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Indústria nacional: Para quando a retomada?



Argemiro Luís Brum
A indústria brasileira, após três meses de uma retomada, que resultou em crescimento acumulado de 2,2%, voltou a recuar em setembro, registrando queda de 1% em sua atividade. No acumulado dos nove primeiros meses de 2012 a queda na atividade industrial brasileira é de 3,5%, no acumulado de 12 meses (outubro/11- setembro/12) o recuo é de 3,1%, e no comparativo com setembro de 2011 a perda é de 3,8%.

Segundo relatório oficial (IBGE) “A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos doze meses, ao recuar 3,1% em setembro de 2012, prosseguiu com a trajetória descendente iniciada em outubro de 2010 (11,8%), e assinalou o resultado negativo mais intenso desde janeiro de 2010 (-5,0%).”.

Entre janeiro e setembro deste ano a queda acumulada na atividade industrial se deu em todos os setores. A mais aguda, de 12,4% foi na indústria de bens de capital, seguida pela indústria de bens de consumo duráveis, com recuo de 6,2% no período, pela de bens intermediários, com menos 2,2%, e pela de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, com menos 0,6%. É de se imaginar o tamanho do recuo na produção industrial brasileira se o governo não estivesse dando apoio há alguns setores, com a retirada de impostos, como é o caso dos automóveis e linha branca, por exemplo. 

Porém, mesmo estas registram recuos importantes em suas atividades. Tanto é verdade que “...a de veículos automotores, com queda de 15,4%, permaneceu exercendo a maior influência negativa na formação do índice geral, pressionada em grande parte pela redução na produção na maioria dos produtos pesquisados no setor (aproximadamente 85%), com destaque para a menor fabricação de caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques, automóveis, chassis com motor para caminhões e ônibus, autopeças, veículos para transporte de mercadorias e motores diesel para caminhões e ônibus.

Vale citar, também, as contribuições negativas vindas de alimentos (-3,5%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-16,3%), máquinas e equipamentos (-4,1%), metalurgia básica (-4,8%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-13,0%), edição, impressão e reprodução de gravações (-5,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-7,5%), vestuário e acessórios (-11,2%) e fumo (-15,3%)” (IBGE). Ou seja: 1) se confirma que a crise mundial atinge nossa economia de forma bem mais forte do que muitos imaginam; 2) embora importantes, políticas de apoio setoriais não resolvem no médio e longo prazo; 3) se cristaliza a necessidade de uma política industrial de natureza ampla e de longo prazo, que infelizmente não temos.

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