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Eleições em Cuiabá, jogo combinado.


Amado de Olveira Filho
O técnico para o ponta: Você dribla o lateral, se livra do zagueiro, cruza para a área e o nosso centro-avante faz o gol! Esta história todo mundo conhece. Inclusive a resposta do ponta. Mas o que dizer das coligações para as eleições a prefeito de Cuiabá? Incrível! Todo mundo jogando na retranca. Vamos ver se conseguirão combinar com o povo.

 É muito difícil para qualquer eleitor entender uma coligação em Cuiabá entre o PSDB e sua fila do chamado arco de alianças com o PSB (claro, tudo respeitando as convicções ideológicas e programáticas) e também seus partidos aliados. Nada de ideologia. Nada de companheirismo, até a poucos dias o maior expoente do PSB era um ferrenho crítico do Prefeito da Capital. Porém, o mais difícil para os eleitores será votar num candidato sabendo que em dado momento o prefeito será outro. Isto poderá não dar certo.
 Já entre o PR e o PT vimos que já aconteceu a coligação que apresenta o maior exemplo de convergência de posições antagônicas. O capital e o trabalho trilhando juntos. Bem, mas isto já está acontecendo em nível nacional. E daí? Ideologia é algo que o sujeito tem ou não tem! Aliás, nos últimos 30 anos vi o PT em Mato Grosso chamando seus adversários de neoliberais num sentido pejorativo do tipo doença que pega. Pegou!
 Estranha doença, Karl Marx, o maior crítico do capitalismo, também teve seus deslizes, autor de mais de uma dezena de importantes obras consideradas verdadeiras leis ou tratados para a economia, preferiu casar bem suas filhas para que não sofressem perseguições por suas atividades revolucionárias. Então o ícone maior no combate ao capitalismo tinha suas fraquezas. Nenhum pecado, até Jesus Cristo as tinha.
 Uma coligação normal, sob o aspecto ideológico está se desenrolando entre o PP e o DEM, mas, com grande turbulência, dificuldades em apontar um candidato a Vice-prefeito e vários acidentes de percursos. Se as eleições fossem hoje seguramente estariam polarizadas as coligações lideradas pelo PP/DEM x PSDB/PSB e, com resultados imprevisíveis.

 De tudo isto dois fatos chamam bastante a atenção. O primeiro e bastante visível é que os partidos políticos estão, desde já, disputando as eleições de 2010, quando deveremos eleger o novo Governador do Estado. Assim, as eleições municipais sofrem este processo de desqualificação, afinal, os interesses são bem maiores. O eleitor ignora que eleger o Prefeito pode ser até mais importante que o Governador, afinal, o Prefeito é o seu ente público mais próximo e presta serviços diretamente a ele.
 O segundo fato preocupante é que para viabilizar estas intrincadas coligações, e pelo fato de todas estas articulações tomarem todo o tempo das maiores “lideranças”, os candidatos a candidatos a vereadores que poderiam melhorar o desempenho do Legislativo Municipal, se afastam do processo. Desta forma, a possibilidade de uma renovação expressiva na Câmara Municipal vai se reduzindo, mesmo com mais de 400 pré-candidaturas, pois, certamente as candidaturas com chances de sucesso, em sua maioria, serão as dos atuais vereadores.
 Para refletir! Ao adentrar na cabine eleitoral você eleitor de Cuiabá, deve fazer para você mesmo, três perguntas básicas: a primeira é se você está votando em alguém que represente o capital ou o trabalho, a segunda é em quem você está votando para um mandato de quatro anos e a última é se o seu candidato a prefeito está qualificado para gerir os destinos da Capital. Se num exercício hoje você não conseguiu escolher o seu candidato, não desanime, você terá todo o horário eleitoral gratuito para decidir.
Se a dúvida persistir, você está na mesma situação do técnico orientando seu ponta. Mas é assustador imaginar que a regra válida para a maioria dos Partidos Políticos é tão somente a de não perder as próximas eleições!

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