acredita que a camada submarina denominada pré-sal pode, em função de sua profundidade, ao ser explorada, trazer japoneses juntamente com o petróleo, isto, no ano em que comemoramos 100 anos da chegada dos japoneses ao Brasil.
