O ecossistema de pastagens cultivadas caracteriza-se pelas inter-relações entre solo, planta, animal e clima, influenciadas pelas práticas de manejo. Estes compartimentos são ligados por cadeias alimentares, fluxos de energia, gases, água, etc. O compartimento solo está dividido em duas partes: a fração inorgânica, constituída pelos minerais do solo, e a fração orgânica (resíduos), constituída pelos restos de plantas mortas, organismos, excreções, etc. Os nutrientes destas frações encontram-se em equilíbrio, sendo que os resíduos representam um estado transitório onde ocorrem transformações para o retorno dos nutrientes ao ciclo. A absorção de nutrientes pelas plantas da pastagem e seu consumo pelos animais em pastejo representam um atraso temporário no fluxo de nutrientes. Dentre as fontes de nutrientes ao sistema, destacam-se: (a) o material de origem dos solos; (b) o retorno dos resíduos vegetais; (c) o retorno das excreções dos animais em pastejo; (d) a aplicação de fertilizantes e corretivos; (e) suplementos alimentares e água de bebida dos animais; (f) nutrientes da atmosfera provenientes de precipitações pluviométricas, da fixação simbiótica e da fixação não-simbiótica. Dentre as saídas, destacam-se: (a) volatilização; (b) desnitrificação; (c) lixiviação; (d) percolação; (e) erosão; (f) fixação pelo solo; (g) exportação de produtos animais; (h) exportação de produtos vegetais.
Quando o sistema de reciclagem é interrompido pela derrubada e queima da biomassa, grande parte dos elementos não voláteis do ecossistema são colocados de uma vez sobre a superfície do solo, o que afeta fortemente as condições químicas da camada superficial do solo, produzindo uma diminuição da saturação de Al, um aumento do pH, das bases trocáveis (principalmente Ca, Mg e K) e do P.
Depois da derrubada e queima da biomassa, as pastagens estabelecidas apresentam excelente produtividade, devido ao aumento da fertilidade do solo, pela incorporação de nutrientes contidos nas cinzas. No entanto, no decorrer dos anos observa-se um declínio gradual em sua produtividade e incremento gradual de plantas invasoras. A qualidade e quantidade das cinzas está diretamente relacionada com a disponibilidade e composição química do material a ser incinerado.
No Amazonas,em área de floresta primária, estimou-se em 80; 82; 22; 19 e 6 kg/ha, as quantidades de N, Ca, Mg, K e P, respectivamente, contidas nas cinzas da biomassa incinerada. Em Manaus, foram registrados nas cinzas de uma floresta primária, teores de 7,81% de Ca; 2,31% de Mg; 2,51% de K e 0,51% de P, correspondendo, respectivamente, 286; 85; 92 e 19 kg/ha. Numa capoeira com 17 anos, constataram-se quantidades de 67 kg de N/ha; 75 kg de Ca/ha; 16 kg de Mg/ha; 38 kg de K/ha e 6 kg de P/ha. Aparentemente, as quantidades de nutrientes incorporadas ao solo, através das cinzas, seriam suficientes para assegurar padrões aceitáveis de produtividade das pastagens, por longos períodos, desde que sejam adotadas práticas de manejo adequadas e que sejam maximizados os processos de reciclagem de nutrientes. Para pastagens com uma produção média de 10 t/ha de MS, são subtraídos do solo cerca de 150 kg de N, 15 kg de P (34 kg de P205), 80 kg de K (96 kg de K2O) e 15 kg de Ca (21 kg de CaO); contudo, apenas uma pequena parte é exportada nos animais, outra parte vai diretamente para o solo via resíduos vegetais das plantas forrageiras e a maior parte volta para o solo através das fezes e urina dos animais. Avaliando a ciclagem de nutrientes em uma pastagem de B. humidicola, a Embrapa observou que as quantidades de P, K, Ca e Mg exportadas por bovinos em pastejo, supridos com sal mineral no cocho, foram muito pequenas, representando 31,5% de P; 0,86% de K; 20,7% de Ca e 1,46% de Mg, da somatória dos nutrientes consumidos na gramínea e no sal mineral. Dos 80,1 kg/ha/ano de nutrientes consumidos pelos animais, 74,39 kg/ha/ano retornaram ao solo e apenas 5,71 kg/ha/ano foram exportados pelos bovinos, para um ganho de 256 kg e peso vivo/ha/ano. A extração de N é de cerca de 9,7 kg/ha/ano para uma produtividade de 400 kg de peso vivo/ha/ano.
A dinâmica de nutrientes disponíveis em três diferentes solos com pastagens durante treze anos foi avaliada pela Embrapa Amazônia Oriental. O aumento da fertilidade propiciado pela queima da vegetação reduz-se no decorrer dos anos de utilização das pastagens. Os três tipos de solos apresentaram comportamento similar. A disponibilidade de Ca + Mg reduziu-se apenas nos 2 a 4 anos após a formação, permanecendo depois a níveis estáveis com disponibilidade acima do nível crítico para a produção de pastagens. Para o K, também observou-se uma redução nos primeiros 4 anos, com posterior estabilização a níveis em torno do nível crítico. O aumento de pH e a redução da saturação de Al, foram mantidos durante todo o período analisado.
A disponibilidade de P, depois da queima, reduziu-se indefinidamente com os anos de utilização, estabilizando-se em 1 mg/kg, nível igual ou inferior ao encontrado nos solos da floresta. A disponibilidade de P (1 mg/kg) está bem abaixo do nível crítico para produção de pastagens. Estudando a dinâmica de nutrientes no solo de floresta e pastagem, encontrou-se que a maior parte do P colocado na forma assimilável após a queima, passa rapidamente para a forma não disponível às plantas e citam como provável causa a adsorsão deste nutriente pelos polímeros de ferro e alumínio. Estes solos parecem não ter condições necessárias para reter, na forma disponível, quantidades de P maiores que o encontrado em seu estado natural.
No Acre, a Embrapa Rondônia, avaliando as características físico-químicas do solo sob pastagens degradadas de B. brizantha cv. Marandu, observou que a disponibilidade de MS (parte aérea e raízes), teores de Ca da gramínea e os teores de P, Ca, Mg e matéria orgânica do solo foram inversamente proporcionais ao tempo de utilização das pastagens, ocorrendo o inverso com relação à produção de MS das plantas invasoras, teores de K e Mg da gramínea e teores de alumínio e o pH do solo; os teores de N e P da gramínea não foram afetados pelo tempo de utilização das pastagens; a densidade aparente foi incrementada com o tempo de utilização das pastagens e com a profundidade do solo.
Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá
Quando o sistema de reciclagem é interrompido pela derrubada e queima da biomassa, grande parte dos elementos não voláteis do ecossistema são colocados de uma vez sobre a superfície do solo, o que afeta fortemente as condições químicas da camada superficial do solo, produzindo uma diminuição da saturação de Al, um aumento do pH, das bases trocáveis (principalmente Ca, Mg e K) e do P.
Depois da derrubada e queima da biomassa, as pastagens estabelecidas apresentam excelente produtividade, devido ao aumento da fertilidade do solo, pela incorporação de nutrientes contidos nas cinzas. No entanto, no decorrer dos anos observa-se um declínio gradual em sua produtividade e incremento gradual de plantas invasoras. A qualidade e quantidade das cinzas está diretamente relacionada com a disponibilidade e composição química do material a ser incinerado.
No Amazonas,em área de floresta primária, estimou-se em 80; 82; 22; 19 e 6 kg/ha, as quantidades de N, Ca, Mg, K e P, respectivamente, contidas nas cinzas da biomassa incinerada. Em Manaus, foram registrados nas cinzas de uma floresta primária, teores de 7,81% de Ca; 2,31% de Mg; 2,51% de K e 0,51% de P, correspondendo, respectivamente, 286; 85; 92 e 19 kg/ha. Numa capoeira com 17 anos, constataram-se quantidades de 67 kg de N/ha; 75 kg de Ca/ha; 16 kg de Mg/ha; 38 kg de K/ha e 6 kg de P/ha. Aparentemente, as quantidades de nutrientes incorporadas ao solo, através das cinzas, seriam suficientes para assegurar padrões aceitáveis de produtividade das pastagens, por longos períodos, desde que sejam adotadas práticas de manejo adequadas e que sejam maximizados os processos de reciclagem de nutrientes. Para pastagens com uma produção média de 10 t/ha de MS, são subtraídos do solo cerca de 150 kg de N, 15 kg de P (34 kg de P205), 80 kg de K (96 kg de K2O) e 15 kg de Ca (21 kg de CaO); contudo, apenas uma pequena parte é exportada nos animais, outra parte vai diretamente para o solo via resíduos vegetais das plantas forrageiras e a maior parte volta para o solo através das fezes e urina dos animais. Avaliando a ciclagem de nutrientes em uma pastagem de B. humidicola, a Embrapa observou que as quantidades de P, K, Ca e Mg exportadas por bovinos em pastejo, supridos com sal mineral no cocho, foram muito pequenas, representando 31,5% de P; 0,86% de K; 20,7% de Ca e 1,46% de Mg, da somatória dos nutrientes consumidos na gramínea e no sal mineral. Dos 80,1 kg/ha/ano de nutrientes consumidos pelos animais, 74,39 kg/ha/ano retornaram ao solo e apenas 5,71 kg/ha/ano foram exportados pelos bovinos, para um ganho de 256 kg e peso vivo/ha/ano. A extração de N é de cerca de 9,7 kg/ha/ano para uma produtividade de 400 kg de peso vivo/ha/ano.
A dinâmica de nutrientes disponíveis em três diferentes solos com pastagens durante treze anos foi avaliada pela Embrapa Amazônia Oriental. O aumento da fertilidade propiciado pela queima da vegetação reduz-se no decorrer dos anos de utilização das pastagens. Os três tipos de solos apresentaram comportamento similar. A disponibilidade de Ca + Mg reduziu-se apenas nos 2 a 4 anos após a formação, permanecendo depois a níveis estáveis com disponibilidade acima do nível crítico para a produção de pastagens. Para o K, também observou-se uma redução nos primeiros 4 anos, com posterior estabilização a níveis em torno do nível crítico. O aumento de pH e a redução da saturação de Al, foram mantidos durante todo o período analisado.
A disponibilidade de P, depois da queima, reduziu-se indefinidamente com os anos de utilização, estabilizando-se em 1 mg/kg, nível igual ou inferior ao encontrado nos solos da floresta. A disponibilidade de P (1 mg/kg) está bem abaixo do nível crítico para produção de pastagens. Estudando a dinâmica de nutrientes no solo de floresta e pastagem, encontrou-se que a maior parte do P colocado na forma assimilável após a queima, passa rapidamente para a forma não disponível às plantas e citam como provável causa a adsorsão deste nutriente pelos polímeros de ferro e alumínio. Estes solos parecem não ter condições necessárias para reter, na forma disponível, quantidades de P maiores que o encontrado em seu estado natural.
No Acre, a Embrapa Rondônia, avaliando as características físico-químicas do solo sob pastagens degradadas de B. brizantha cv. Marandu, observou que a disponibilidade de MS (parte aérea e raízes), teores de Ca da gramínea e os teores de P, Ca, Mg e matéria orgânica do solo foram inversamente proporcionais ao tempo de utilização das pastagens, ocorrendo o inverso com relação à produção de MS das plantas invasoras, teores de K e Mg da gramínea e teores de alumínio e o pH do solo; os teores de N e P da gramínea não foram afetados pelo tempo de utilização das pastagens; a densidade aparente foi incrementada com o tempo de utilização das pastagens e com a profundidade do solo.
Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá