CI

Efeito de estresse na cultura de milho


Mauro Cesar Celaro Teixeira

Primeiramente é necessário caracterizarmos o que se entende por estresse (do inglês, "stress"). Quando nos referimos ao estresse devemos considerar não somente o ambiente ou o agente causador, mas também o indivíduo. Portanto, segundo esses critérios, não existem ambientes estressantes por si só, pois para cada ambiente, por mais adverso que pareça, é muito provável que encontremos seres vivos habitando esses locais sem manifestarem sintomas de estresse. Desta forma, poderíamos dizer que um agente ou fator potencialmente causador de estresse em determinado indivíduo, seria aquele que está em um nível acima ou abaixo da faixa ótima para esse indivíduo, provocando alteração no metabolismo a tal ponto que afete negativamente seu crescimento e/ou desenvolvimento. Além da diferença entre espécies em resposta aos fatores do meio, é de se esperar também diferenças entre raças ou variedades, como também em um mesmo indivíduo nas diferentes etapas de seu desenvolvimento.

O milho (Zea mays L.) é espécie originária da América Central, sendo hoje cultivado desde 52° de Latitude Norte (Canadá e norte da Europa) até 40° de Latitude Sul (Argentina). Portanto, embora o milho possua grande capacidade de aclimatação, visto a variação de ambientes onde é cultivado, está sujeito a fatores adversos que podem levar ao estresse em algum local ou momento, com reflexos no desenvolvimento e na produtividade de grãos. Dessa forma, são estabelecidos períodos durante o desenvolvimento das plantas quando devem ser evitados que os fatores do meio atinjam níveis considerados críticos e portanto, potencialmente estressantes. 

Semeadura a emergência.

Neste subperíodo, principalmente a umidade e a temperatura do solo, controlam o início e a taxa do processo. Quando as condições de umidade estiverem adequadas, o aumento da temperatura acelera o desenvolvimento, encurtando o subperíodo. Dificilmente podem ser alteradas essas condições de ambiente para a semente uma vez implantada a lavoura. Portanto, a observação da época e da profundidade da semeadura são fundamentais para o êxito desta etapa. Para o milho, no Sul do Brasil, quanto mais cedo ocorrer a semeadura (dentro da época recomendada), mais frio estará o solo e, nessas condições, é indicada a semeadura em profundidade menor. Na semeadura do tarde, o solo está mais quente e normalmente com menor disponibilidade hídrica, desta forma a semeadura mais rasa é indicada.

Na emergência, o ponto de crescimento e a maior parte da semente de milho, que corresponde às reservas, ao contrário de outras espécies de emergência epígena como a soja e o feijão, são mantidos no interior do solo. A estrutura que rompe o solo é chamada de coleóptilo, servindo de proteção e caminho para as primeiras folhas da plântula. Desta forma, considerando a observação do vigor e germinação das sementes, dificilmente teremos problemas de emergência e estabelecimento para essa cultura. 

Emergência – Período Reprodutivo

Nesta fase, o componente do rendimento, número de espigas por área já está definido, pois normalmente é observada uma espiga por planta.
No entanto, nesse subperíodo é estabelecido o número potencial de grãos por espiga, que é função da definição do número de fileiras por espiga (componente de alta herdabilidade) e, principalmente, da definição do número de óvulos por fileira. Dessa forma, as plantas de milho devem crescer livres da competição com plantas indesejáveis (daninhas), favorecendo assim o aproveitamento dos recursos do meio (água, luz e nutrientes) pelas plantas de milho. Um dos fatores de manejo, normalmente empregado e que mais afeta o número potencial de óvulos é adubação nitrogenada de cobertura. Esta deve ser realizada anteriormente ao desenvolvimento da espiga para que não ocorra estresse nutricional com posterior redução do rendimento de grãos pela redução do número de óvulos da espiga.

Durante este subperíodo, principalmente à noite, quando o status de água é maior na planta, é comum agricultores dizerem que "vão ao campo escutar o milho crescer", tamanha a rapidez da expansão de tecidos vegetais verificada neste subperíodo. Pois, a maioria das células vegetais é envolvida por uma estrutura composta principalmente de celulose chamada parede celular. Esta parede funciona para as plantas como o esqueleto para os animais, dando sustentação aos tecidos e órgãos. A água possui papel fundamental para a expansão desta parede e para o conseqüente crescimento e alongamento da planta.

A temperatura, acelerando o metabolismo, influencia a emissão e expansão de folhas. Em semeaduras do cedo, esta fase normalmente coincide com temperaturas mais baixas e nas do tarde, com temperaturas mais altas. Assim, Tanto a área foliar como o número de folhas do milho aumentam com o atraso da época de semeadura. 

 Período Reprodutivo

O milho é planta monóica diclina com polinização anemófila, ou seja, possui as estruturas florais masculinas e femininas na mesma planta, porém em locais diferentes e com polinização realizada pelo vento, não necessitando de outros agentes polinizadores. O pendão é a inflorescência masculina e está localizado no ápice da planta. Normalmente possui grande quantidade de pólen localizado dentro dos estames e normalmente liberados perto do meio dia quando a temperatura aumenta e umidade diminui.

Esta fase é fundamental para determinar o número de grãos por espiga.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.