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Lula, Bush, Chávez e os biocombustíveis


Amado de Olveira Filho

           O Presidente Lula e o Presidente Bush firmaram em São Paulo, um memorando de entendimento para fomentar a produção e o uso do etanol, um combustível considerado verde, produzido essencialmente por Brasil e Estados Unidos. Por sua vez o Presidente da Venezuela Hugo Chaves, enfurecido como sempre, se colocou veementemente contra a esta possibilidade de cooperação entre o Brasil e os EUA.

            O Brasil já produz aproximadamente 18 bilhões de litros/ano de álcool, contra 20 bilhões dos Estados Unidos. Os dois países juntos produzem 75% da produção mundial. O  Brasil pode chegar a 38 bilhões de litros/ano em seis anos, os EUA dobrarão sua produção em dois anos. A diferença é que a produção de álcool dos EUA tem como principal insumo o milho, cultura de ciclo curto, enquanto que nós produzimos a partir da cana.

            Sabemos que o nosso álcool é mais barato que o norte americano, além de que, a necessidade dos EUA aumentar a produção de álcool a partir do milho, oferece a agricultura brasileira algumas vantagens interessantes. Num primeiro momento o mercado de milho fica favorável ao Brasil e o mercado de soja mais ainda, em função da necessidade dos EUA de ter que produzir mais milho para converter em álcool.

            Exatamente quando fazemos esta análise de que a crescente produção de álcool pelos EUA, num primeiro momento, afeta o mercado mundial de milho e soja, precisamos refletir que eles já utilizam 20% da safra de milho para a produção de álcool e sabidamente não possuem áreas para a expansão para a produção de grãos. O Brasil que planta aproximadamente 6,0 milhões de hectares de cana tem outros 25,0 milhões com aptidão para novos plantios.

            Assim, podemos imaginar que com este Memorando assinado em São Paulo, os EUA desejam de fato é não ficar nas mãos de pouquíssimos fornecedores de combustíveis limpos como estão no caso do petróleo. Tanto isto é verdade que o item do Memorando que trata de Terceiros países obriga Brasil e EUA a trabalharem para selecionar outros países, inicialmente, na América Central e Caribe fomentando a produção de biocombustíveis.

            A preocupação deles é que se todos os países resolvessem adicionar 10% de álcool à gasolina, o consumo do combustível renovável chegaria a 130 bilhões de litros/ano. Um mercado extraordinário! Mas se o Brasil domina a mais de três décadas a tecnologia do álcool, se temos áreas para futura expansão, se temos experiência de negociação do álcool via Bolsa de Mercadorias & Futuro, portanto, com credibilidade para tratar da comercialização da futura commodity álcool, por que precisamos dos EUA?

            Hugo Chaves não gostou, eu também não. Claro que o Chaves está preocupado com o seu rico petróleo em função de que este combustível representa 80% de suas exportações e financiam todas as suas bravatas. Eu não gostei porque salvo melhor juízo, estamos perdendo a oportunidade de liderar a produção mundial de biocombustíveis. Por outro lado, sabemos que a preocupação de Bush é apenas comercial, se fosse ambiental, não taxaria nosso álcool em seu País e já teria assinado o protocolo de Kyoto.

            Atualmente precisamos das parcerias para alavancarmos grandes negócios. As parcerias precisam ser do tipo "ganha-ganha", sinceramente não consigo ver onde esta parceria poderá ser favorável ao Brasil e a nossa Agricultura. Você consegue?

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