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ASPECTOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL


Mario Hamilton Villela

Para a intensificação do processo produtivo rural, na busca de melhor qualificação dos recursos humanos que atuam no campo, e como decorrência de melhores índices de produção e produtividade, são, sem dúvida, necessários grandes investimentos básicos para o meio rural. Tais investimentos devem ser aportados ao campo pelo Governo. A falta destes estímulos governamentais tem levado o meio rural a deficiências gritantes. O Brasil não foge a esta regra geral. Os atuais baixos níveis salariais dos professores e dos técnicos científicos têm sido um dos grandes óbices aos desestímulos e aos precários índices de produtividade do setor. Com professores e técnicos pessimamente remunerados, não se pode esperar o melhor desempenho da agropecuária brasileira.

O ideal para o bom apoio ao homem do campo seria que serviços de extensão rural trabalhassem na mais estreita e mútua colaboração com as escolas rurais primárias. Esse trabalho conjunto auxiliaria e provocaria as tão necessárias mudanças, pois, desta forma, estar-se-ia levando conhecimentos, habilidades e destrezas que estas mudanças exigem para uma melhor eqüidade, sustentabilidade, rentabilidade e, sobretudo, competitividade no campo. Os baixíssimos salários e a falta de condições para o desenvolvimento pleno destes serviços (extensão rural e escolas rurais, notadamente, de primeiro grau) não permitem o desencadeamento normal, e em fluxo contínuo, destes fatores básicos e têm provocado a total falta de oportunidades de desenvolvimento para o campo. Isto tem gerado, como decorrência direta, um alarmante vazio no campo e um inchamento constrangedor nas periferias das grandes cidades. É lamentável que estes obstáculos, aqui relacionados, estejam provocando no País o ponto de estrangulamento do processo produtivo rural, especialmente, nas regiões mais pobres. Se os professores e os profissionais de Ciências Agrárias fossem, dignamente, remunerados e esses serviços (escolas rurais primárias e extensão rural), adequadamente, equipados, poder-se-ia, fazendo um investimento de baixo custo, porém, de extraordinário efeito multiplicador, conquistar a redenção socioeconômica do meio rural. Para a grande maioria da população rural, a passagem pela escola de 1º Grau é, indiscutivelmente, a única oportunidade que a classe tem de adquirir os conhecimentos básicos e necessários para transformar seus membros em cidadãos com maior capacidade produtiva e mais eficientes na orientação familiar e na participação comunitária. Agora, a nossa escola rural de 1º Grau não só deve ter professores capacitados e bem remunerados, como estar bem equipada e, principalmente, redirecionar seus currículos, com conteúdos e métodos voltados às verdadeiras necessidades e aspirações do meio rural. Esses são, indiscutivelmente, compromissos inadiáveis que qualquer administração pública deve ter para as atividades campesinas. Nenhum governo, em lugar algum, pode eximir-se desta responsabilidade, ainda mais, num país de dimensões continentais como o nosso e, portanto, eminentemente, de vocação agropecuária. Para concretização deste desiderato, não necessitamos de esperar que o Governo central, ou mesmo, os estaduais elaborem planos para tal.

A solução pode e deve ser resolvida, primeiramente, através de experiências de âmbito municipal ou comunitária, integrando esses dois suportes básicos (extensão rural e escolas rurais de 1º Grau), num mutirão de esforços conjugados, para formação de uma nova e vigorosa geração de habitantes rurais desejosos e capazes de promover o seu tão almejado desenvolvimento.

Dessa forma, estar-se-ia formatando a arrancada para a municipalização da agricultura.

Mario Hamilton Villela é engenheiro agrônomo e professor-mestre da PUCRS; e-mail: [email protected]

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