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Importância de Cuidar Silos Verticais e Armazéns de Grãos.



Adriano Mallet
Os Silos Metálicos Verticais são projetados para utilização na armazenagem de produtos granulados - grãos e cereais - não coesivos, com peso especifico de até 0,83 t/m³ ou 0,60 t/m³, para silos destinados à armazenagem somente de arroz. O ângulo de repouso médio considerado é de 27º.
Os silos para armazenagem de arroz se diferenciam dos demais (tipo padrão - para estocar grãos com peso especifico de até 0,83 t/m³) apenas na estrutura do corpo, tendo as chapas laterais e montantes com espessuras menores do que no padrão. Desta forma, não podem ser armazenados grãos com peso específico acima do arroz (obs: ver especificação técnica do fabricante), evitando riscos de acidentes decorrentes da ruptura das chapas laterais e tombamento do mesmo.
Para determinação da capacidade de armazenagem de um silo ou armazém graneleiro deve ser considerado o volume em metros cúbicos (m³), devido ao grau de compactação da massa de grãos armazenada que é em média de 6% a mais.
Composição padrão de um silo: telhado (cobertura) com sistema de exaustão para remover o ar quente e saturado que fica localizado internamente entre a massa de grãos e o telhado; portas de inspeção; plataforma de acesso; escadas com guarda corpo; controle de nível; espalhador de grãos; rosca varredora; termometria e sistema de aeração (ventilador e canais de aeração).
Saber operar e manter um Silo Metálico Vertical é tão importante quanto saber operar Secadores de Grãos e Máquinas de Limpeza. Devemos ter cuidados para manter a estrutura metálica em boas condições de conservação e ambiente para receber o produto, juntamente com os aspectos de segurança na carga e descarga e manutenção do produto armazenado.
Antes da próxima utilização os Silos e Armazéns devem passar por um processo de limpeza, varrendo e recolhendo resíduos como grãos deteriorados e impurezas, e destinar esta colheita para incineração ou enterrá-los, de tal forma que não sejam retornados para a massa de grãos, provocando a contaminação.  A limpeza deve ser realizada em todas as partes do silo como telhados, paredes laterais (chapas), canais de aeração, estruturas de sustentação (treliças, montantes, etc.). Essa limpeza também pode ser realizada e é até recomendável a utilização de água, lavando todo o interior do silo e, na sequência, pulverizar com inseticida higienizando o ambiente. Recomenda-se usar sempre silos com montantes externos para evitar pontos de contaminação entre o montante (estrutura de sustentação) e a chapa lateral do silo.
Carga e Descarga:
A operação de carga do Silo Vertical deve ser sempre realizada pela parte central do telhado (centro do silo/ talude), em função da necessidade de manter o equilíbrio das cargas verticais, radiais e de embucho, geradas pela massa de grãos armazenados ou em movimento. Realizado de forma descentralizada, este processo poderá gerar um desequilíbrio de forças provocando um recalque na base do silo e, consequentemente, um tombamento do mesmo ou deformação das chapas laterais. O mesmo risco ocorre na hora da descarga, quando realizada de forma descentralizada. Nesta situação, quando tivermos mais de um registro para executar a função, devemos acionar inicialmente o central e posteriormente os laterais, de forma que o talude interno da massa desça equilibrado. Por medida de segurança, recomenda-se utilizar sistema de fechadura (cadeado) nos registros laterais para evitar abertura em momentos errados.
Operação de Carga:
Antes de iniciar o carregamento, observar as recomendações abaixo:
• Espalhador de Grãos: verificar seus componentes para que estejam em perfeitas condições de funcionamento. Testar para se certificar de que todos os elementos móveis estejam girando sem nenhum tipo de interferência. Para um perfeito funcionamento na distribuição dos grãos, é importante que a capacidade de fluxo (t/m³) do Espalhador esteja compatível ao de carga do silo. 
• Rosca Varredora: verificar seu posicionamento na base do silo. Em caso de existir mais de um registro de descarga, posicionar a rosca próxima aos mesmos, cuidando para não obstruir o fluxo de saída dos grãos (não posicionar sobre os registros laterais na base). Testar a rosca em movimento para verificar se todos os elementos móveis estão girando livremente, sem interferência. Roscas com cobertura meia-cana devem ser colocadas na direção da lateral para o centro do silo, de tal forma que a última a ser colocada seja a primeira a ser retirada para iniciar a remoção do talude natural da massa de grãos.
• Cabos de Termometria: cuidar para que as fixações dos cabos (pêndulo), junto a base dos silos, estejam nos pontos determinados e com um sistema de fixação seguro. O pendulo deve ser composto por cabos de aço duplo (dois por pendulo), com resistência de até 1.250 kgf para camada de grãos até 28 m, e 2.500 kgf para até 50 m. Observar que a cobertura do silo e o telhado do armazém estejam dimensionados estruturalmente para resistir a carga dos cabos (peso próprio) mais o embucho que este realizará sobre a sua fixação, devido ao atrito dos grãos nos mesmos no momento da descarga. 
• Controle de Nível: é fixado na primeira chapa do corpo, a uma distância média de aproximadamente 300 mm do telhado, para evitar o excesso de carga no silo. O acionamento se dá através do contato com o grão e sinalizando no quadro de comando, desliga o sistema de carga (elevador de caçambas ou transportadores horizontais). Deve-se testar o controle para certificar-se de seu funcionamento junto ao quadro de comando e realizar limpezas periódicas para retirar o acúmulo de pó e grãos.
Operação de Descarga:
A abertura dos registros de descarga deve ser individual, partindo do centro para a extremidade do silo e somente após o escoamento total do produto por gravidade, pelo registro central. Todos os registros deslocados ou descentralizados devem ser seguramente chaveados ou controlados de modo a evitar a abertura acidental por pessoas desautorizadas. Eles somente podem ser abertos, após a saída de todo o produto pelo registro central, restando somente o talude natural.
• Rosca varredora: após acabar o escoamento por gravidade e abertos os registros, ligar a rosca. Iniciar a retirada das coberturas (meias-canas), uma de cada vez, na medida em que a rosca retirar o produto do centro para a extremidade (lateral do silo). Após a formação do cocho na massa de grãos, desengatar o suporte de fixação e travar a roda para que seja iniciado o processo de avanço sobre o talude.
• Cabos de Termometria: depois da descarga total por gravidade do produto e antes de acionar a rosca varredora, soltar os cabos que estão fixados na base do silo e enrolá-los, de modo que não interfiram com a rosca quando a mesma estiver em movimento.
Estrutura Física (Corrosão Metálica – Ferrugem):
A Corrosão Metálica em chapa galvanizada (zincada), conceitualmente, é a transformação de um material metálico ou liga metálica pela sua interação química ou eletroquímica num determinado meio de exposição, processo que resulta na formação de produtos de corrosão (ferrugem) e na liberação de energia. Quase sempre, a corrosão metálica por mecanismo eletroquímico está associada à exposição do metal (chapa galvanizada) num meio no qual existe a presença de moléculas de água (umidade), juntamente com oxigênio (ar) num meio condutor.
A Corrosão Branca é o nome dado aos depósitos brancos que se formam na superfície das chapas zincadas, originados das condições de má ventilação e umidade. Comumente chamada de “ferrugem”, quando encontrada em silos verticais e estruturas metálicas da cobertura dos armazéns, esta corrosão afeta não apenas o aspecto estético do material, como também e principalmente, a sua resistência mecânica e vida útil . A durabilidade da chapa galvanizada (zincada) dependerá diretamente do tempo que levar o processo de oxidação da camada de zinco e do grau de proteção (espessura / quantidade de zinco por m²).
A adoção de um processo preventivo anti-corrosão, ou seja, a eliminação do ambiente úmido e quente em silos metálicos e armazéns é a utilização de um “Sistema de Exaustão” , que retirará do interior do ambiente a umidade proveniente da massa de grãos quando esta perde água, devido à busca do Equilíbrio Higroscópico da mesma.
A oxidação prematura das chapas galvanizadas e montantes (estruturas verticais) de silos verticais é decorrente da condensação (gotejamento) que ocorre nas chapas do telhado e na lateral do silo. Essa umidade (água) é oriunda dos grãos armazenados.
A condensação e gotejamento em silos verticais e armazéns é um fenômeno físico de fácil comprovação técnica e visual.
A taxa de umidade do ar (umidade relativa) varia conforme sua temperatura, significando que, quando o ar ambiente aquece aumenta a sua capacidade de absorver umidade e diminui quando esfria (temperatura baixa – frio).
Este processo acontece da seguinte forma: a radiação solar provoca o aquecimento da cobertura do silo ou armazém (telhado metálico) e pela condução térmica aquece o ar interno, baixando a umidade relativa do ar. Esse ar com temperatura elevada absorve a umidade contida nos grãos armazenados pelo efeito da evaporação. Em contrapartida, quando este ar úmido entra em contato com a cobertura (telhado) resfriada, pela variação climática (noite ou período frio), cai a temperatura do mesmo elevando a umidade relativa interna, podendo, com isso, ultrapassar o ponto de saturação (orvalho), condensar e gotejar sobre a massa de grãos armazenada. Esta água irá iniciar o processo de oxidação nas chapas e nas estruturas do telhado e lateral do silo vertical, gerar mofo, deterioração e até a germinação dos grãos na camada superior do talude. Para evitar este fenômeno e a oxidação decorrente do mesmo, devemos ter um Sistema de Exaustão instalado na cobertura (telhado) na parte mais elevada.
Sistema de Exaustão:
Com a instalação de um Sistema de Exaustão na cobertura dos silos verticais e também em armazéns graneleiros, em quantidades proporcionais às características do ambiente, renova-se o ar interno entre o telhado e a massa de grãos, o qual está quente e saturado (úmido/ água), equilibrando a temperatura interna com a externa e eliminando, desse ambiente, o fenômeno físico da condensação. A aplicação de um Sistema de Exaustão também proporciona outros benefícios ao produto armazenado, como a aeração permanente (natural), extraindo além do calor da massa de grãos, elementos como pó, gases e a umidade do ar presentes no ambiente armazenador. Também evita o apodrecimento, mofo e germinação  indesejada, inibe a proliferação de pragas e insetos e aumenta a eficiência de inseticidas e fungicidas. Também impede a compactação da camada superior dos grãos, mantendo a uniformidade da temperatura da massa (b.u.) e facilitando a passagem do ar da aeração forçada. Economiza até 50% da energia elétrica por gerar uma equalização de temperaturas na massa de grãos, reduzindo horas de aeração e, consequentemente, a quebra técnica (perda de peso).
Sistema de Exaustão Estático:
Este modelo inovador de exaustor estático Cycloar com conceito simples e racional, é composto de dois cilindros estáticos, justapostos entre si, com diâmetros e alturas diferentes e venezianas/ aberturas invertidas – Principio de Venturi. O vento/ brisa (ar ambiente) ao passar pelas aberturas positivas do cilindro externo provoca o efeito de cicloneamento do ar no sentido horário, gerando zonas de baixa pressão nas aberturas negativas do cilindro interno, o que promove a extração do ar poluente. A passagem do ar pela abertura superior do cilindro externo também causa zona de baixa pressão no aparelho, aumentando a sua exaustão (vazão). Na ausência de vento, este sistema continuará em operação com menor intensidade, por diferencial de pressão. A aeração natural obtida por este sistema, ocorre pela renovação de ar interno por ar externo. Os aparelhos devem ser instalados próximos ao ponto mais alto da cobertura do silo vertical ou armazém graneleiro, obtendo-se a reposição de ar natural pelas portas, elementos vazados ou pelos canais de aeração, localizadas abaixo da massa de grãos, na base civil (piso).
O Sistema Cycloar, tem sua aplicação especificamente para o mercado armazenador e sementeiro, por ser um equipamento eficiente no processo de exaustão. Não permite infiltração de água (chuva) sobre a massa de grãos, é resistente aos efeitos de ventos fortes e também ao desgaste de peças, pois este equipamento tem sua concepção estática, ou seja, não gira e desta forma, não tem peças de desgaste.  
Cuidados pessoais na operação dos Silos Verticais:
Evite entrar no Silo durante o processo de carga e descarga, mas havendo necessidade tenha muito cuidado e observe:
• Desligue todos os motores ou equipamentos elétricos.
• Use equipamentos de segurança para evitar quedas.
• Use máscara contra poeiras e gases.
• Coloque uma pessoa do lado externo para auxiliá-lo, em caso de necessidade operacional e segurança.
• Evitar caminhar sobre a massa de grãos, caso seja imprescindível, usar Sistema de Segurança (EPI).
Manutenção da Rosca Varredora
Verificar a união das calhas e base do acionamento e se a rosca está torcida ou com uma flecha fora do padrão limite de trabalho. Fazer reparos quando observar algum parafuso frouxo. Quanto ao caracol, realizar um controle periódico, a fim de verificar o desgaste, roda emborracha e demais itens móveis. Em roscas varredoras que possuem caixa redutora na roda emborracha e acionamento por motorredutor ou motor-redutor, deve-se observar, sistematicamente, o nível do óleo. Para uma maior durabilidade do equipamento, após a operação, executar uma limpeza. Isto pelo fato de os grãos desprenderem um pó muito fino que, com a umidade e calor, poderão fermentar e iniciar um processo de corrosão.
Descarga Lateral de Silos Verticais:
Acessório que tem como principal objetivo realizar a descarga do silo, sem a utilização de energia elétrica, somente por gravidade. Dessa forma reduzem-se os danos mecânicos nos grãos (quebra e fissuras). Este dispositivo é composto de uma escada interna que possibilita a descarga de forma gradual, por camadas, movimentando a massa por faixas no sentido de cima para baixo, para evitar o efeito de embucho natural dos grãos nas chapas laterais do silo. Existe uma chapa de proteção instalada entre a escada e a chapa lateral do silo, para facilitar a passagem do fluxo dos grãos, que é abrasivo. A não instalação desta proteção provocará desgaste e consequentemente riscos de ruptura do corpo (cilindro – lateral).  Registro de Descarga com sistema de segurança (cadeado) para evitar abertura fora do período de expedição é instalado do lado externo do silo, junto ao corpo. Este sistema de descarga lateral pode ser instalado em qualquer altura (anel) do silo vertical e, quanto mais próximo ao nível do solo, maior será o percentual de descarga da massa de grãos por gravidade.
Nota Importante: A aplicação deste sistema sem a escada interna e a chapa de desgaste, usando somente uma abertura na chapa lateral do silo e um registro, provocará deformação na estrutura física e consequentemente acidentes. Para instalação de uma Descarga Lateral, consultar sempre o fabricante do silo e adquirir o sistema por ele fornecido, garantindo o funcionamento e a segurança na operação.
Manutenção e Substituição das Chapas Galvanizadas dos Silos Metálicos e/ ou Telhados (Coberturas) de Armazéns Graneleiros.
As Chapas Galvanizadas (Zincadas) são entregues na obra com um tratamento de superfície (passivação). Este tratamento fornece uma proteção periódica / temporária contra a Corrosão Branca, a qual é a oxidação do zinco que se forma na superfície da chapa, na presença de água ou umidade excessiva. Tema que já mencionamos nesta matéria, quando abordamos as conseqüências do efeito da condensação/gotejamento sobre a massa de grãos e na lateral do silo.
Na hora de estocar as Chapas Zincadas, observar:
- Mantenha as chapas em local coberto, seco, longe de vãos e ou portas abertas e livres de qualquer poluição até sua instalação.
- Estoque as chapas sobre estrado de madeira ou metálico, evitando contato com o chão e permitindo a ventilação de ar por baixo.
- Mantenha o produto embalado, evitando condensação de umidade entre as chapas galvanizadas.
- Faça inspeções periódicas – no caso de molhamento direto (chuva) ou por condensação de umidade, seque o produto imediatamente com ar comprimido e/ou por outros meio.
Nota: estas instruções acima, também são validas para todos os equipamento e peças galvanizadas que recebemos em obra, para montar um equipamento ou realizar manutenção.
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