Introdução
A Região Amazônica caracteriza-se por uma multiplicidade de ecossistemas complexos, resultante de variadas combinações de fatores ambientais, como: tipo de solos, clima e diversidade de fauna e flora. Para a Embrapa, a interdependência destes fatores, especialmente das espécies animais, vegetais e microorganismos, predominantes em solos com baixa fertilidade natural, imprimem um caráter de fragilidade a este ecossistema, quando do seu uso agrícola ou pecuário.
Nos últimos 30 anos, a Amazônia tem sido submetida a um processo de deflorestação para o desenvolvimento da agricultura e, principalmente da pecuária, resultante de estímulos governamentais, mediante incentivos fiscais, implantação de projetos de assentamentos rurais, financiamentos a juros subsidiados, construção de estradas, etc. Como resultado da conversão de floresta em pastagens tem-se verificado conseqüências negativas para a região, aumentando as áreas abandonadas com solos degradados e improdutivos. A substituição de florestas tropicais por pastagens constitui, na maioria dos casos, uma prática extremamente destrutiva com conseqüências desastrosas para a fertilidade do solo poucos anos depois. A retirada da floresta, a fragilidade dos solos e a expansão da fronteira agrícola sem o devido conhecimento da vocação agroecológica da região, são fatores importantes a serem considerados na análise sobre a expansão das áreas degradadas da Região Amazônica.
1. Solos
A maioria dos solos da Região Amazônica caracteriza-se por uma baixa fertilidade e elevada acidez, sendo que os tipos mais representativos são os Oxissolos que compreendem 45,5% da região, os Ultissolos com 29,9% e os Entissolos com 15%, quase todos de origem aluvial. Somente 8% dos solos são considerados de fertilidade relativamente alta.
Para a Embrapa, as principais restrições químicas destes solos são a elevada acidez, a deficiência em P, a baixa capacidade de intercâmbio catiônico e uma ampla deficiência de N, K, S, Ca, Mg, B, Cu, Zn e, ocasionalmente outros micronutrientes. Cerca de 81% da região possuem solos considerados ácidos, com pH inferior a 5,3, indicando uma provável toxidez de Al para muitas espécies de plantas. Outros 90% apresentam níveis de P disponível baixos e 56% com deficiência em K em seu estado natural. A Embrapa Rondônia verificou que em 161.689 km2 (66,53%) da área do estado, os solos têm como principal limitação a fertilidade natural dos solos, ao passo que somente 14.570 km2 (5,99%) são considerados férteis, embora estejam associados a relevo ondulado.
2. Ciclagem de nutrientes
No ecossistema da floresta existem três depósitos de nutrientes: o solo, com baixa proporção dos nutrientes totais presentes no ecossistema; a biomassa vegetal e os detritos (liteira), com um conteúdo maior de nutrientes. A manutenção da Floresta Amazônica deve-se a uma eficiente reciclagem de nutrientes que ocorre entre a biomassa e húmus do solo. No ecossistema da floresta existem três depósitos de nutrientes: o solo, a biomassa e os detritos orgânicos (liteira). Para uma floresta próxima de Manaus, em média, 75% dos nutrientes encontram-se na biomassa. As precipitações contribuem para enriquecer (importações) o sistema, arrastando o pó e o N atmosférico ao solo. Por outro lado, parte dos nutrientes minerais são perdidos (exportações) por lixiviação. As importações e exportações em florestas tropicais são reduzidas e aproximadamente iguais. Simultaneamente, as folhas e o detrito orgânico caem e se acumulam na superfície do solo, sofrendo um processo de decomposição por microorganismos liberando os nutrientes para as plantas. As plantas, que geralmente possuem sistema radicular superficial, utilizam estes nutrientes para seu crescimento, fechando o ciclo. Paralelamente, ocorre processo de fixação simbiótica de N, recompondo as perdas por desnitrificação.
O mais importante mecanismo para conservação dos nutrientes liberados pela decomposição é a concentração de raízes na camada superficial do solo, principalmente de raízes pequenas. Outros fatores também são citados como mecanismos de conservação de nutrientes: a alta biomassa de raízes e razão biomassa raízes/biomassa aérea alta; ação das micorrizas, aumentando a superfície de absorção de nutrientes; e, a maior parte dos nutrientes incorporados em biomassa, evitando risco de perdas por lixiviação.
Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá
A Região Amazônica caracteriza-se por uma multiplicidade de ecossistemas complexos, resultante de variadas combinações de fatores ambientais, como: tipo de solos, clima e diversidade de fauna e flora. Para a Embrapa, a interdependência destes fatores, especialmente das espécies animais, vegetais e microorganismos, predominantes em solos com baixa fertilidade natural, imprimem um caráter de fragilidade a este ecossistema, quando do seu uso agrícola ou pecuário.
Nos últimos 30 anos, a Amazônia tem sido submetida a um processo de deflorestação para o desenvolvimento da agricultura e, principalmente da pecuária, resultante de estímulos governamentais, mediante incentivos fiscais, implantação de projetos de assentamentos rurais, financiamentos a juros subsidiados, construção de estradas, etc. Como resultado da conversão de floresta em pastagens tem-se verificado conseqüências negativas para a região, aumentando as áreas abandonadas com solos degradados e improdutivos. A substituição de florestas tropicais por pastagens constitui, na maioria dos casos, uma prática extremamente destrutiva com conseqüências desastrosas para a fertilidade do solo poucos anos depois. A retirada da floresta, a fragilidade dos solos e a expansão da fronteira agrícola sem o devido conhecimento da vocação agroecológica da região, são fatores importantes a serem considerados na análise sobre a expansão das áreas degradadas da Região Amazônica.
1. Solos
A maioria dos solos da Região Amazônica caracteriza-se por uma baixa fertilidade e elevada acidez, sendo que os tipos mais representativos são os Oxissolos que compreendem 45,5% da região, os Ultissolos com 29,9% e os Entissolos com 15%, quase todos de origem aluvial. Somente 8% dos solos são considerados de fertilidade relativamente alta.
Para a Embrapa, as principais restrições químicas destes solos são a elevada acidez, a deficiência em P, a baixa capacidade de intercâmbio catiônico e uma ampla deficiência de N, K, S, Ca, Mg, B, Cu, Zn e, ocasionalmente outros micronutrientes. Cerca de 81% da região possuem solos considerados ácidos, com pH inferior a 5,3, indicando uma provável toxidez de Al para muitas espécies de plantas. Outros 90% apresentam níveis de P disponível baixos e 56% com deficiência em K em seu estado natural. A Embrapa Rondônia verificou que em 161.689 km2 (66,53%) da área do estado, os solos têm como principal limitação a fertilidade natural dos solos, ao passo que somente 14.570 km2 (5,99%) são considerados férteis, embora estejam associados a relevo ondulado.
2. Ciclagem de nutrientes
No ecossistema da floresta existem três depósitos de nutrientes: o solo, com baixa proporção dos nutrientes totais presentes no ecossistema; a biomassa vegetal e os detritos (liteira), com um conteúdo maior de nutrientes. A manutenção da Floresta Amazônica deve-se a uma eficiente reciclagem de nutrientes que ocorre entre a biomassa e húmus do solo. No ecossistema da floresta existem três depósitos de nutrientes: o solo, a biomassa e os detritos orgânicos (liteira). Para uma floresta próxima de Manaus, em média, 75% dos nutrientes encontram-se na biomassa. As precipitações contribuem para enriquecer (importações) o sistema, arrastando o pó e o N atmosférico ao solo. Por outro lado, parte dos nutrientes minerais são perdidos (exportações) por lixiviação. As importações e exportações em florestas tropicais são reduzidas e aproximadamente iguais. Simultaneamente, as folhas e o detrito orgânico caem e se acumulam na superfície do solo, sofrendo um processo de decomposição por microorganismos liberando os nutrientes para as plantas. As plantas, que geralmente possuem sistema radicular superficial, utilizam estes nutrientes para seu crescimento, fechando o ciclo. Paralelamente, ocorre processo de fixação simbiótica de N, recompondo as perdas por desnitrificação.
O mais importante mecanismo para conservação dos nutrientes liberados pela decomposição é a concentração de raízes na camada superficial do solo, principalmente de raízes pequenas. Outros fatores também são citados como mecanismos de conservação de nutrientes: a alta biomassa de raízes e razão biomassa raízes/biomassa aérea alta; ação das micorrizas, aumentando a superfície de absorção de nutrientes; e, a maior parte dos nutrientes incorporados em biomassa, evitando risco de perdas por lixiviação.
Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá