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Agricultura e a política econômica


Amado de Olveira Filho

              Participando da 46ª Assembléia Geral da Federação Mundial de Bolsas "WFE",  em São Paulo, esta semana, o Ministro Guido Mantega afirmou que a reeleição do Presidente da República significa a manutenção da política econômica. Ou seja, nada de novo. Nada de recomposição da renda rural e ainda, essa afirmativa é a certeza de que até 2010 não retomaremos aos níveis de produção agrícola da safra plantada em 2002 e colhida em 2003.

Isto é péssimo para o Brasil e pior para o Centro-Oeste, onde a economia tem sua sustentação na agropecuária. Com a atual política econômica o Brasil despencou de uma produção de mais de 123 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas em 2003, para 119 milhões em 2004, 113 milhões em 2005 e 119 milhões em 2006. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu último levantamento, a safra do próximo ano poderá ser de 117 milhões de toneladas.

            Por outro lado a Conab compara a entrega de fertilizantes do mês agosto de 2006 com o mesmo mês de 2004, e verifica uma retração na ordem de 22,7%. Isto é grave, pois a safra plantada em 2004 proporcionou a pior colheita sob vigência da atual política econômica. Curiosamente o levantamento informa a causa da redução de entrega de fertilizantes, informando que foi determinada, principalmente, pelas dificuldades que os produtores rurais estão enfrentando nos dois últimos anos, marcado pela descapitalização, e pelo cenário de pouca utilização de insumos.

            É necessário esclarecer que os produtores rurais brasileiros fizeram a sua parte, utilizando menos insumos perderam produtividade, mas não reduziram a área de plantio no período, plantaram 43,9 milhões de hectares no ano de 2002, elevaram para 47,4 em 2003 e 49,0 milhões em 2004 quando foi colhida a pior safra agrícola brasileira durante o atual Governo. A quebra das safras no período é claramente explicada pelo próprio Governo, conforme apontou o levantamento da Conab.

            Outro destaque da entrevista de Guido Mantega em São Paulo, é que ele acha perfeitamente possível que o País cresça a taxas anuais de 5% nos próximos anos, (ao invés dos ridículos 2,3%) com expansão da taxa de investimentos e sem risco de pressões inflacionárias. Segundo o ministro, isto será possível porque o PIB potencial que significa a utilização plena de toda a capacidade de produção da economia já se encontrar neste patamar.

            Fico a imaginar, considerando o levantamento da Conab e as convicções do Ministro da Fazenda e, ainda a constatação da crise que envolve a utilização dos fatores de produção na agricultura brasileira que os números da Conab não são levados em conta pelo Governo. Essa política para a agricultura implicará na elevação de preços de produtos da cesta básica no primeiro semestre de 2007. É bom refletir sobre isto agora, para depois não tentarem responsabilizar os produtores rurais!

            Por outro lado, isto também explica a opção política manifestada, desde o primeiro turno destas eleições pela maioria absoluta dos produtores rurais em todo o Brasil. Destarte, àqueles que pelos fins justificam os meios, precisam saber que é a política econômica que pretendem manter que vem causando indigestão aos produtores brasileiros de alimentos.

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