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Fim da era dos economistas


Amado de Olveira Filho
A frase não é nova, nem poderia ser, vindo de quem a pronunciou, numa lógica sensacionalista de auto afirmação da busca de manutenção do poder. Registros recentes creditam também a Cristovam Buarque de Holanda com o seu livro “A desordem do progresso: o fim da era dos economistas e a construção do Futuro”, publicado no ano de 1990, porém, nesta pérola, Cristóvão esclarece suas razões, especialmente, as ambientalistas.

Em 1995 outro, também da esquerda brasileira se volta contra os economistas, trata-se do físico Luiz Pinguelli, este de maneira mais histérica assim, afirmou: "Os seres mais problemáticos da nossa vida contemporânea são os economistas. Majoritariamente, eles são perniciosos. São como os torturadores do tempo da ditadura". Porém este “cara” é o mesmo que afirmou ser o PT um partido pusilânime, palavra que tem dentre outros, o sinônimo de medroso, covarde, poltrão. Sendo assim...

Agora neste ano, já por duas oportunidades o Presidente da República surge parodiando os dois doutores. Anunciou em Manaus e depois em São Bernardo do Campo, o “fim da era dos economistas”. Isto não me decepciona, é claro que a insensatez de um culto é grave, porém de um curto de conhecimento deve ser denunciada e, as instituições de classe que congregam os economistas, certamente buscarão um esclarecimento junto ao Governo por tamanha agressão.

A insensatez presidencial ganha maiores contornos quando ele associa a profissão de Economista à especulação, denunciando que “durante 20 anos nós ficamos discutindo a nossa dívida. A gente trabalhava de manhã para comer de tarde”. Claro que o sistema financeiro sempre fez isto. O Governo Lula também, vejam os preços dos combustíveis e de todos os serviços com preços controlados. Nós os economistas sempre nos manifestamos: Não a especulação financeira! Não a expropriação praticada pelo Governo!

De insensata a fala do presidente, mesmo que absurda, deve ser considerada, para que a sociedade declare o fim de muitas coisas que destroem o Brasil. Primeiramente devemos declarar o fim de políticos corruptos, especialmente os que posam de honestos, analfabetos, absolutistas, golpistas e especialmente aqueles que nunca sabem de nada. Já os Conselhos Regionais de Economia e o Conselho Federal de Economia, não podem mais permitir manifestações equivocadas como estas, mesmo que venham do Palácio do Planalto.

Sinceramente espero alguma manifestação da categoria. Espero que os Conselhos Regionais reúnam, não apenas os seus Conselheiros, mas convoquem para uma Assembléia Geral todos os Profissionais de Economia e que desta Assembléia saia um documento repudiando sua Excelência o Presidente da República. Qualquer coisa menos que isto, nossa categoria estará dando mão a palmatória.

Voltando à fala do Presidente, quando ele diz que agora é a vez dos engenheiros, isto é extremamente importante para o Brasil. Mesmo entendendo que agora deveria ser a vez de todos os bons profissionais, espero que o Governo Lula utilize bem os Engenheiros para colocar os cronogramas de todas as obras do PAC em dia. E ainda, oferecer à Nação toda a infra-estrutura econômica que se encontra defasada diante da pujança econômica que demanda por ferrovias e rodovias trafegáveis, energia elétrica, portos suficientes, etc.

Não nos esqueçamos que a Constituição Federal em seu Artigo 5º, Inciso IV assegura a livre manifestação do pensamento, porém, no mesmo artigo e no inciso seguinte, assegura o direito de resposta proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. O Presidente Lula não pode falar o que pensa sem avaliar as conseqüências de sua fala. Mesmo sendo, ainda, o Presidente da República.

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