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Mato Grosso pode produzir trigo


Amado de Olveira Filho

O pão nosso de cada dia nos dai hoje! Quem não gosta? Gostamos e precisamos, mas o caminho que faz o trigo para chegar sob a forma de pãozinho em nossas mesas é longo e caro. Pesquisas apontam que de 1996 a 2005 foram gastos mais de R$ 17 bilhões com importação de trigo. Hoje temos a Argentina como nosso principal fornecedor, razão mais que suficiente para ficarmos atentos, afinal, a Venezuela continua com o mesmo Presidente e, se a moda for endurecer com o Brasil, o pão nosso de cada dia pode ser a bola da vez.

  Esta situação não é nova, o Brasil sempre viveu uma história de problemas com abastecimento de trigo desde o império, passando por um violento processo de intervenção do Estado na comercialização e industrialização e que apenas em 1990 foram liberadas a comercialização e industrialização do trigo, eximindo o Estado da tutela sobre o setor. Olhando para traz parece um absurdo! E era!

   Agora chegamos ao final do ano de 2006, com o mesmo problema e, encontramos um cidadão que vem lutando para introduzir a cultura do trigo no Estado de Mato Grosso, estamos falando do Engenheiro Agrônomo da EMPAER, Hortêncio Paro. Pessoa simples, porém decidida a cumprir mais uma vez seu papel de fazer de nosso Estado um grande produtor de trigo. Assim foi com a soja, quando nos  anos 80 Hortêncio era a referência técnica da cultura no Estado.

    A revista Produtor Rural do mês de Novembro último traz uma longa entrevista com Hortêncio falando da cultura do trigo. Duas questões me chamaram a atenção, a falta de apoio do Governo e a questão da comercialização, ou seja, para dar certo, o trigo precisa de apoio do Governo do Estado em dois momentos, o primeiro para a produção e o segundo na atração de indústrias moageiras para o Estado, que devem ser conduzidos concomitantemente.

    O Governo do Estado não pode se omitir na criação  da Câmara Técnica do Trigo na Seder, uma solicitação que segundo o entrevistado já se passaram seis meses. Esta Câmara Técnica é importante, assim, teremos mais pessoas envolvidas, mais instituições acompanhando este importante trabalho e dividindo com Hortêncio  aquilo que hoje podemos chamar de seu fardo e, ainda as demais instituições de pesquisas trocando informações poderão comprovar a propalada viabilidade.

   Os números apresentados a respeito de produção e produtividade indicam margens de lucros acima de 30%, porém a preferência do pesquisador é pelo trigo irrigado. Segundo ele, os produtores que tem pivô central nas regiões abaixo de 15º de latitude e no mínimo 600 m de altitude e solos corrigidos, tem no trigo uma boa opção.

    Na entrevista fica também claro que é grande a receptividade dos produtores e ainda, que a qualidade do trigo produzido em Primavera do Leste é melhor que o trigo produzido no País e é comparável ao da Argentina. Verdades como esta nos faz lembrar da Carta de Pero Vaz de Caminha – aqui em se plantando tudo dá!

            Por tudo que li na entrevista da Revista Produtor Rural passei a acreditar que Mato Grosso pode produzir trigo, vejo também que é necessário dar as mínimas condições para o abnegado pesquisador da EMPAER. Afinal, está na moda a frase: deixa o homem trabalhar! Porque não?

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