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Economizar água


Arnaldo Calil Pereira Jardim
O pouco volume de água armazenada destinada ao abastecimento público na Grande São Paulo é consequência de condições climáticas excepcionais. As chuvas até agora vieram quatro vezes menos do que a média para o período e as altas temperaturas deste verão têm provocado um grande aumento do consumo. Na última segunda-feira (03/02), o Sistema Cantareira, que abastece 9,5 milhões de moradores na região metropolitana de São Paulo, chegou a 21,4% da sua capacidade - pior nível dos últimos dez anos. E nas grandes lojas de eletrodomésticos paulistanas, no fim do dia, faltavam ventiladores e aparelhos de ar condicionado.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está oferecendo um desconto na fatura para os cidadãos que diminuírem o consumo. Será preciso economizar água para que não falte de maneira generalizada nas residências, para setores essenciais, como hospitais, escolas, e repartições do serviço público. Eis aí um exemplo real de como estimular o consumo sustentável, em vez de impor a toda população um racionamento indiscriminado, tema sobre o qual escrevi no início deste ano (http://www.arnaldojardim.com.br/site/opiniao-do-deputado/index.php?id=207). Na verdade, o baixo nível dos reservatórios é preocupante em vários estados brasileiros e essa medida deveria ser adotada por outros governos estaduais e municipais.
O episódio que se vive agora evidencia que as práticas de consumo sustentável podem reduzir sobremaneira os custos sociais da utilização dos recursos naturais e minimizar drasticamente os incômodos sofridos pelas pessoas em consequência das rotinas do desperdício. Viver sem água é muito pior do que viver com a quantidade necessária e suficiente do recurso chave para a sobrevivência dos seres vivos.
Por conta desta visão e compromisso é que tratei por diversas vezes deste tema por meio de iniciativas legislativas. Foi assim quando relatei o anteprojeto da Constituição Paulista com a introdução no texto do conceito de bacias hidrográficas, e também na fixação de regras para consumo de água no Estado de São Paulo. Também agora como presidente da Frente Parlamentar da Infraestrutura daremos prioridade às iniciativas no setor de Saneamento Básico.
Não tenho aqui a pretensão de discorrer sobre a prática da justa economia. Mas, para sustentar meus argumentos, escolho alguns exemplos interessantes, extraídos do Manual da Cidadania Ambiental, por mim editado há vários anos. Recolher e aproveitar, por exemplo, são tendências fortes na busca de soluções para economizar água potável. A ideia é não perder a água da chuva que cai no telhado das casas ou dos edifícios. Se não for captada acabará se infiltrando na terra ou irá para o sistema de águas pluviais urbano, que se estiver sobrecarregado provocará o caos dos alagamentos.
Sabemos que a água da chuva captada nos telhados não é potável, mas é boa para vários usos, como descarga de vasos sanitários, lavagem de carros e calçadas ou irrigação de jardins. Em alguns casos, pode até ser usada na lavagem de roupas. A água das máquinas de lavar roupas podem ser utilizadas para lavar pisos ou  como descarga sanitária.
Na mesma linha de ações encadeadas, deve-se usar a vassoura e não a mangueira para varrer a calçada. A mangueira aberta por 15 minutos desperdiça 279 litros de água. E se você lavar a calçada uma vez por semana, mais de 14 mil litros de água irão para o bueiro por ano. Em 20 anos, mais de 290 mil litros, volume suficiente para matar a sede diária de 145 mil pessoas. Basta varrer para manter a calçada limpa.
Absurdo ainda maior é lavar automóveis, calçadas e pisos com água tratada ou deixar uma torneira pingando. Um buraquinho de dois milímetros de diâmetro no cano – um pouco maior do que a cabeça de um alfinete – desperdiça até 3.200 litros de água em um dia, volume que daria para matar a sede de uma família de quatro pessoas por cerca de um ano e um mês. Parece espantoso, não? E sobre isso você é diretamente responsável?
Nunca use o vaso sanitário como lixeira. Cada vez que você aciona a descarga para se livrar de papéis ou pontas de cigarro joga fora sem necessidade água limpa e tratada. Diminua também o tempo do banho. Se você mora em apartamento e seu banheiro tem ducha gastará em média 160 litros de água durante dez minutos. Mas pode tentar diminuir esse volume fechando o chuveiro para se ensaboar ou lavar os cabelos e economizará, em um ano, cerca de 30 mil litros de água. Se 60 famílias de um condomínio fizerem a mesma coisa, pouparão, em um ano, sete milhões de litros de água, o suficiente para encher quase três piscinas olímpicas. Mas se 5.000 famílias de vários prédios adotarem o mesmo hábito, economizarão, em um ano, o mesmo volume de água que despenca por cinco minutos das Cataratas do Iguaçu, no Paraná.
Como em geral você paga pela água que consome, busque mudar seus hábitos, conscientemente, sem deixar de suprir suas necessidades básicas e verá que o consumo consciente proporciona a você e a todos uma enorme economia, uma certeza de que está cuidando de si, da natureza do futuro!

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