Apesar do novo Coronavírus, as perspectivas para o agro são boas em 2020
Por José Otávio Menten, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Eng. Agrônomo e Professor Sênior da ESALQ/USP
A pandemia da Covid-19 deve causar recessão em todo o mundo. No Brasil ainda temos o conflito entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A crise deve ser superior à de 1929. A previsão é de redução no PIB de todos os países, podendo chegar até -7%. O Brasil deve apresentar, em 2020, PIB de -4,2%.
Entre todos os setores da economia, o agronegócio é um dos que deve sofrer menos impacto. Enquanto alguns setores como vestuário, turismo, viagens aéreas e bares e restaurantes devem sofrer severos consequências, o agro (em especial alimentos) e assistência à saúde e medicamentos terão baixo impacto, podendo até apresentar crescimento em 2020.
No Brasil, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) estima crescimento “dentro da porteira” (VBP – Valor Bruto de Produção), em 2020, 7,6% superior a 2019: R$ 689,97 bilhões, sendo 65,7% (R$ 453,3 bilhões) para a produção vegetal (8,3% a mais que em 2019) e 34,3% (R$ 239,6 bilhões) para a produção animal (6,7% a mais que em 2019). As lavouras com maior aumento serão café (31,3%), milho (16,9%) e soja (12,9%).
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) estima crescimento ainda maior em 2020: produção vegetal de R$ 437,6 bilhões (11% a mais que em 2019) e produção animal de R$ 269,7 bilhões (10% a mais que em 2019), totalizando R$707,3 bilhões. Alguns setores, como de flores, alimentos perecíveis, etanol e algodão deverão ser mais impactados.
É o agro, mais uma vez, ajudando o Brasil a enfrentar uma das maiores crises de sua história.