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A inflação moderna, computadorizada e silenciosa que ataca o seu bolso



Cláudio Boriola

O mundo das finanças não é composto só de ações. Ele se torna também um jogo de paciência quando os números são aguardados. E diversos números e resultados são esperados não só por economistas, mas também pela população. Números como os do rendimento da poupança, taxas de juros e um outro índice que age diretamente sobre o bolso do consumidor: a inflação!

Num tom oficial, podemos dizer que a inflação é a queda do poder de compra do dinheiro ou, num tom mais prático, podemos afirmar que a inflação é sentida toda vez em que o consumidor entra no supermercado ou qualquer outro estabelecimento comercial e percebe que com a mesma quantidade de dinheiro não consegue comprar a quantidade de itens que comprava há um certo tempo. E pensar que o imperador romano Deocleciano já punia com a morte os comerciantes que elevavam seus preços sem permissão!

Nesse quesito, o Plano Real passou com louvor! Até 1995, a média anual da inflação vinha num crescente assustador: era de 19% nos anos 50, 40% nos anos 60 e 70 e foi para o topo do edifício dos 330% nos anos 80, a famosa década perdida da economia brasileira. Mas esse edifício era mais alto ainda, e a inflação alcançou galopantes 764% entre 1990 e 1995. Para se ter uma idéia, a inflação acumulada no ano de 1993 foi de 2.477%, contrastando com o acumulado de 2005, 5,69%. Com a adoção do Plano Real, pelo Presidente Itamar Franco e seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o índice caiu para 8,6%, média anual mantida até o ano 2000. Foi um alívio para quem viveu a época dos "fiscais do Sarney", consumidores que vestiram a camisa, viraram olheiros do Governo Federal e denunciavam os estabelecimentos comerciais que remarcavam seus preços de forma abusiva. Com certeza, não sentimos nenhuma falta dos barulhos daquelas maquininhas etiquetadoras que os funcionários utilizavam diariamente para aumentar os preços. Se bem que hoje a inflação age de forma mais moderna, computadorizada e silenciosa.

O resultado mensal da inflação divulgado pela imprensa é, logicamente, uma média. Dentre todos os itens analisados, há aqueles que sobem mais que o índice e até aqueles que têm queda de preço, mas não têm expressão para empurrar a média para baixo. Para se ter uma idéia, o acumulado da inflação entre 1994 e 2004 foi de 154,06%, mas as tarifas telefônicas subiram cerca de 706% nesse mesmo período. Essa disparidade acontece, entre outros motivos, pela diferença na medição dos preços, por diferentes institutos ou métodos de pesquisa. Os números mostrados foram o resultado de uma pesquisa da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), um índice mais próximo do dia-a-dia do consumidor. Já a correção dos preços da telefonia fixa é feita de acordo com o índice IGP (Índice Geral de Preços), da Fundação Getúlio Vargas, que é voltado para o atacado e também para os produtos de exportação, o que acaba alavancando o índice.

No mês de abril, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em 0,21%, o menor resultado desde agosto de 2005. Esse método compreende as famílias que têm até 40 salários mínimos de renda mensal, de onze capitais. O que causou a queda da inflação foi um menor aumento nos valores dos combustíveis e a queda nos preços de eletrodomésticos e aparelhos de TV, som e informática. Já os itens que subiram mais que a média foram os remédios, vestuário e energia elétrica. Todos os anos, o Governo Federal impõe uma meta para a inflação anual. Para este ano a meta é 4,5% e, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação deve bater os 4,33%.

Na hora de fazer suas compras, necessárias e bem planejadas, basta ter em mente que nem a mais alta inflação resiste a uma pesquisa bem feita e, além dela, a famosa pechincha, que ainda pode ser utilizada nas compras à vista.

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