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Algumas tendências econômicas para 2013



Argemiro Luís Brum
No cenário internacional, a crise econômico-financeira continuará, não havendo perspectivas de a mesma ser solucionada rapidamente. O fato novo nesse contexto é que os países emergentes começam igualmente a reduzir seu ímpeto econômico, com a China projetando um crescimento econômico de 7,4% ao ano e o Brasil de tão somente 1,5%. Além disso, cerca de 40 países no mundo estão hoje em situação “falimentar”, não havendo nenhum indicativo de formação de um consenso em torno de uma regulação do capital financeiro, causador particular da atual crise. Enfim, a demanda mundial continuará debilitada e os preços das commodities irão oscilar muito, com maior tendência a um declínio dos mesmos em função da incapacidade mundial de continuar pagando preços muito altos pelo alimento e os minérios que consome. No front nacional, nossa economia tende a crescer mais, podendo atingir a 3% ou 3,5%, embora dependa bastante do mercado externo. Isso ocorrerá, particularmente, se as safras agrícolas de verão forem normais no país e se os programas de incentivo ao consumo, oferecidos pelo governo, continuarem. Afinal, nossa aposta nos últimos anos, diante da freada do mercado externo, foi investir fortemente no mercado interno. Todavia, começa agora a existir um esgotamento parcial do mesmo. Não criamos um crescimento pela produção e sim pelo endividamento da sociedade, o qual elevou a inadimplência, esgotando parcialmente o processo. O crescimento negativo de nossa indústria (ao redor de 3,5% nos primeiros nove meses do ano) corrobora o fato de que apoios estatais a alguns setores da economia não surtem o efeito desejado. Assim, sem uma reforma estrutural em nossa economia e no Estado nosso sistema não tem fôlego para ir muito mais longe do que isso que hoje temos. Dito de outra forma, diante de uma necessidade de crescermos 7% ao ano, no máximo conseguimos chegar a 4%. Sem falar que, posteriormente, temos que gerar as condições para transformarmos tal crescimento em real desenvolvimento.
Algumas tendências econômicas para 2013 (II)
Ainda no curto prazo, teremos o desafio de conter a inflação, hoje ao redor de 5,5% ao ano. Isso não será simples, pois alguns reajustes de preços importantes estão sendo sinalizados neste final de 2012. Dentre eles o dos combustíveis. Ora, se a inflação continuar subindo o governo será obrigado a elevar novamente a Selic para contê-la, trazendo para cima os demais juros. Não será surpresa, portanto, em caso de inflação mais alta, terminar 2013 com uma Selic ao redor de 8,5%. Na área cambial, o governo fará de tudo para manter o Real entre R$ 1,90 e R$ 2,10, porém, muito irá depender da liquidez que o mundo terá no próximo ano. Caso os países em crise liberarem novos recursos públicos para recuperar suas economias, é provável que parte dos mesmos venha aportar no Brasil, valorizando o Real. Pelo sim ou pelo não, o fato é que, embora nosso importante avanço nos últimos 18 anos, não podemos mais continuar dependendo apenas da estabilização da economia. A mesma, hoje, já é insuficiente para crescermos a taxas necessárias e sustentáveis. Precisamos das reformas estruturais. Infelizmente, na estrutura política atual do país, as mesmas não sairão. Assim, mesmo que 2013 venha a ser um pouco melhor do que o ano que termina, isso não será suficiente para olharmos o futuro com tranquilidade. No fundo, precisamos de um novo choque de capitalismo, associado a um choque de bem-estar social de longo prazo, preparando o país para a economia mundial que renascerá da atual crise. Se não nos conscientizarmos disso e agirmos, manteremos a mesmice e o mercado se encarregará de selecionar os “vitoriosos”, definindo inclusive os rumos das economias regionais, com os custos sociais daí advindos. As possíveis tendências estão dadas. Cabe a nós escolhermos o caminho a trilhar.

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